O Secretário do Interior dos Estados Unidos, Doug Burgum, assinou ontem (4) uma série de ordens que representam um retrocesso na proteção ambiental, impactando diretamente a Lei das Espécies Ameaçadas, a proteção de aves migratórias e a regulamentação de terras e águas federais.
As medidas, alinhadas à política energética do atual presidente Donald Trump, visam impulsionar a exploração de combustíveis fósseis e reduzir restrições ambientais. Entre as principais ações, estão a revogação de uma ordem de Joe Biden que impedia novas perfurações em áreas marítimas e a abertura de terras no Alasca para extração de recursos naturais.
“O dia de hoje marca o início de um capítulo emocionante para o Departamento do Interior”, afirmou o Secretário Doug Burgum.
“Estamos empenhados em trabalhar em colaboração para desbloquear todo o potencial da América no domínio da energia e no desenvolvimento económico para tornar a vida mais acessível a todas as famílias americanas, mostrando ao mundo o poder dos recursos naturais e da inovação da América. Juntos, vamos garantir que as nossas políticas refletem as necessidades das nossas comunidades, respeitam a soberania tribal e impulsionam a inovação que manterá os EUA na liderança energética e ambiental”
Doug Burgum
Exploração de combustíveis fósseis
Em seu primeiro dia no cargo, Burgum reuniu-se com líderes do Departamento do Interior e assinou seis ordens para acelerar a produção energética nos EUA.
As medidas seguem o lema energético de Trump, “drill, baby, drill” (perfurar, baby, perfurar), e têm como objetivo reverter a política ambiental dos democratas, descrita pelo ex-presidente como um “golpe verde”.
Além da expansão das perfurações, Burgum também pretende enfraquecer a proteção de terras públicas, reavaliando a extensão de monumentos nacionais como Bears Ears e Grand Staircase-Escalante, localizados em Utah.
Criados durante os governos de Bill Clinton e Barack Obama, esses monumentos foram reduzidos por Trump e posteriormente restaurados por Biden. A possibilidade de novos cortes tem sido criticada por tribos indígenas e ambientalistas, que consideram essas áreas essenciais para a biodiversidade e o patrimônio cultural.
Impacto ambiental
As ordens de Burgum incluem a revogação de regulamentações cruciais para a proteção de espécies ameaçadas, além da flexibilização de regras que restringem atividades de mineração e extração de petróleo em regiões sensíveis.
Junco de olhos escuros, uma das centenas de espécies de aves protegidas pela lei (Foto: reprodução/Emily Norton/Getty Images embed)
Outro ponto alarmante é a redução das proteções para aves migratórias, cujas populações já enfrentam declínio acentuado devido às mudanças climáticas, destruição de habitats e doenças. De acordo com dados federais, a América do Norte perdeu cerca de 3 bilhões de aves desde 1970, e muitas das 1.093 espécies protegidas pelo Tratado de Aves Migratórias estão em risco.
Com milhões de hectares sob sua administração, o Departamento do Interior tem um papel vital na preservação do meio ambiente. Porém, as novas diretrizes reforçam a postura da administração Trump de priorizar o desenvolvimento econômico em detrimento da conservação.