Leo Lins, de 41 anos, enfrenta agora um processo judicial após ser denunciado por “difundir discursos de ódio e narrativas discriminatórias, ofensivas e humilhantes, particularmente direcionadas a negros, pessoas com deficiência e nordestinos”. Essa informação foi confirmada em um comunicado oficial emitido pelo Ministério Público de São Paulo.
Como resultado da ação legal, o comediante teve a quantia de R$ 300 mil bloqueada em suas contas bancárias, destinada ao pagamento de multas, conforme determinação da Justiça. Além disso, os canais de Leo no YouTube e no TikTok foram suspensos por um período de 90 dias.
Humorista responderá por crimes de ódio
O Ministério Público se pronunciou sobre o caso, afirmando que “os crimes de ódio praticados pelo comediante tornaram-se o foco de uma operação conjunta do MP-SP, por meio do CyberGaeco e da Promotoria de Direitos Humanos. De acordo com as investigações, o acusado desafiou autoridades de vários estados em seus espetáculos e nas redes sociais. As autoridades agiram para impor penalidades caso o humorista continuasse a divulgar conteúdo capaz de humilhar, constranger e difamar minorias”.
A nota oficial também destacou que a Justiça manteve intactas as condições previamente estabelecidas em maio de 2023, quando acatou a solicitação do Ministério Público para proibir o indivíduo de realizar novos ataques contra minorias. A defesa do réu apresentou um recurso contestando as medidas cautelares originais, mas o Tribunal de Justiça rejeitou o apelo da defesa.
O Ministério Público de São Paulo formulou uma denúncia com base nos artigos 20 da Lei n. 7716/89 e no artigo 88 da Lei 13.146/2015, que prevê penas que variam de 4 a 10 anos de reclusão em caso de condenação. Além disso, foi solicitada a suspensão das redes sociais e o bloqueio dos ativos financeiros do comediante para cumprir com o pagamento das multas.
A ação está sendo conduzida em segredo de Justiça, conforme informou o Tribunal de Justiça de São Paulo à reportagem. “As informações relacionadas ao processo estão restritas às partes envolvidas”. Splash buscou contato com a defesa de Leo Lins, e a reportagem será atualizada caso o humorista decida se pronunciar sobre o assunto.
Léo Lins mostrando seus processos. (Reprodução/Instagram/@leolins)
Leo Lins: um homem polêmico
Leo Lins é amplamente reconhecido por seu estilo humorístico que frequentemente envolve piadas controversas em seus espetáculos. No ano passado, o comediante enfrentou duas condenações por piadas consideradas ofensivas. Abaixo, destacam-se algumas dessas polêmicas:
Piada envolvendo DJ Ivis: Em 2021, durante uma apresentação, Lins afirmou que escalou o DJ Ivis, que estava enfrentando acusações de agressão por parte de sua ex-mulher, para tocar em seu encontro com sua ex-namorada, Aline Mineiro. Além disso, ele mencionou seu desejo de se encontrar com ela, conversar, olhar nos olhos e até mesmo deu um tom ameaçador ao mencionar dar um soco na costela.
Transfobia: No mesmo ano, Leo Lins foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil à cabeleireira Whitney Martins de Oliveira após fazer piadas de cunho transfóbico relacionadas ao nome dela e expor o nome da mulher em um vídeo.
Chapecoense: Em um show de stand-up divulgado em seu canal no YouTube em 2018, Leo Lins fez uma piada relacionada à tragédia envolvendo a queda do avião da Chapecoense, que resultou na morte de 71 pessoas em 2016. Ele comparou essa tragédia ao assassinato do jogador Daniel, ex-São Paulo, com uma afirmação de teor insensível sobre o tipo de comida servida nos voos, insinuando que os jogadores da Chapecoense haviam morrido por causa da qualidade da alimentação a bordo.
Esses exemplos ilustram o histórico de piadas controversas de Leo Lins em seus espetáculos e como algumas delas resultaram em consequências legais, incluindo condenações e indenizações.
Em um vídeo adicional, divulgado em 2019 pelo canal Castro Brothers, o comediante fez uma piada sugerindo que um pedaço de pão que cai no chão se torna “pão na Chape.” Além disso, Leo Lins enfrentou controvérsias relacionadas a outras situações, incluindo:
Gordofobia: Lins realizou um espetáculo envolvendo uma imagem da modelo plus size Bia Gremion e seu namorado, Lorenzo, um homem trans, sem a devida autorização. Nessa imagem, ambos estavam vestidos com lingerie, e o comediante acrescentou um comentário provocativo: “Chamei sua atenção? Que bom.” Essa ação foi vista como insensível e desrespeitosa em relação às questões de peso e identidade de gênero.
Piada sobre o Tsunami no Japão: Em 2011, durante um período em que o Japão enfrentou um terremoto devastador, um tsunami e um acidente nuclear, Lins fez uma piada relacionada a esses eventos. Em 2013, quando estava buscando um visto para entrar no Japão, cidadãos brasileiros residentes no país organizaram um abaixo-assinado para impedir sua entrada.
Embora as autoridades negassem que a decisão estivesse relacionada ao vídeo em questão, alegaram que se tratava de um problema de documentação que resultou na perda de seu visto.
Esses exemplos adicionais destacam a tendência de Leo Lins de fazer piadas controversas e provocativas em várias situações, o que levou a diversas reações negativas e consequências em alguns casos.
Foto em destaque: Leo Lins com um olhar irônico. Reprodução/Instagram/@leolins