Mano Menezes retorna ao Corinthians em meio a disputa política

Alanis Zamengo Por Alanis Zamengo
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No meio de uma intensa disputa política e apenas dois meses de uma eleição presidencial crucial, Mano Menezes faz seu retorno ao Corinthians. O técnico agora assina um contrato que se estende até dezembro de 2025, tendo um vínculo de aproximadamente dois terços do próximo mandato presidencial do clube. No entanto, a extensão do contrato está gerando controvérsia, com divergência quanto às condições dessa contratação.

Apoio e descontentamento

Mano Menezes volta para o Corinthians respaldado pelo ex-presidente Andrés Sanchez e pelo candidato André Negão, que representa o grupo da situação nas eleições deste ano. Antes mesmo da votação, Mano já era considerado o favorito para assumir o comando do clube em 2024, caso a chapa de André Negão prevalecesse nas eleições programadas para o dia 25 de novembro.

Em uma declaração oficial, André Negão enfatiza que a seleção de um treinador não deve ser motivada por oportunismo eleitoral. Ele argumenta que a manutenção de Vanderlei Luxemburgo, que não conseguiu estabelecer um padrão eficaz para a equipe, seria contraproducente.

Ainda na declaração, André Negão destaca que o atual presidente do clube, Duílio Monteiro Alvez, possui não apenas o direito, mas também a responsabilidade de escolher um treinador de alta qualidade. Ele enfatiza que Mano Menezes, devido à sua história no Parque São Jorge e no futebol brasileiro, merece respeito e é uma opção válida para essa posição.

Entretanto, a oposição expressa preocupações em relação ao modelo de contratação de Mano Menezes. Augusto Melo, candidato que ficou em segundo lugar na eleição vencida por Duílio, vê o contrato de longo prazo como um gesto de desrespeito em relação ao Corinthians.

Em resumo, Augusto Melo declara que Mano não era sua primeira opção como treinador, pois ele buscava alguém para liderar um projeto de três anos. Ele planeja avaliar o desempenho do técnico até o final do ano, considerando as condições contratuais, como a presença de cláusulas de rescisão, antes e decidir se manterá ele no ano seguinte, caso sua chapa seja eleita.

A oposição emitiu um comunicado oficial na qual classificou o contrato de longo prazo como “falta de sensatez” e argumentou que a decisão sobre o treinador para os anos posteriores a 2023 deveria ser deixada para o próximo presidente do time.

Duílio Monteiro Alves, o atual presidente, demonstrava hesitação em estabelecer contratos de longa duração que ultrapassassem o seu mandato. Isso é evidenciado pelo grande número de jogadores com vínculos terminando em dezembro, incluindo titulares como Gil, Maycon e Renato Augusto. No entanto, essa política foi exceção no caso de Mano Menezes.

O Corinthians esclarece que Duílio Monteiro Alves é o presidente em exercício e, portanto, a autoridade responsável por tomar as decisões até o final deste ano.

O time destaca que, apesar do período eleitoral, o Timão continua operando normalmente. Contudo, a decisão de contratar Mano Menezes foi feita exclusivamente pelo atual presidente, que acredita que esta é a melhor escolha para o clube no momento presente.


Mano Menezes comandando seu primeiro treino no Corinthians, nesta quinta-feira (28), após seu retorno (Foto: reprodução/Rodrigo Coca/Agência Corinthians)


Mano Menezes e a política do clube

Para Mano Menezes, não é estranho ficar no meio de conflitos internos no clube. Em 2014, ele deixou o Corinthians justamente devido a uma mudança de diretoria. Embora tenha sido contratado durante o último ano do mandato do presidente Mário Gobbi, seu sucessor, Roberto de Andrade, optou por Tite como treinador ao final da temporada e efetuou a troca.

O técnico afirmou em sua última entrevista concedida ao Corinthians em dezembro de 2014, que era capaz de discernir quando era desejado e quando não era desejado no clube, refletindo sua percepção sobre a dinâmica política e as mudanças de direção que afetaram sua permanência no time.

Declaração oficial de Augusto Melo

Em declaração oficial, a Frente Ampla da Oposição afirma que, sob a liderança do candidato à presidência do Corinthians, Augusto Melo, manifesta mais uma vez sua insatisfação em relação à maneira como a diretoria do clube conduziu, nos últimos dias, a substituição do treinador da equipe de futebol masculina.

“A menos de dois meses das eleições, muitos consideram que a escolha de um treinador, um elemento crucial na construção do planejamento da próxima temporada, deveria ser uma responsabilidade delegada ao próximo presidente. Ou, no mínimo, seria um gesto de grandeza deixar de lado as questões políticas e pessoais, reunindo os candidatos para definir um nome de consenso para essa posição”, declarou.

No entanto, a oposição argumenta que termos como grandeza, planejamento e bom senso claramente não caracterizam o grupo liderado por Andrés Sanchez, que há 16 anos parece tratar o Corinthians como sua propriedade pessoal. E que como resultado, muitos veem a recente troca de treinadores como mais um exemplo de má administração, evidenciando a incompetência dos atuais dirigentes. O Corinthians, com a chegada a seu quinto técnico no Campeonato Brasileiro, enfrenta um cenário desafiador.

Em entrevistas anteriores, Augusto Melo fez questão de expressar seu respeito pelo profissionalismo de Mano Menezes, mas também deixou claro que o treinador não era sua primeira escolha para liderar o Corinthians. Isso significa que tanto a diretoria quanto o próprio Mano Menezes tinham conhecimento dessas preferencias quando concordaram em firmar negócio.

Declaração oficial de André Negão

Em declaração oficial, André Negão diz que é fundamental deixar de lado os excessos emocionais, reações impulsivas e oportunismo eleitoral quando se trata do Corinthians. Ele questiona o que seu adversário estava buscando: “A continuação de um treinador que havia perdido a confiança do elenco e não conseguia estabelecer padrão de jogo claro?”. André segue comentando que Duílio não tem apenas o direito, mas a obrigação de escolher um técnico de alto nível.

André afirma que o Corinthians não pode arriscar com um líder inexperiente na presidência, que é fundamental que o líder tenha preparo e seriedade para tomar decisões cruciais. Ele ainda indaga: “E quem sabe, se conseguirmos conquistar o título sul-americano, como meu adversário reagiria? Talvez diga que suas redes sociais foram novamente invadidas, como alegou no caso de Fábio Santos contra o Fortaleza?”

Finaliza enfatizando que, como corinthianos que não desejam o fracasso do outro como ambição, deseja que Mano Menezes tenha sucesso e muitos títulos em sua terceira passagem pelo clube.

Foto Destaque: Mano Menezes em seu primeiro treino com o Corinthians após seu retorno. Reprodução/Rodrigo Coca/Agência Corinthians.

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