O ator e diretor Lázaro Ramos esteve no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (11). No programa ele contou como foi dirigir a sua própria esposa, a atriz Taís Araujo, nas cenas românticas que aconteciam no longa Medida Provisória, que estreia na quinta-feira (14) em todo o Brasil.
“Fiquei morto de ciúmes. Fiquei, mesmo. Geralmente eu não tenho, não sei o que aconteceu, mas eu estava muito envolvido no filme”, contou o diretor.
“Mas é estranho, é esquisito. ‘Beija mais, repete’. Dá desespero quando erra a cena [risos]. Tive que aprender, conversei [com ela], ó que mico!”, disse ele com bastante humor. No filme, Taís interpreta a médica Capitu, que é esposa do advogado Antônio.
O filme Medidas Provisórias mostra um futuro distópico no qual o governo decreta um MP fazendo com que a forma de “reparação pelo passado escravocrata”, que faz com que os negros migrem para a África obrigatoriamente na intenção de retornar a suas origens.
Lázaro conta que o filme passou por algumas mudanças durante os anos de sua produção até chegar à atual situação sociopolítica brasileira. “Era um filme pra pensar em coisas que não gostaríamos de ver em nosso país, que se tornasse um alerta. O tempo passou, várias coisas aconteceram e o filme se tornou um espelho, com os caminhos políticos que a gente escolheu, as perversidades que aconteceram ao longo do tempo. É muito triste: eu não queria fazer um filme que fosse um espelho, mas que fosse um alerta”, explicou Lázaro.
“Acho que a gente está na distopia, a gente vive na distopia. Sou surpreendido todos os dias. Nunca achei que a gente fosse viver onde há perversidade na política pública, onde governantes, que deveriam ser líderes, se tornam pessoas que incitam ódio e desrespeito”, completou ele.
“O filme está pronto desde 2019, em 2020 nós estrearíamos e mesmo assim não conseguimos a assinatura da Ancine [Agência Nacional do Cinema] pra trocar a distribuidora. Um membro do governo puxou boicote ao filme, sem ter assistido, dizendo que o filme foi feito para falar mal do tal Messias [o presidente Jair Messias Bolsonaro]. Depois disso, a assinatura não vinha, depois de solicitações recorrentes. A assinatura chegou depois de a gente adiar quatro vezes”, contou Lázaro.
Lázaro Ramos em Roda Viva (Video: Reprodução/ Youtube)
“A imprensa começou a falar em censura através da burocracia. Em uma sexta, 18h30 da tarde, no Festival do Rio, a assinatura chegou, somente depois disso foi noticiado. Talvez pelo medo de acontecer o que aconteceu com Marighella, de Wagner, que quando a notícia da censura chegou, acabou divulgando mais o filme e foi muito bem-sucedido nos cinemas”
Foto Destaque: Reprodução/Instagram