A artista e empresária Preta Gil, de 49 anos, foi convidada para participar do programa Roda Viva, na TV Cultura, na última segunda-feira (4), em comemoração à semana da mulher. Durante o programa, a cantora falou sobre sua doença, pressão estética, carreira e ainda compartilhou o relato da sua experiência de quase morte em que a mesma foi ressuscitada e voltou a vida.
Câncer
Para quem não sabe, a cantora teve sua remissão de um câncer de intestino após longo tratamento que se encerrou recentemente. A mesma já afirma que o câncer mudou sua percepção em relação a vida. “Mudou sim minha percepção da morte. Não tira mais meu sono. Eu me cuido pra que tenha uma vida longeva, até quando Deus quiser “, diz ela. Além disso, ela afirma que não sente mais angústia em relação ao tema, e que a doença é capaz de humanizar a morte.“Te aproxima de verdade e você faz uma desconstrução”, completou ela, que ainda disse que teve uma experiência de quase morte (EQM), dando detalhes sobre o ocorrido.
“Quando tive a sepcemia (sepse), fazendo a quimio, foi divisor de águas, porque tive uma experiência de quase-morte, fui ressuscitada pelos médicos e voltei”, relembra a empresária. Além disso, Preta falou sobre como o apoio do pai, Gilberto Gil, foi importante em sua recuperação, que lhe aconselhava a se conectar com a natureza e a entender como a vida tem seu fim.
Em suas próprias palavras, “ele falou um monte de coisa que, na hora, eu não entendi. Mas de uma maneira muito poética, humana e afetiva, (…) sobre encarar a morte, a possibilidade de que a finitude poderia estar chegando pra mim. E que eu não tivesse medo, mas claro que fiquei apavorada. Mas naquelas noites muito difíceis em uma UTI, fui me conectando com a energia. A gente só morre porque vive” completou a cantora.
Pressão estética
Além da doença, a artista ainda é constantemente incomodada e atacada por mostrar suas cicatrizes e seu corpo e falou como se orgulha de suas marcas (decorrentes devido ao tratamento do câncer). Há uma no peito (por onde ela fez a quimioterapia), uma na barriga (devido a retirada do tumor) e uma na lateral (para o uso da bolsa de ileostomia).
Ela completou, dizendo que é preciso deixar de ser refém de rótulos e estigmas que são impostos às mulheres para que as mesmas se sintam diminuídas a todo o tempo, frisando a importância da liberdade. “Eu quero usar biquíni, postar, vou viver muito e vou me privar por que tenho uma cicatriz? A cicatriz se dá num corpo vivo e, se estou viva, passei por uma luta, a cicatriz é símbolo dessa vitória. Cicatriz é vida”, disse ainda.
Ela ainda falou sobre os avanços da luta contra a gordofobia, mas que ainda existem muitos aspectos a serem melhorados em relação ao tema. “É naturalizado a gente chegar em um ambiente e a pessoa dizer: ‘nossa, você emagreceu!”, como se fosse um elogio. Não devemos falar do corpo do outro, seja magro, gordo, azul, amarelo”, afirma a artista.
Finalizou falando da desconstrução de comportamentos machistas que até mesmo mulheres reproduzem e que luta há anos contra atitudes da sociedade que buscam restringir as mulheres a um formato ideal. Ressaltando que ainda há muita luta pela frente, e afirmando que ainda não chegamos no ideal, mas que já avançamos em comparação ao passado.