O diretor criativo de maquiagem da Dior, Peter Philips, fez uma aposta inusitada para o desfile da coleção de inverno 2024 da marca. Contrariando as tradicionais maquiagens mais sóbrias nas passarelas, Philips apostou em cores vibrantes para destacar o olhar das modelos.
Inspiração setentista
As estrelas de cinema italianas da década de 70, como Sophia Loren e Gina Lollobrigida, foram a inspiração de Peter Philips e Maria Grazia Chiuri para a coleção de inverno 2024 da Dior. A produção de Philips tem uma proposta “controlada e elegante”, segundo o próprio diretor.
Um enorme cenário temporário foi construído para esta temporada nos Jardins de Tuilerie, em Paris. As modelos foram maquiadas com detalhes fluorescentes rosa nos cantos internos dos olhos, enquanto se preparavam perante espelhos com redes presas na parte de trás de suas cabeças. Esta é uma forma de proteger os coques franceses estilizados pelo hairstylist britânico, Guido Palau, até as modelos pisarem na passarela.
De acordo com Palau, “Maria Grazia tem uma ótima sensibilidade para a beleza da mulher”. Ele conta que durante a preparação dos penteados da apresentação, Maria lhe mostrou um quadro repleto de referências vindas do cinema, que mostravam somente a parte de trás da cabeça das pessoas. Isso fez com que o hairstylist incorporasse um toque cinematográfico às suas produções.
“Parece que as modelos são personagens de um filme”, comentou Palau sobre o coque baixo com o cabelo penteado para trás. Apesar da similaridade, ele disse que o penteado “não é realmente um torcido francês ou uma prega francesa”, mas ainda assim, um “penteado muito elegante”. A nova Miss Dior, a grande musa inspiradora do desfile, deve transparecer poder e polidez. “Parece muito forte em sua simplicidade”, resumiu Palau.
O porquê da cor rosa
No mês passado, a marca adornou as modelos com delineador preto orgânico em seu desfile de haute couture. Havia ainda certa espontaneidade na aplicação da maquiagem à mão livre, apesar de não muito perfeita. A comprovação eram as mãos de Philips, visivelmente cobertas de pigmento rosa fluorescente à base de água, pigmento que ele mantém “como diversão” em seu kit pessoal.
O diretor explica que “o rosa não tem nada a ver com o desfile”, admitindo que a cor aplicada nos olhos em formato de pétalas de flor estava ausente na coleção de peças nas cores creme, dourado e denim e, em certos casos, estampadas com o nome Miss Dior pintado à mão. Rosa era uma das cores favoritas de Marc Bohan, o diretor criativo que passou 30 anos como designer responsável pela Dior e supervisionou o nascimento da linha feminina em 1967.
Neste ano, a musa Miss Dior está radiante, segundo Philips. Para dar concepção a essa mulher, ele usou o Dior Forever Glow Star Filter como base iluminadora e Dior Addict Lip Glow Oil 000 Universal Clear nos lábios. “É como se você acendesse a luz por dentro“, disse o diretor de maquiagem. O look não usa blush ou contorno e nem rímel, como de costume.
Philips, quando questionado se considerava um olhar sem máscara de cílios uma estética mais fashion, depois de temporadas pulando o item básico de maquiagem, apontou para a sensualidade do produto e sua capacidade de fazer a mulher “parecer mais atraente” para os homens. Ele brinca ainda, dizendo que o visual passarela “pode te conseguir uma capa [de revista], mas não vai te conseguir um encontro”. Para Maria Grazia, a primeira diretora criativa feminina da Dior, conhecida por suas declarações contra o patriarcado durante os desfiles da marca, isso pode ser uma jogada de poder.