O julgamento de Sean “Diddy” Combs começou em 12 de maio, no tribunal federal de Manhattan, em Nova York. Logo no primeiro dia, a seleção de jurados se destacou pela rigidez: cerca de 100 candidatos passaram por entrevistas até a formação final do grupo.
Júri é formado e denúncias explodem na primeira semana
Assim que os trabalhos iniciaram, a promotoria não perdeu tempo. Apresentou áudios, fotos e vídeos que, segundo eles, comprovam que Diddy comandava uma rede de exploração sexual e violência. A ex-namorada do rapper, Cassie Ventura, foi a primeira a depor.
Ela relatou, emocionada, como foi coagida a participar de festas privadas, conhecidas como “freak-offs”, onde sofria abusos físicos, ameaças e chantagens emocionais. Além disso, Cassie revelou que, em uma dessas festas, tentou fugir, mas Diddy a impediu. Na sequência, a cantora Dawn Richard, ex-integrante do grupo Danity Kane, confirmou ter presenciado episódios de agressão.
No mesmo dia, o tribunal exibiu um vídeo de 2016, no qual Diddy aparece arrastando e chutando Cassie em um hotel de Los Angeles. A defesa admitiu a violência, porém tentou enquadrá-la como um caso de violência doméstica, descartando a acusação de tráfico sexual.
Depoimentos se intensificam e novas testemunhas surgem
Ao longo da segunda semana, os depoimentos se tornaram ainda mais perturbadores. Cassie voltou ao tribunal por três dias, trazendo detalhes sobre abusos constantes, chantagens e o uso de vídeos íntimos como forma de controle.
Nesse período, novas testemunhas fortaleceram a acusação. Kerry Morgan, ex-amiga de Cassie, contou que Diddy a agrediu com um cabide de madeira. Além dela, o rapper Kid Cudi revelou que Diddy invadiu sua casa em 2011, logo após descobrir que ele e Cassie estavam se relacionando. Pouco tempo depois, o carro de Cudi pegou fogo, fato que ele acredita ter ligação direta com Combs.
Na terceira semana, o julgamento ganhou um novo capítulo com o depoimento de uma ex-assistente, identificada como “Mia”. Ela relatou ter presenciado agressões físicas e psicológicas, além de descrever um episódio em que Diddy teria espancado Cassie durante uma festa promovida pelo cantor Prince. De acordo com Mia, a segurança do evento precisou intervir para conter o rapper.
Apesar dos esforços da defesa, que tentou anular o júri, o juiz Arun Subramanian manteve o julgamento em andamento, reforçando o compromisso com a transparência do processo.
Provas chocantes e tensão marcam a reta final
Na quarta e quinta semanas, os relatos de uma mulher identificada como “Jane” elevaram a tensão no tribunal. Ela passou quatro dias descrevendo, em detalhes, como Diddy a coagiu a participar de encontros sexuais, regados a drogas e violência. Jane afirmou que recebeu US$ 10 mil do rapper para participar de viagens onde, segundo ela, ocorriam verdadeiros “shows pornográficos”.
Diddy, segundo seu relato, se vangloriava, se autointitulando “Michael Jordan dos freak-offs”, uma referência à quantidade e frequência dos encontros abusivos. Ao mesmo tempo, a postura do rapper gerou desconforto.
O juiz precisou repreendê-lo após ele encarar fixamente alguns jurados, chegando a ameaçar sua retirada da sala. No auge da repercussão, Kanye West apareceu brevemente no tribunal para demonstrar apoio a Diddy. Contudo, permaneceu no local por apenas 35 minutos.
Ao longo da semana, o tribunal afastou um dos jurados após identificar inconsistências em seus depoimentos — o episódio levantou preocupações sobre possíveis vieses raciais no julgamento. Entrando na sexta semana, o clima de tensão dentro e fora da corte só aumenta.
Já na sexta semana, a tensão aumentou. A promotoria exibiu vídeos longos dos “freak-offs”, além de mensagens trocadas entre Diddy e Cassie, que reforçam o argumento de que havia coerção e não consentimento nas relações. Além disso, o ex-assistente Jonathan Perez confirmou que Diddy frequentemente transportava grandes quantias de dinheiro e drogas, o que, segundo a promotoria, era parte da logística do suposto esquema criminoso.
Após a apresentação dessas provas, a promotoria anunciou o encerramento da sua fase no processo. Agora, a defesa assume a linha de frente e, na próxima semana, o júri começa a deliberar. A decisão se aproxima: Diddy será condenado ou sairá livre do tribunal federal de Manhattan.