A obrigatoriedade do uso de máscaras começa a cair progressivamente em vários Estados do Brasil. Mas a questão fica agora é se tem como deixar de usar máscaras.
Segundo especialistas os problemas não são os locais, mas os comportamentos, que mesmo em espaços abertos há casos em que o cuidado precisa ser mantido, mas que sim existem dados que podem basear a retirada das máscaras em determinados espaços.
“Menos de 1% dos eventos de transmissão ocorrem ao ar livre. Nessa ótica faz sentido [a liberação das máscaras em espaços abertos]”, diz Vitor Mori, pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19 BR.
“Quando temos uma situação com pessoas aglomeradas, falando próximas umas às outras, em um grande evento como um show ou um jogo de futebol, por exemplo, por mais que o risco seja pequeno (menos de 1%), esse índice aumenta por causa da quantidade de pessoas”, argumenta Melissa Markoski, professora de Biossegurança da UFCSPA e membro da Rede Análise Covid-19. “Então mesmo o risco sendo baixo, se temos mais pessoas conversando, por mais tempo, próximas umas às outras, você acaba permitindo a transmissão do vírus se não tivermos a barreira da máscara“, afirma Melissa.
“Temos que pensar em comportamentos de menos riscos, não locais”, acrescenta Klimeck.
Passageiros do metro com mascara (Foto: Reprodução/pixabay/theotherkev)
Mas especialistas defendem que em espaços fechados e com alta densidade de pessoas exigem o uso de máscaras. Por exemplo, países que liberaram, os governos ainda exigem o uso de máscaras em aviões, trens e outras formas de transporte público. No Rio de Janeiro, que foi liberado hoje (07), empresas de ônibus ainda recomendam a utilização do acessório.
Os imunologistas explicam que, como o vírus se espalha por microgotículas que são exprimidas por nós quando falamos e respiramos, quando o ambiente é fechado elas podem ficar por até duas horas no ar, tempo suficiente para serem inaladas por outra pessoa.
Os cientistas avaliaram que fatores como o uso de máscaras, o tempo de exposição, o nível de ventilação, a ocupação do lugar e o modo como as pessoas conversam em determinados ambientes, influenciam no grau de risco de contágio pela Covid-19.
Porém, é preciso avaliação particular dos riscos. Pessoas imunossuprimidas, com comorbidades, idosos, não vacinados, crianças, profissionais da saúde e outros trabalhadores (como do transporte público), são recomendados continuar com o uso de máscaras.
E para o especialista, os ambientes fechados deveriam ser os últimos a serem flexibilizados. A maioria das transmissão ocorrem em locais em que identificar a circulação do vírus é difícil, pois, por exemplo, são raros os espaços fechados que utilizam equipamentos de monitoramento de CO2, aparelhos que indicam a baixa circulação do ar e maior risco de permanência de aerossóis.
“A única medida preventiva que temos para a Covid-19 é o uso de máscaras. E estamos nessa corrida para liberar uma medida que é bastante efetiva e pouquíssimo custosa para a população”, diz Klimeck.
Foto destaque: Reprodução/Pixabay/Surprising_Shots