Um mês após o início das devastadoras enchentes no Rio Grande do Sul, cerca de 200 mil veículos foram perdidos, causando um prejuízo financeiro estimado em R$ 8 bilhões para o setor automobilístico. Além da crise econômica, o desastre também impõe desafios à política ambiental do governo estadual, com o risco de contaminação da água.
Setor automobilístico
As inundações em decorrência das fortes chuvas são responsáveis pela perda de cerca de 200 mil automóveis do Rio Grande do Sul, estima a consultoria Bright Consulting. Ainda de acordo com a organização, o setor de indústrias automobilísticas também foi impactado.
As fortes chuvas e inundações resultaram na perda de aproximadamente 200 mil automóveis no Rio Grande do Sul, conforme estimativa da consultoria Bright Consulting. A frota total do estado é de 2,8 milhões de veículos.
O impacto nas vendas de carros novos também foi considerável. De acordo com a Bright, o mercado nacional apresentou um decréscimo de 5,4% na semana passada, em parte devido à falta de compradores gaúchos.
A reposição dos veículos perdidos nas inundações exigirá um período de pelo menos 20 meses, segundo estimativa da consultoria. Além disso, estima-se que 3 mil veículos novos estocados em concessionárias também tenham sido inutilizados pela água.
As enchentes no Rio Grande do Sul causaram um estrago significativo no setor automobilístico. O presidente do Sincodiv-Fenabrave RS, Jefferson Fürstenau, estima a perda de mil veículos 0km, com um prejuízo total de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões. Esse valor inclui os custos com carros seminovos, depredação de prédios, mobiliário e sistemas elétricos das concessionárias.
Carros danificados, galhos e destroços são vistos em Cruzeiro do Sul após as enchentes que atingiram a região no estado do Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução/ Nelson ALMEIDA/ Getty Images Embed)
Danos ambientais
A alagação dos carros não causa apenas perdas econômicas, mas também gera preocupação ambiental. A professora Karina Ruschel, da PUC-RS, alerta para o risco de corrosão de materiais e vazamento de combustíveis, como gasolina e etanol, em que os veículos não recebam a destinação adequada.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura ainda não tem um panorama completo da situação, pois os níveis dos rios ainda estão altos e muitos veículos seguem submersos. No entanto, o órgão já publicou uma nota orientando os municípios sobre a destinação dos resíduos das enchentes.
Consequências para a economia
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) contabilizou 8,2 mil automóveis com indenizações comunicadas, totalizando mais de R$ 557 milhões. O valor do reparo depende do nível de dano, tempo submerso e tecnologia do veículo. Modelos mais simples podem ter maior chance de recuperação.
A perda total ou parcial será definida pelas seguradoras ou pelo Sincodiv-Fenabrave RS. Segundo André Moreira Cunha, da UFRGS, o setor automobilístico será “muito afetado no curto prazo”. Nem todas as apólices cobrem inundações, o que significa que muitos proprietários terão que arcar com o prejuízo sozinhos. Como consequência disso, a inadimplência deve aumentar, agravando o cenário econômico local. A recuperação dependerá de políticas públicas para reconstrução do estado.
No momento, não há um plano governamental para auxiliar na recuperação dos veículos danificados. Aqueles com perda total serão leiloados pelas seguradoras ou desmontados para fornecimento de peças. O futuro do setor se mostra nebuloso, com perdas ainda em avaliação e a necessidade de medidas urgentes para amenizar os impactos negativos.