Met Gala 2025: dandismo negro será o tema da próxima edição

A relevância da moda na formação de identidades negras na diáspora africana será levada pela primeira vez para o tapete vermelho em Nova York

Bianca P. Athaide Por Bianca P. Athaide
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Foto destaque: Lewis Hamilton, co-anfitrião da próxima edição do Met Gala, no evento em 2024 (Reprodução/Andrew Kelly/Reuters/Getty Images)

Com a promessa de explorar a importância estética e política da moda masculina na comunidade afro-americana, o Met Gala acaba de anunciar o tema de sua próxima edição: o dandismo do homem preto. Em 2025, de maio a outubro, a exposição “Superfine: Tailoring Black Style” e inspirada no livro “Escravos da Moda: o Dandismo Negro e o Styling da Identidade Diaspórica Negra” (2009), da professora norte-americana Monica Miller, irá explorar a formação de identidade e estilo pessoal do homens negros no último século. 

Explicando o dândi negro

A próxima edição é a primeira desde 2003 a abordar inteiramente a moda masculina, quando o tema abordado foi “Men in skirts”. Atualmente, é inegável que a magnitude de um evento como o Met Gala reúne uma maior quantidade de olhares do público graças às redes sociais, então um tema com um pauta social absurdamente importante, como a importância da roupa e do estilo na formação das identidades negras, já estava em quesito de necessidade para acontecer.


Dandismo negro será o tema da próxima edição do Met Gala/ Retrato de 1940-1950 (Foto: reprodução/The Metropolitan Museum of Art, New York)

Costumava-se denominar “dândi”, um homem de bom gosto e renomado senso estético, mas que não necessariamente pertencia à nobreza e a autora da obra que inspirou o tema de exposição, afirma em seu texto que o dandismo negro é uma forma tanto de construção estética quanto política.


Peça que fará parte da exposição “Superfine: Tailoring Black Style” (Foto: reprodução/The Metropolitan Museum of Art, New York)

Durante os séculos XIX e início do século XX, a população negra em territórios ocidentais enfrentava fortemente discriminação e exclusão social. Nesse cenário, em diversas formas e estéticas, o movimento dandi negro ganhou força. Vestir-se de forma elegante era um forma de protesto silencioso e não violento contra o racismo, ao mesmo tempo que desafiava os estereótipos raciais e as normas sociais impostas.


Frederick Douglass, figura importante no movimento abolicionista americano (Foto: reprodução/Getty Images)

O dandismo negro foi peça de estratégia importante em lutas abolicionistas, principalmente nos Estados Unidos. O exemplo mais famoso era o ativista Frederick Douglass, que usava de sua imagem fina e elegante, através do uso de peças refinadas, para reivindicar sua humanidade e dignidade.

Os co-anfitriões

Ao lado da tradicional onipresença da idealizadora do evento anual Anna Wintour, cada edição do Met Gala convida personalidades relacionadas ao tema como co-anfitriões. para 2025, os nomes selecionados foram: Lewis Hamilton, Pharrell Williams e A$AP Rocky, ao lado do presidente honorário, LeBron James.


Rapper A$AP Rocky (Foto: reprodução/Instagram/@asaprocky)

Cada convidado possui notoriamente um laço com o universo fashion e lutas raciais. Hamilton, elevou o estilo nos paddocks da Fórmula 1. LeBron James é um dos primeiros nomes que vêm à mente ao pensar na relação entre basquete e o universo da moda. A$AP Rocky é uma referência constante de estilo. E para finalizar, Pharrell é o atual diretor criativo da linha masculina da Louis Vuitton. Com esse time, a edição do Met Gala de 2025 promete ser uma das melhores dos últimos tempos.