Nesta segunda-feira (16), a atriz e escritora Fernanda Montenegro completa 94 anos. Ela é considerada a grande dama da dramaturgia brasileira e a maior atriz da história do país. Ao longo de sua carreira, já fez inúmeros trabalhos para o cinema, teatro e televisão e até hoje é a única atriz brasileira a ter sido indicada ao Oscar.
Primeiro emprego
Nascida como Arlette Pinheiro Esteves da Silva, na cidade do Rio de Janeiro, noBairro de Campinho, ela concluiu o curso primário e depois já se dedicou a uma formação para o trabalho. Junto aos estudos referentes ao ginasial, fez um curso técnico de secretariado e, aos 15 anos, inscreveu-se em um concurso para locutora da Rádio Ministério da Educação e Saúde, atual Rádio MEC.
Arlette ganhou o concurso e começou a trabalhar em um projeto chamado “Teatro da Mocidade”, que tinha o objetivo de buscar jovens talentos para atuar em radionovelas. Seu primeiro trabalho como radioatriz foi em “Sinhá Moça Chorou” e ela permaneceu na emissora durante dez anos. No início como locutora e depois como atriz. Inclusive, enquanto trabalhava nesse local que, ao se tornar escritora, decidiu adotar o pseudônimo de Fernanda Montenegro.
Início no teatro
Antes de ir para a televisão, Fernanda começou a carreira no teatro. Seu primeiro trabalho foi em 1950, na peça “Alegres Canções nas Montanhas”, junto a Fernando Torres, que ela conheceu na Rádio MEC e depois acabou se tornando seu marido. Em 1951, foi a primeira atriz contratada pela TV Tupi do Rio de Janeiro e, a pedido da emissora, precisou trocar o seu nome. Sendo assim, ela escolheu novamente Fernanda Montenegro, como é conhecida até os dias de hoje.
Na TV Tupi, participou de cerca de 80 peças entre 1951 e 1953. Em 1954, interpretou a sua primeira protagonista na telenovela “A Muralha” de Ivani Ribeiro, na Record TV. Já entre os anos de 1956 a 1963, Fernanda atuou em diversos teleteatros na TV Tupi de São Paulo e, em 1959, também fundou a sua própria companhia teatral junto a Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Luciana Petrucelli, Alfredo Souto de Almeida e Fernando Torres: a “Companhia dos Sete”. Ao longo de sua carreira no teatro, a atriz, considerada como a grande dama do teatro brasileiro, ganhou inúmeros prêmios.
Consolidação da carreira
Em 1963, foi contratada pela TV Rio e atuou em duas telenovelas, ambas de Nélson Rodrigues. Já em 1964, na Record TV, atuou em mais duas telenovelas e, em 1965, na recém-criada TV Globo, Fernanda participou do programa “4 no Teatro”, apresentando uma série de teleteatros. Na emissora, ela ainda atuou em duas peças de Janete Clair. E em 1964 estreou no cinema com a sua atuação no filme “A Falecida”, de Nélson Rodrigues.
Em 1965, fez mais uma novela na TV Tupi e, em 1967, foi para a TV Excelsior. Nesta emissora trabalhou nas novelas “Redenção”, “A Muralha” e “Sangue do Meu Sangue”, junto a Francisco Cuoco, Cláudio Correa e Castro, Nicette Bruno e Tônia Carrero.
Em 1970, a TV Excelsior faliu e Fernanda Montenegro ficou nove anos afastada da televisão. Durante esse tempo, trabalhou apenas no teleteatro “A Cotovia” para a TV Tupi e no programa “Caso Especial” para a TV Globo. Já em 1979, integrou o elenco da novela “Cara a Cara”, na TV Bandeirantes. Nessa época, a carreira de Fernanda Montenegro já era consolidada, mas ela se tornou conhecida pelo grande público apenas na década de 1980.
Reconhecimento nacional
Em 1981, Fernanda estreou como atriz nas novelas da TV Globo e, a partir de então, começou a ganhar um grande reconhecimento nacional. Neste mesmo ano, participou de “Baila Comigo”, de Manoel Carlos, e sua personagem Sílvia foi escrita especialmente para ela. Ainda em 1981, também atuou como a milionária Chica Newman na novela “Brilhante”, de Gilberto Braga.
Fernanda Montenegro como Sílvia Toledo, de “Baila Comigo”, em seu primeiro papel na TV Globo (Foto: reprodução/Globo/Gshow)
Já em 1983, a atriz protagonizou junto a Paulo Autran a novela “Guerra dos Sexos”, de Sílvio de Abreu. Os dois atuavam como os primos Charlô e Otávio e a novela foi um grande sucesso. Inclusive recebeu vários prêmios, como o de melhor atriz para Fernanda Montenegro.
Em 1986, ela participou da novela “Cambalacho” e em 1990 atuou em “Rainha da Sucata” e na minissérie “Riacho Doce”. Já em 1991 esteve em “O Dono do Mundo”, de Gilberto Braga, e em 1993 participou da primeira fase da novela “Renascer”, de Benedito Ruy Barbosa. Ainda no mesmo ano atuou na minissérie “O Mapa da Mina” e, em 1994, na minissérie “Incidente em Antares”. Já em 1997, foi a protagonista da novela “Zazá”.
Reconhecimento internacional
Em 1998, atuou no filme “Central do Brasil”, de Walter Salles. E em 1999, fez história ao se tornar a primeira e até agora única artista brasileira a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo seu papel no longa. Na época, ela acabou perdendo para a atriz Gwyneth Paltrow e muitas pessoas ainda acreditam que o prêmio deveria ter sido de Fernanda. Mas apesar de não ter ganhado o Oscar, ela ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim pela sua atuação como a personagem Dora, em “Central do Brasil”.
Ainda em 1999, a atriz atuou como Nossa Senhora na minissérie “O Auto da Compadecida”, uma adaptação da obra de Ariano Suassuna. Em 2001, atuou na novela “As Filhas da Mãe”, em 2002 na primeira fase de “Esperança”, em 2005 na premiada minissérie “Hoje é Dia de Maria” e na novela “Belíssima”, como a vilã Bia Falcão.
Já em 2008 participou da minissérie “Queridos Amigos”, em 2010 protagonizou “Passione”, em 2012 atuou em “As Brasileiras” e no final deste mesmo ano foi a protagonista de “Doce de Mãe” interpretando a Dona Picucha, personagem que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Emmy Internacional.
Fernanda Montenegro interpretando Dona Picucha, em “Doce de Mãe” (Foto: reprodução/Felipe Monteiro/Gshow)
Trabalhos mais recentes
Em 2013, Fernanda atuou no remake de “Saramandaia” e, em 2014, reviveu a sua personagem na série “Doce de Mãe”. Ainda no mesmo ano, atuou na novela “Babilônia” como Teresa, que mantinha um relacionamento homossexual com a personagem de Nathália Timberg e foi uma grande polêmica na época.
Já em 2017 aceitou o convite para atuar em “O Outro Lado do Paraíso” e em 2019 também atuou em “A Dona do Pedaço”, duas produções de Walcyr Carrasco. Ainda neste ano, lançou a sua autobiografia “Prólogo, Ato, Epílogo” em parceria com Marta Góes e com publicação da editora Companhia das Letras.
Em 2020, por conta da pandemia de Covid-19, Fernanda precisou dar uma pausa na carreira, mas acabou realizando um projeto familiar com a série “Amor e Sorte” e depois o especial de Natal chamado “Gilda, Lúcia e o Bode”, ambos junto com a sua filha e também atriz Fernanda Torres.
Em 2022, Fernanda Montenegro finalizou as gravações de seu novo filme “Dona Vitória”, que atualmente está em fase de pós-produção. A estreia está prevista para o ano de 2024, ainda sem uma data definida.
Foto destaque: Atriz e escritora Fernanda Montenegro. Reprodução/Leo Martins/Agência O Globo/Veja