Acne: usar colírio para suavizar espinhas, pode causar alergia e irritação na pele

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
11 min de leitura

Um novo vídeo do TikTok apresenta um truque incomum contra a acne: o uso de colírio. A prática segundo o vídeo do tiktoker Bree Martin, que já tem mais de 2,4 milhões de visualizações, suaviza as espinhas e funciona em poucos minutos. Mas a médica dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, alerta que o truque pode provocar efeito rebote (quando a acne tem uma melhora momentânea seguida de uma piora do quadro) e ainda irritar e causar alergia à pele. “Se for usado um colírio com antibiótico poderia até amenizar espinha, mas de forma alguma essa prática deve ser incentivada, uma vez que os antibióticos que agem nas bactérias que causam conjuntivite, por exemplo, não são os mesmos antibióticos que vão combater as espinhas, porque as bactérias presentes nas espinhas são outras. Então, além de talvez não funcionar, pode ainda deixar a pele irritada, predispondo a um quadro de alergia e dermatite, porque o veículo do colírio é específico para ser usado nos olhos, enquanto o veículo das pomadas e cremes de acne são específicos para a pele”, enfatiza a médica.

A acne é uma verdadeira epidemia e os pacientes buscam formas alternativas de combater o problema, uma vez que sofrem com problemas de autoestima. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a doença afeta 80% dos brasileiros entre 15 e 25 anos, mas fatores genéticos, hormônios e alimentação podem levar ao surgimento das temidas “espinhas” em qualquer idade. “Inclusive, nos últimos 20 anos, aumentou e muito o número de mulheres com mais de 25 anos de idade com acne no Brasil. Atualmente, 40% das mulheres adultas acima de 25 anos têm acne! Portanto, na vida adulta, a acne é muito mais frequente nas mulheres do que nos homens (são 3 mulheres afetadas para cada homem na idade adulta)”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “A acne, apesar de não envolver maiores riscos para a saúde sistêmica do organismo, tem um impacto psicológico significativo, mesmo quando leve, e afeta a qualidade de vida do paciente e a autoestima, além de poder gerar quadros de ansiedade e até depressão. Por isso, não deve ser subestimada e sempre deve ser tratada por um dermatologista”, acrescenta a médica. Abaixo, selecionamos algumas dicas do que é efetivo para controlar as lesões:

Medicamentos tópicos e orais: O tratamento tópico mais recente com comprovação científica para controle de acne moderada à severa, prevenção e redução das cicatrizes atópicas e boa tolerância pelos pacientes é a associação de adapaleno com peróxido de benzoíla, segundo a dermatologista. Essa associação é encontrada em alguns géis de venda livre em farmácia, mas a orientação do dermatologista é fundamental. No caso dos medicamentos orais, a Dra. Paola explica que o tratamento curativo para casos severos continua sendo o tratamento via oral com isotretinoína, que reduz a glândula sebácea a fim de inibir a produção de sebo.

Skincare: O primeiro passo é a limpeza da pele com produtos com ácido glicólico, com ação esfoliante, ou o salicílico. “O ácido salicílico é muito utilizado para o tratamento da acne porque auxilia no controle da oleosidade e no tamanho dos poros”, diz a dermatologista Dra. Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Logo depois vem a hidratação. “A pele com acne apresenta um defeito intrínseco na barreira cutânea: alteração da produção de ceramidas. E por isso, quando não hidratada, apresenta ressecamento e maior inflamação, piorando a acne. Portanto, devemos hidratar a pele independente da acne, com produtos específicos para pele oleosa e/ou acneica.

Assim, a barreira cutânea é reestabelecida e, diferente do que se acreditava antes, a pele acneica hidratada apresenta maior melhora da acne quando tratada”, diz a Dra. Paola. Quanto à proteção solar, uma verdade inconveniente é que o filtro solar pode piorar a acne, mas isso acontece no uso de produtos inadequados. Mas deixar de usar o protetor solar não é uma opção: “Quem tem acne tem mais chance de manchar a pele, mesmo sem cutucar as lesões. A própria espinha causa uma inflamação na pele, que pode resultar em uma mancha escura com a exposição solar”, diz a Dra. Cintia.  “Alguns protetores são muito cremosos e oleosos e formam uma barreira na pele, dificultando a saída da secreção sebácea. Se a glândula sebácea fica cheia, ela pode inflamar, causando os cravos e as espinhas. Consulte um dermatologista para saber qual o melhor protetor solar para você”, explica a dermatologista Dra. Cintia Guedes. “A pele oleosa tem maior chance de ter acne. Se o protetor solar tem controle de oleosidade, com sílica, por exemplo, a pele fica mais seca ajudando no tratamento”, acrescenta.

Máscaras: Controlar a oleosidade da pele é fundamental para quem tem acne e essa é uma tarefa que pode ser efetiva com o uso de máscaras. “O carvão ativado é um poderoso ingrediente de origem mineral que possui uma série de propriedades benéficas para a saúde e beleza da pele do homem, como controle e absorção da oleosidade e eliminação das células mortas da superfície da pele e do interior dos poros. Quando esse ativo está em uma máscara facial, que fica mais tempo em contato com a pele, como é o caso da Máscara Black Rednek, o produto também previne e remove cravos e reequilibra a saúde do tecido cutâneo, assim garantindo brilho e maciez à pele”, diz Ana Paula Kasher, diretora comercial da B.URB. “Essa máscara também traz colágeno em sua composição, que possui propriedades hidratantes e condicionantes da pele. Dessa forma, o carvão também confere propriedades clareadoras da pele, contribuindo para a uniformização do tom da pele”, explica.

Suplementação para controle da inflamação: Segundo a farmacêutica Patrícia França, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, é comum o quadro de acne também estar relacionado à inflamação no intestino, principalmente pela dieta e estado emocional e nervoso do paciente. “Nesse caso, a suplementação com Fosfolipídeos de Caviar (F.C Oral), rico em ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) ômega 3 (DHA e EPA), Astaxantina e vitamina E, atua diminuindo a produção de sebo, por sua ação na glândula sebácea, além de diminuir a inflamação e também formar uma barreira epidérmica íntegra e hidratada, uma vez que a acne e alguns tratamentos sistêmicos promovem um ressecamento da pele e uma perda transepidérmica de água”, explica a farmacêutica, que destaca que a suplementação também pode contar com probióticos orais associados e Glycoxil, um peptídeo que irá auxiliar na diminuição do açúcar no sangue.

Ajuda de consultório: “Em termos de tecnologias, foi aprovado recentemente nos Estados Unidos, pelo FDA, o primeiro laser que trata a acne leve a grave. Esse laser tem como alvo o ‘sebo’. O nome desse laser é Aviclear. Ele tem como alvo o sebo da glândula sebácea e o laser suprime seletivamente a glândula sebácea e elimina a acne. Ainda não há previsão de quando esse laser chegará no Brasil”, destaca a médica. Por enquanto, há tecnologias adjuvantes que podem ser usados. Uma opção é Derma Shower, um tratamento de plasma frio que capta oxigênio do ar ambiente e o converte em ozônio e pode ser usado para acne, pois tem propriedades bactericidas e bacteriostáticas (impede o crescimento das bactérias), o que colabora para o tratamento da acne, segundo o Dr. Abdo Salomão Jr., dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Outra ajuda pode vir do procedimento de hidrodermoabrasão do HydraFacial, capaz de limpar os poros sem machucar, ajudando a tratar a acne em sessões de 30 minutos. Segundo estudo publicado no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, a tecnologia HydraFacial é capaz de contribuir para a melhora da acne leve e moderada, com 100% dos pacientes apresentando pele mais limpa e menos inflamada após uma série de tratamentos com a exclusiva tecnologia Vortex-Fusion combinada à aplicação de LED azul, que possui ação bactericida. “O Vortex-Fusion®️ é uma tecnologia patenteada do HydraFacial que gera um efeito de vórtice para expelir e remover facilmente as impurezas da pele enquanto confere hidratação, o que é o principal ponto para diferenciar a experiência de uma microdermoabrasão ou limpeza de pele – que cutucam, lesionam e fazem a pele arder. Hydrafacial, pelo contrário, não machuca, não resseca, não tem tempo de inatividade. É um procedimento completamente indolor”, afirma a dermatologista Dra. Mônica Aribi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Para quem já sofre com cicatrizes de acne, a tecnologia do Eletroderme, uma radiofrequência microagulhada, pode ser indicada segundo o Dr. Abdo. “As microagulhas ultrapassam a primeira camada da pele e liberam radiofrequência profundamente, para estimular colágeno e refazer as fibras rompidas pela acne”, diz o Dr. Abdo.

Como diferentes fatores influenciam para a escolha de um tratamento tópico ou sistêmico, é fundamental consultar um médico. “A alimentação e os hábitos de vida influenciam a acne e devem ser incentivados: evitar dieta rica em alimentos com alto índice glicêmico e laticínios, tabagismo, exposição excessiva aos raios solares e cosméticos inadequados para pele oleosa e acneicas”, finaliza a Dra. Paola.

Foto Destaque: Reprodução

Deixe um comentário

Deixe um comentário