Em entrevista apresentada neste domingo (17), pelo programa de televisão Fantástico, a atriz Letícia Sabatella, 52 anos, contou como foi receber o diagnóstico tardio do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e conta sobre as reflexões que realizou sobre as diversas situações ao longo de sua vida, por causa do transtorno.
A atriz foi diagnosticada recentemente com o primeiro grau de autismo, ou seja, o transtorno se manifesta em menor intensidade, em relação aos demais graus do TEA. A dificuldade para identificar o transtorno também é decorrente desses sintomas mais leves, que dificultam o diagnóstico.
Sabatella contou durante a entrevista que foi um momento importante e esclarecedor descobrir sobre o TEA, mesmo após os 50 anos, pois respondeu a questionamentos antigos que se fazia.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>A atriz Letícia Sabatella conversou com a repórter <a href=”https://twitter.com/acarolraimundi?ref_src=twsrc%5Etfw”>@acarolraimundi</a> e lembrou da dificuldade para se enturmar na escola, de como às vezes se sente incompreendida e do incômodo com barulho. <a href=”https://t.co/6hrWVk2TDQ”>pic.twitter.com/6hrWVk2TDQ</a></p>— Fantástico (@showdavida) <a href=”https://twitter.com/showdavida/status/1703590364236435627?ref_src=twsrc%5Etfw”>September 18, 2023</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Características do transtorno
Segundo a atriz, em diversos momentos ao longo da vida, foi classificada como alguém diferente por colegas, devido ao seu jeito de ser. Ainda na infância, as colegas de Sabatella na escola se distanciaram dela, quando tinha apenas nove anos de idade; a atriz conta que na época não conseguia entender a situação, nem o porquê do distanciamento.
A atriz menciona que gostava de pegar pedras e enxergava os objetos de forma diferente, seu imaginário era muito vivido, até mesmo o “prego tinha vida”.
Além dessa característica, Letícia Sabatella sempre notou a presença da hipersensibilidade e a dificuldade de estar em certos locais, como ver um filme no cinema. Uma sessão no cinema pode ser uma experiência sensorial desafiadora, a atriz menciona que era similar a um sonho premonitório que poderia definir sua vida. Esse aspecto é um dos sintomas mais comuns.
Para Sabatella, a sensibilidade auditiva é uma das mais difíceis. Ela menciona que parece estar sendo agredida em determinados momentos, ao ponto de passar mal devido a intensidade dos sons.
O contato físico também pode ser complicado, apesar de gostar do toque, como menciona a atriz, o contato prolongado pode incomodar bastante, despertando a vontade de interromper a ação.
Procura e descoberta do diagnóstico
De acordo com Sabatella, o questionamento e a procura por um diagnóstico ocorreu apenas após a descoberta da filha, 30 anos, que descobriu ter o Transtorno do Espectro Autista, também na fase adulta. A atriz decidiu procurar um médico e através do diagnóstico, compreendeu melhor seu modo de ser e agir.
O espectro autista possui três níveis, e a atriz foi diagnosticada com o mais leve. Apesar de ser um transtorno, comumente, identificado durante a infância, o primeiro grau têm sido cada vez mais diagnosticado na fase adulta, por conta dos leves sintomas, que dificultam a identificação.
Dentre os sintomas presentes no espectro, os mais comuns, principalmente na fase adulta, são a hipersensibilidade sensorial, mencionada pela atriz, a dificuldade para se socializar, foco excessivo no trabalho, adversidade para realizar ou aceitar mudanças na rotina e dificuldade em compreender comunicação corporal/gestual.
Para a atriz, o trabalho foi um dos principais aliados para lidar com o transtorno, mesmo quando não sabia sobre ele, pois pode enfrentar a dificuldade que tinha com a socialização, através da atuação.
Letícia Sabatella como Latiffa, na novela “O Clone”. (Foto: reprodução/globo)
Letícia Sabatella, mencionou durante a entrevista que ainda está se autodescobrindo e estudando sobre o assunto, mas que é um grande alívio compreender toda a situação. Segundo a atriz, quando uma pessoa não se conhece, ela está muito mais suscetível à opressão.
Foto destaque: Letícia Sabatella. reprodução/Instagram/@leticia_sabatella