Banco Central argentino fecha parceria de US$ 20 bilhões com Tesouro Americano

O acordo sinaliza confiança dos EUA em Milei; mas levanta debate sobre a dependência argentina do apoio internacional, em especial do país norte-americano

21 out, 2025
Javier Milei, presidente da Argentina | Reprodução/Getty Images Embed/DANIEL DUARTE
Javier Milei, presidente da Argentina | Reprodução/Getty Images Embed/DANIEL DUARTE

Nesta segunda-feira (20), o Banco Central da Argentina anunciou a assinatura de um acordo de estabilização cambial com o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. O valor da parceria está avaliado em US$ 20 bilhões. Entretanto, o movimento levanta a questão da dependência argentina em outros países.

De acordo com a nota oficial divulgada pelo BC argentino, a iniciativa tem como objetivo “contribuir para a estabilidade macroeconômica da Argentina, com ênfase especial na preservação da estabilidade de preços e na promoção de um crescimento econômico sustentável.”. A medida oferece um respiro momentâneo de alívio à economia argentina, através de operações bilaterais de moedas.

Acordo entre os países

A iniciativa entre a Argentina e os Estados Unidos consiste na realização de operações bilaterais de swap de moedas entre as duas partes. Um swap de moedas consiste na troca de determinada quantia em uma moeda por outras, entre dois países ou instituições financeiras, com a promessa desse valor ser revertido em uma operação futura. 

No acordo atual, por exemplo, o Banco Central da Argentina recebe dólares dos EUA, e em troca, a Argentina entrega pesos aos EUA ou se compromete em devolver o valor em dólares, após um período acordado entre os países. De acordo com o BC argentino, o acordo permitirá ampliar o conjunto de instrumentos de política monetária e cambial, o que permite que as reservas internacionais da Argentina sejam fortalecidas.

A divulgação da iniciativa movimentou de forma imediata os mercados, com o peso argentino sendo valorizado. Além disso, as ações argentinas que estavam sendo negociadas em Nova York e os títulos internacionais do país tiveram alta, simbolizando sinais de otimismo por parte dos investidores. Apesar do entusiasmos, analistas apontam que o resultado positivo do swap depende da capacidade do governo argentino em implementar reformas estruturais e garantir apoio político interno.


Donald Trump e Javier Milei juntos (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Kevin Dietsch)

Caráter político

Contudo, no cenário político, o acordo figura como um teste de credibilidade para o governo de Javier Milei, que aposta no apoio externo dos EUA. Como relevado pela Forbes Brasil, o acordo entre os países sai da linha do gesto diplomático e se ressignifica como uma tentativa de estabilizar a economia argentina com apoio de Washington. Isso acende o debate sobre o real motivo e a dependência econômica da Argentina no apoio de outros países. 

A transição atraiu críticas por parte da senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts. Ela é autora da Lei de Não Resgate a Argentina – que tem como objetivo proibir que o governo Trump ajude os mercados financeiros e os investidores da Argentina. Em carta enviada ao secretário do Tesouro, Elizabeth julgou a iniciativa, afirmando estar preocupada com os planos de Trump de ajudar outro país em meio a paralisação de seu próprio. 

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