A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) por meio do trabalho de pesquisa realizado pelo grupo de paleontólogos que fazem parte da comunidade acadêmica, realizou a descoberta de fósseis de nova espécie pré-histórica de 233 milhões de anos. A descoberta se deu após escavações realizadas no sítio fossilífero Pivetta, em Restinga Sêca, região central do Rio Grande do Sul. Os fósseis foram encontrados no local, que pertence ao Geoparque Quarta Colônia, território que abrange nove municípios. Pelos paleontólogos, a nova espécie recebeu o nome de Amanasaurus Nesbitti e tem cerca de 233 milhões de anos de idade. Os achados foram considerados importantes para o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM, uma vez que a Restinga Sêca é uma cidade que não tem espécies de dinossauros registradas oficialmente.
Paleontólogos da UFSM escavando no Geoparque Quarta Colônia (Reprodução: Foto Janaína Brand Dillmann/UFSM)
Amanasaurus Nesbitti
O nome tem origem etimológica e se deve por duas razões principais, segundo o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da UFSM. A palavra “Amanasaurus” significa “lagarto de chuva”, que é a combinação das palavras “amana” (chuva, em tupi) e “saurus” (lagarto, em grego). O nome foi escolhido porque a época em que a espécie viveu foi marcada por período de chuvas e umidade, chamado de Evento Pluvial Carniano. Já o segundo o nome, “nesbitti” é pelo fato de fazer referência ao paleontólogo estadunidense Sterling Nesbitt, considerado um dos principais responsáveis pelas pesquisas sobre o grupo ao qual a nova espécie pertence, os Silesauridae.
Os materiais coletados pelos pesquisadores do Amanasaurus Nesbitti, incluem restos das pernas de dois espécimes. Segundo estimativas usando os fósseis do maior deles, o animal teria cerca de 1,3 metros de comprimento. Uma análise dos ossos dos espécimes concluiu que o animal de fato pertenceu ao Silesauridae, grupo que explica a origem dos dinossauros, já que segundo alguns dos pesquisadores envolvidos na análise, eles seriam seus parentes mais próximos. No entanto, outro grupo de pesquisadores acredita que, os silessauros seriam dinossauros “verdadeiros” e que estariam na posição no tocante à árvore evolutiva, do grupo de dinossauros com chifres e armaduras.
Rodrigo Temp Muller, paleontólogo e coordenador da pesquisa, disse: “Mesmo que ele venha a ser parente próximo dos dinossauros, e não um dinossauro verdadeiro, ele continua sendo um réptil”. Para ele, “todo membro do grande grupo que inclui dinossauros e formas próximas pode ser tratado como réptil”, ressaltou. As descobertas conduzidas por ele, contaram também com Maurício Silva García, doutorando do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Animal da UFSM. Elas foram publicadas na terça-feira (11) em artigo com título “A new silesaurid from Carnian beds of Brazil flls a gap in the radiaton of avian line archosaurs”, no período científico Scientific Reports.
Foto Destaque: Fósseis de Amanasaurus Nesbitti. Reprodução: Foto:Rodrigo Temp Muller/UFSM.