Lucas Lucco fala sobre preconceito no sertanejo por “furar a bolha”

O cantor menciona em seu perfil nas redes sociais que o cenário musical sertanejo ainda é muito preconceituoso, e sobre a enxurrada de comentários odiosos que recebeu por colaborar com uma drag queen

Esther Feola Por Esther Feola
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Foto Destaque: Lucas Lucco fala sobre preconceito no sertanejo por “furar a bolha” (Reprodução/Instagram/@lucaslucco)

O cantor e compositor Lucas Lucco compartilhou neste sábado (14), em suas redes sociais, como o mundo do sertanejo é preconceituoso e maldoso com aqueles que saem da caixinha pré-moldada tanto pelos artistas e produtores do meio, bem como pelos ouvintes.

Lucco inicia o vídeo comentando sobre a música “Vira Lata”, último lançamento do cantor de forró João Gomes, em parceria com Pabllo Vittar, a drag queen brasileira mais ouvida do Spotify. O dueto fez com que o cantor de sertanejo lembrasse do ano de 2017, quando sofreu uma onda extrema de ódio, por colaborar com a drag queen na música “Paraíso”.


Videoclipe de “Paraíso”, colaboração de 2017 de Lucas Lucco e Pabllo Vittar (Vídeo: reprodução/YouTube/@lucaslucco)

“Paraíso”: o encontro de Lucas Lucco e Pabllo Vittar no sertanejo

A ideia de trabalhar ao lado da cantora surgiu antes do estouro de Pabllo para o grande público: Lucas e Vittar moraram em Uberlândia durante um período, quando se conheceram e trocaram ideias pela primeira vez. O cantor conta ainda nos vídeos que, ao assistir vídeos de Pabllo dublando áudios na internet, encaminhou para o seu empresário informando que ele deveria investir na carreira dela, pois “vai dar muito bom no cenário pop”, comentário que foi desacreditado pelo empresário na época.

Lucas Lucco é um cantor de sertanejo branco e hétero, e segundo o mesmo, esses estigmas ficaram ainda mais em alta para o público por suas músicas, e por cantar sertanejo. Assim, conhecendo o trabalho de Pabllo, e confiando na qualidade da música que poderiam produzir, em 2017 foi decidido que o dueto sairia.

Um verdadeiro “primeiro passo em direção ao invisível”, como descrito pelo empresário, em especial no cenário do sertanejo, que possui muitos preconceitos e estigmas com o que foge de sua bolha e não segue o padrão que o público está acostumado há décadas.

O custo do pioneirismo

É dito pelo compositor diversas vezes em seu vídeo que ser o primeiro a “tomar as rédeas”, iniciar um movimento, ser pioneiro, lhe agrada. Todavia, o público e o sertanejo na totalidade não receberam de bom grado a música produzida pelo mineiro, fazendo com que o cantor tivesse de lidar com uma série de comentários repletos de ódio, simplesmente por cantar e feito um videoclipe ao lado de uma drag queen.

A colaboração com Pabllo abriu os olhos do cantor e lhe fez entender conceitos que outrora não compreendia tão bem, como, por exemplo, a discussão sobre esquerda e direita no meio da música, o cancelamento que o sertão faz com seus próprios artistas, mesmo que inconscientemente.

Lucco conta ainda que seu pioneirismo fez com que hoje, por exemplo, João Gomes não recebesse comentários dizendo odiosamente que gosta de homens, por cantar ao lado de alguém da comunidade LGBTQIAPN+.


Lucas Lucco fala sobre o pioneirismo no sertanejo (Vídeo: reprodução/TikTok/@lucaslucco)

Com orgulho e convicção, o vídeo é finalizado com uma fala sobre o propósito que criou em 2017 com sua colaboração com Pabllo Vittar, o qual será visto e entendido mesmo daqui a cinco décadas.