O ator Matthew Perry, conhecido por seu papel em “Friends”, faleceu em outubro de 2023, conforme apontado pelo relatório de autópsia divulgado pelo The New York Times, que indicou como causa os “efeitos agudos da cetamina”.
Opinião dos artistas
O uso da substância tem sido debatido por alguns artistas nos Estados Unidos. Entre eles, a apresentadora britânica Sharon Osbourne, que, em uma entrevista ao The Times em 2022, compartilhou que fazia uso da cetamina para enfrentar crises emocionais. Segundo Osbourne, que também é esposa do astro do rock Ozzy Osbourne, a droga a auxiliou no combate à depressão.
A eficácia do medicamento foi respaldada por uma revista científica, a New England Journal of Medicine, que destacou a cetamina como uma alternativa promissora à terapia eletroconvulsiva, frequentemente utilizada em pacientes com depressão de difícil tratamento.
O ex-jogador de basquete Lamar Odom também enfatizou a importância da cetamina ao superar seu vício em cocaína, revelando em uma entrevista ao programa Good Morning America que a terapia com a substância foi crucial após tentativas infrutíferas em clínicas de reabilitação.
O humorista Pete Davidson, por sua vez, admitiu o uso recreativo da cetamina por quatro anos antes de ser internado em uma clínica, conforme divulgado pelo site Just Jared. Embora esse uso não seja recomendado, o médico anestesista Thiago Gil, fundador do Centro de Cetamina e membro da ASKP3, um grupo de médicos especializados na substância, esclareceu que a cetamina possui aplicações específicas e deve ser utilizada com responsabilidade.
A modelo Chrissy Teigen também tornou público seu uso da cetamina, relatando em uma publicação no Instagram em dezembro de 2023 as alucinações vivenciadas após uma sessão de tratamento. Entre as visões, ela mencionou espaço, tempo, seu filho Jack, alguns pinguins e expressou suas emoções através do choro.
Matthew Perry, em foto do Instagram (foto: reprodução/Instagram/@matthewperry4)
Especialistas falam sobre os riscos
A cetamina, inicialmente um anestésico, ganhou destaque como terapia alternativa para ansiedade e depressão, conforme apontou o New York Times. No entanto, em outubro, a FDA (Food and Drug Administration) divulgou um relatório alertando para os riscos do tratamento, incluindo a possibilidade de a substância desencadear transtornos psiquiátricos.
A morte de Matthew Perry evidencia a necessidade de cautela no tratamento. O médico anestesista Tiago Gil enfatiza que a autoadministração e a realização da anestesia sem supervisão profissional não são práticas seguras.
Especialistas ressaltam que a aplicação da cetamina deve ser realizada por anestesistas em ambiente hospitalar. É crucial contar com um médico experiente na substância, capaz de tomar decisões em situações em que o paciente não esteja em condições de fazê-lo.
A cetamina, de acordo com a Administração de Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA), distorce a percepção e pode gerar uma sensação de estar “fora de controle”, desconectando os pacientes da dor e do ambiente. Entre os efeitos colaterais, destacam-se a dissociação, náuseas e a possível diminuição da frequência respiratória. Especialistas esclarecem que tais efeitos são associados ao ato anestésico, especialmente em doses de 50 a 60 miligramas por aplicação, consideradas não abusivas pelos profissionais médicos.
Em doses mais baixas, a substância provoca efeitos semelhantes aos do álcool, podendo resultar em dificuldades para falar ou andar. Bruno García Mendive, especialista em anestesiologia e reanimação, destaca que a cetamina também pode induzir estados de euforia com duração de 15 minutos a três horas.
Foto destaque: Matthew Perry, vítima dos efeitos agudos da cetamina (reprodução/Instagram/@matthewperry4)