Polícia Federal pede quebra de sigilos bancário e fiscal de Michelle Bolsonaro

Por Ágatha Pereira
4 min de leitura

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e fiscal da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Ação faz parte da investigação de indícios de venda ilegal de presentes de alto valor entregues durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A investigação

Na última sexta-feira (11), a PF apreendeu materiais que auxiliam na operação batizada de “Lucas 12:2”, versículo bíblico que diz “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido.”. 

Entre os materiais apreendidos, estão:

  • O celular do general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que está preso por suspeita de adulteração do cartão de vacina da própria família, do ex-presidente e da filha;
  • Um HD encontrado dentro de uma mala na casa de Mauro Barbosa Cid;
  • Mídias e computadores do advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o segundo tenente Osmar Crivelatti, que também foi ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje assume o posto de assessor pessoal na cota ao qual o ex-presidente tem direito.

Segundo a PF, há fortes indícios de que os quatro investigados tenham realizado negociações ilegais envolvendo presentes recebidos por Bolsonaro durante viagens oficiais. 

Os presentes

De acordo com um documento divulgado pela Polícia Federal, até o momento, já foram identificadas as negociações e vendas de quatro conjuntos de joias e itens de valor:

  • Um kit de joias da marca Rolex, contendo um anel, uma caneta, abotoaduras, um rosário e um relógio de ouro branco, presentes da Arábia Saudita em 2019;
  • Um conjunto da marca suíça Chopard, contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio, presentes da Arábia Saudita em 2021;
  • Uma escultura de um barco dourado, sem identificação até o momento, e uma escultura de palmeira dourada, presentes do Bahrein em 2021;
  • Um relógio da marca Patek Philippe, possível presente do Bahrein também em 2021.

Presentes recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro da Arábia Saudita em 2021 (Foto: Reprodução/CNN)


Dois dos conjuntos precisaram ser recomprados após o Tribunal de Contas da União determinar que deveriam ser devolvidos.

Os próximos passos

A perícia dos materiais apreendidos pela operação de sexta-feira (11) irá determinar os próximos passos a serem tomados pela Polícia Federal em relação à investigação.

A PF espera encontrar mais informações que possam esclarecer o esquema, como rastrear o caminho do dinheiro obtido com a venda e descobrir a origem do dinheiro usado para a recompra. Também já foi pedido ao governo norte-americano acesso às informações da conta bancária do general da reserva Lourena Cid. Os investigadores também conseguiram acesso a um recibo que prova que, no final do mês de março, Mauro Cid sacou US$ 35 mil de uma conta em Miami no dia em que foi realizada a recompra de parte dos presentes para entregar ao TCU.

 

Foto destaque: PF pede quebra de sigilo bancário e fiscal de Michelle Bolsonaro após investigação de venda ilegal de joias e presentes. Reprodução/Globo

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