Governo solicita explicações sobre projeto que escaneará íris de brasileiros

Iniciativa do criador do ChatGPT visa criar uma "identidade global" e retoma atividades no Brasil com promessa de recompensa financeira

Yasmin Souza Por Yasmin Souza
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Foto Destaque: Dispositivo Orb utilizado pelo projeto Worldcoin para escanear a íris de usuários (Reprodução/Juan Mabromata)

O governo brasileiro, por meio da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), está investigando o projeto “World”, liderado por Sam Altman, um dos criadores do chatgpt, que busca escanear a íris de cidadãos para criar uma identidade digital global. A ANPD busca garantir que a iniciativa esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e mantenha a privacidade dos brasileiros.

A operação será retomada no Brasil nesta quarta-feira (12), com postos de cadastro em São Paulo. A ação gera polêmica pela coleta de dados biométricos e já enfrentou suspensões em países como Quênia e Alemanha.


Sobre o projeto — (Vídeo: reprodução/ YouTube/ g1)

Identidade global: promessas e preocupações

O projeto “World” pretende oferecer aos cidadãos um “RG internacional virtual” escaneando a íris para criar um código único e intransferível. Com a promessa de facilitar verificações e evitar fraudes de identidade, a empresa afirma que o processo de coleta é seguro e que a imagem dos olhos dos usuários é temporária, sendo descartada após o registro do código. Como incentivo, cada participante receberá 25 Worldcoins, o equivalente a cerca de R$ 320.

Apesar das promessas, o projeto de Sam Altman já encontrou resistência em várias partes do mundo. Em locais como Quênia e França, autoridades questionaram o uso de dados biométricos e temporariamente suspenderam as atividades. No Brasil, a ANPD busca esclarecer o funcionamento da tecnologia e avaliar a conformidade com a LGPD para proteger a privacidade dos brasileiros.

Fiscalização da ANPD e possíveis desdobramentos

Para garantir que o projeto respeite as leis nacionais, a ANPD reuniu-se virtualmente com representantes da Tools for Humanity, empresa por trás do projeto, e enviou um ofício formal para obter mais detalhes. O foco da autoridade de dados é assegurar que o tratamento das informações biométricas, especialmente da íris, siga as normas brasileiras de privacidade.

Caso sejam encontrados riscos à segurança dos dados, a ANPD poderá recomendar ajustes ou até impor restrições à operação. A empresa, por sua vez, já busca parceiros para expandir a tecnologia de verificação de identidade no Brasil e em outros países da América Latina, incluindo Argentina, Chile, e México.