Na noite da última segunda-feira (23), enquanto o Rio de Janeiro enfrentava as consequências de uma série de atentados, durante os quais um trem e 35 ônibus foram incendiados por criminosos na Zona Oeste da cidade, milhares de pessoas tiveram que encontrar maneiras de voltar para casa após o dia de trabalho. No entanto, devido à baixa frota que estava em operação e aos preços elevados nos aplicativos de transporte, algumas pessoas chegaram a improvisar atravessando a pé o Túnel Vice-Presidente José Alencar, na direção do bairro de Santa Cruz.
Este local também foi alvo de um dos ataques das milícias e não viu os moradores circularem ao longo da noite. Quem chegava até lá precisava se arriscar em opções perigosas, como viajar na garupa de um caminhão, ou então enfrentar longas esperas nos terminais de ônibus. Isso ocorreu devido ao incêndio de uma composição que estava próxima à estação Tancredo Neves, o que restringiu a circulação no ramal de Santa Cruz entre a Central do Brasil e Campo Grande.
Trânsito acima da média e sequência de interdições
A situação, que se originou como resposta dos criminosos à morte do miliciano Faustão, que foi morto em um confronto a tiros com a polícia, tornou as condições de trânsito nas principais vias da cidade ainda mais difíceis do que o normal. Foram registrados 121 quilômetros de engarrafamento, representando um aumento de quase 80% em relação à média do horário. Locais como a Avenida Brasil também precisaram ser interditados e só foram liberados por volta das 21 horas. Na região, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou a prestar escolta a um grupo de alunos que retornava de um passeio escolar em um clube, onde ficaram abrigados ao longo da tarde.
A Secretaria Municipal de Educação chegou a suspender as aulas que aconteciam nas áreas dos incêndios, como nos bairros de Guaratiba e Paciência. Foram 45 unidades escolares interditadas, e em 17 estabelecimentos, alunos e professores precisaram aguardar até que a situação do lado de fora se acalmasse para que pudessem sair. O órgão informou que, no total, 17.251 estudantes sofreram algum tipo de consequência devido aos eventos ocorridos no dia de ontem.
Repostas das autoridades
Por volta das 19 horas, o governador do estado, Cláudio Castro, afirmou, em um pronunciamento realizado no Palácio Guanabara, que todo o contingente das Polícias Civil e Militar seria mobilizado para restabelecer a vida na cidade. Já o prefeito Eduardo Paes postou uma série de vídeos em suas páginas oficiais ao longo da noite, nos quais emitiu atualizações sobre o trabalho das equipes e reafirmou que os serviços de transporte seriam totalmente retomados.
Foto destaque: Passageiros buscam maneiras de voltar para casa em meio a dia de ataques no transporte do Rio. Reprodução/Instagram/@santacruznewoficialrj