Celebridades recebem quantias exorbitantes para promover jogos online

A revista Piauí destaca o fenômeno no Brasil, citando nomes como Virgínia Fonseca, Gkay, Cauã Reymond e Carlinhos Maia, que têm se destacado pelos altos cachês que recebem

Ana Carolina Piragibe
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Foto Destaque: Virginia Fonseca está entre os nomes envolvidos nos jogos de aposta (Reprodução/Instagram/@virginia)

Uma reportagem da revista Piauí, divulgada no sábado (3), trouxe à tona os impressionantes cachês multimilionários que influenciadores de renome recebem para divulgar jogos de apostas online. Dentre eles estão Virgínia Fonseca, Carlinhos Maia, Gkay, Maya Massafera; além de outros famosos, incluindo estrelas como Cauã Reymond e Neymar.

Intitulada “Como os influenciadores ganharam fortunas e ajudaram as bets a produzir a pandemia do vício”, a matéria, assinada pelos jornalistas João Batista Jr. e Alessandra Medina, revela que os valores recebidos por esses influenciadores podem chegar a impressionantes R$ 100 milhões. A reportagem expõe como essas parcerias entre celebridades e plataformas de apostas têm impulsionado não apenas os lucros dos jogos, mas também contribuído para uma crescente cultura de vício entre os jovens e usuários das redes sociais.



Famosos envolvidos

Gkay, influenciadora com mais de 20 milhões de seguidores no Instagram, rompeu um contrato de dois anos com a plataforma de jogos online Esportes da Sorte, após má repercussão. Ela recebia R$ 1,4 milhão mensalmente. Outra influenciadora, Virgínia Fonseca, também teve um acordo polêmico com a plataforma, ganhando 30% sobre o que os usuários perdem em apostas e recebendo um adiantamento de R$ 50 milhões. Virgínia começou a divulgar a Blaze posteriormente, após fechar um novo contrato de R$ 29 milhões por ano.

A Blaze, que enfrenta investigações por suspeita de estelionato, pagou alto cachê a celebridades como Neymar (R$ 100 milhões) e Carlinhos Maia (R$ 40 milhões anuais). Felipe Neto, inicialmente seduzido pelos altos valores, cancelou seu contrato, após refletir sobre o impacto negativo das apostas. Outros artistas, como David Brazil e Cauã Reymond, também aceitaram contratos com plataformas de apostas. Em contrapartida, nomes como Ivete Sangalo e Taís Araújo recusaram tais propostas, destacando a importância da preservação da credibilidade de suas marcas pessoais.

Legalização das apostas

A legalização das apostas esportivas no Brasil ocorreu no final do governo de Michel Temer, com a criação da “aposta de quota fixa”, mas a regulamentação foi postergada. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o tema não foi abordado, e somente em 2023 a nova lei, chamada “Lei das Bets”, foi publicada, estabelecendo a Secretaria de Prêmios e Apostas. As empresas tiveram um prazo para se regularizarem; e foram impostas regras, como proibição de jogo a crédito e pagamento de prêmios, em 120 minutos.

Contudo, a regulamentação foi impulsionada apenas pela equipe econômica, sem considerar aspectos sociais e de saúde mental. Especialistas alertam para os riscos das apostas, especialmente entre classes mais vulneráveis. Casos de dependência estão surgindo, como o de Thatiara Fonseca, que perdeu R$ 1,8 milhão em apostas online. Influenciadoras mencionadas negam qualquer associação com recomendações de apostas. A Betano, uma das plataformas, não divulgou valores específicos e afirmou que colabora apenas com operadores autorizados.