FIV: o destino da onça-parda diagnosticada com Aids felina

Camilla Oliveira Por Camilla Oliveira
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Desde fevereiro de 2022, quando foi capturada por atacar um galinheiro em Sana, localizada na APA de Macaé de Cima, uma onça-parda está impossibilitada de voltar ao seu habitat natural. O animal foi diagnosticado como possível portadora do FIV, uma infecção originada pelo vírus da imunodeficiência felina.

A onça havia sido resgatada por técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e pelo veterinário Jeferson Pires e estava em condições precárias, sem água e comida, pois havia sido aprisionada ilegalmente pelo dono da propriedade na qual o animal atacou as galinhas. O estado do puma era preocupante, ele estava pesando 8kg e estava desidratado, desnutrido e com parasitas.

Inicialmente, o plano era soltura do bicho após o resgate. “A ideia era soltá-la de imediato. Mas sempre fazemos exames antes e esse animal estava debilitado. Um dos testes padrões que fazemos é o de anticorpos para o FIV, que infelizmente deu positivo.” Informa o veterinário Jeferson Pires. 


Onça-parda com Aids felina – (Reprodução: Márcia Foletto/Agência O Globo)  


O FIV, ou Aids felina, são doenças comuns em gatos domésticos e podem passar a vida dos bichanos sem se manifestar. A teoria é de que a onça-parda tenha tido contato com algum gato acometido pelo vírus, seja por arranhão ou sangue. Testes mais precisos estão sendo executados para a total confirmação da presença do vírus no animal.

Atualmente, a onça está sob os cuidados do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Cetas/Ibama), mas a sua permanência é impactada pela infraestrutura do órgão. “A gente trabalha com conservação de espécie e não de espécimes. Mas é duro ver um animal belíssimo, forte e jovem quanto esse nessa situação. A eutanásia é o último recurso, enquanto puder, vamos segurar, claro. Mas é muito caro manter uma onça e não temos espaço adequado nem recursos.” Destaca Leandro Nogueira, veterinário e chefe do Cetas/Ibama.

O destino da onça-parda está nas mãos das autoridades ambientais, que podem decidir se o animal será eutanasiado e de algum instituto ou órgão que possa recebê-lo e que tenha estruturas para a permanência de uma animal silvestre.

Pesquisas sobre o desenvolvimento do FIV estão sendo efetuadas com o objetivo de identificar o comportamento no vírus em animais silvestres. Se caso for comprovado que não haverá manifestação e nem perigo para a onça e para a espécie, o animal estará apto para a soltura supervisionada.  

Foto Destaque: Onça-pintada diagnosticada com FIV, a Aids felina. (Reprodução: Márcia Foletto / Agência O Globo)

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