Simone descobri um segundo câncer ao fazer exames para tratar o primeiro

Edson Barbosa Por Edson Barbosa
4 min de leitura

Simone Barbosa, de 67 anos, se esforçou para seguir por três décadas as recomendações de rastreamento de câncer de mama passadas pelas organizações de saúde.

Depois de fazer um raio-x do tórax para checar se seu câncer de mama tinha metástase, foi descoberto por Simone um segundo tumor, ambos sem relação um com outro.

Diante dos números e das recomendações pela idade, Simone sempre colocava em sua rotina anual de exames sabendo que o risco da doença aumentava com a idade, Simone incluía a mamografia em seu check-up. Porém em 2020, devido aos muitos atendimentos dos médicos com a chegada da Covid-19, ela não conseguiu realizar os exames.

No Brasil, é recomendado que as mulheres iniciem os exames de mamografia aos 40 anos, mesmo se não houver casos de câncer na família, de acordo com entidades como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Já o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde apontam que o marco deve ser a partir dos 50 anos.

Eu já estava incomodada com a situação, então, quando as coisas melhoraram um pouco em 2020, fui atrás e logo passei pelo check-up“, conta Simone.

Simone conta que a mamografia feita na época indicou um pequeno nódulo na mama, que, ao passar pela biópsia, foi informado ser um tumor maligno.


Simone acompanhada de seu marido durante o tratamento. (Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal)


A surpresa, conta o médico, é que no raio-x do tórax, um dos exames pedidos para o estadiamento, foi encontrado um nódulo pulmonar.

Depois desse diagnóstico, como habitualmente se faz, partimos para o estadiamento do câncer, isso é, a avaliação da possível disseminação da doença. Nos casos de tumores da mama, o mais comum é que as metástases se espalhem por fígado, ossos e pulmão, então focamos primeiro em investigar essas áreas“, explica Leonidas Noronha, mastologista e cirurgião oncoplástico que acompanhou o caso de Simone.

Como esse exame é simples, não dava para saber só olhando para a imagem se a massa era de um tumor primário [outro câncer, sem relação com o de mama ou uma metástase.”

Depois de uma tomografia, o médico especialista recebeu uma imagem do tumor, grande, de cerca de quatro centímetros, que apontou para o caso de um tumor primário, o que depois foi confirmado, por biópsia.

Em mais de 30 anos de mastologia, Simone foi a primeira paciente em quem vi um tumor de mama e pulmão ao mesmo tempo.”

Noronha explica que, o quadro de dois cânceres que não têm relação um com o outro, e é chamado de tumores sincrônicos, considerado bastante raro.

Não há uma resposta única do por que isso acontece. Pode ter relação com uma predisposição genética, mas isso só poderia ser confirmado com exame de sequenciamento de DNA.”

Simone conta que a surpresa dos dois tumores foi ainda maior por ter apenas um caso conhecido de câncer em sua família, uma irmã que enfrentou a doença na bexiga. Porém ela, era fumante, e o tabagismo é o considerado o principal fator de risco para esse tipo de tumor.

 

Foto destaque: Reprodução/Arquivo pessoal via BBC

Deixe um comentário

Deixe um comentário