O diretor de “Emilia Pérez”, filme que lidera as indicações ao Oscar 2025, declarou ao Deadline que cortou laços com sua protagonista, Karla Sofía Gascón, após entrevistas concedidas pela atriz à imprensa sobre antigos tuítes que vieram à tona na última semana de janeiro. Jacques Audiard também tem sido criticado por internautas tanto pelo longa-metragem quanto por declarações que ele próprio fez.
Relacionamento com o elenco de “Emilia Pérez”
Jacques Audiard declarou recentemente que cortou laços com a protagonista de seu longa-metragem, Karla Sofía Gascón. Segundo ele, Sofía está em “um processo de autodestruição” e “se faz de vítima”.
“Eu não falei com ela e não quero. Ela está em uma abordagem autodestrutiva na qual não posso interferir, e realmente não entendo por que continua nos prejudicando. Está prejudicando pessoas que eram muito próximas a ela”, afirmou, acrescentando que não pretende voltar a se comunicar com a atriz no futuro.
O diretor francês Jacques Audiard e a atriz Karla Sofía Gascón (Foto: reprodução/Borba B. Hojas/Getty Images Embed)
O diretor também reagiu aos antigos tuítes da atriz, classificando-os como “absolutamente odiosos”. Para ele, é impossível manter um bom relacionamento com alguém após descobrir algo assim. Além disso, Audiard acredita que as atitudes e declarações da primeira atriz trans indicada ao Oscar não prejudicam apenas Gascón, mas toda a equipe, incluindo Zoe Saldaña e Selena Gomez. O diretor ainda afirmou que Gascón precisa “refletir e assumir a responsabilidade por suas ações”.
Assim como Audiard, a própria Netflix teria se distanciado de Karla Sofía Gascón, deixando-a de fora dos eventos da temporada de premiações. Além disso, Zoe Saldaña chegou a repudiar publicamente as declarações da colega de elenco.
Críticas ao filme
Não é apenas Karla Sofía Gascón que vem sendo criticada por suas declarações polêmicas. Jacques Audiard também tem recebido uma onda de críticas, principalmente de espectadores mexicanos. O longa, ambientado no México, foi acusado de não retratar o país fielmente e de reforçar estereótipos sobre a cultura local. Além disso, internautas apontam a falta de representatividade latina no elenco, que conta com apenas uma atriz mexicana, Adriana Paz. Em sua defesa, Audiard afirmou que não encontrou outras atrizes adequadas no México.
Karla Sofía Gascón, Selena Gomez, Jacques Audiard, Zoe Saldaña e Adriana Paz (Foto: reprodução/Jeff Spice/Getty Images Embed)
Mesmo tendo escolhido ambientar a história no país, o diretor admitiu que não realizou uma pesquisa aprofundada sobre o local para desenvolver o roteiro. Ele também rejeitou as críticas dos internautas, argumentando que muitas delas vêm de pessoas que sequer assistiram ao filme ou que comentam de má-fé. Para o diretor francês, a ausência de uma pesquisa detalhada se justifica pelo fato de “Emilia Pérez” não ser um documentário, mas sim um musical, o que, segundo ele, eliminaria a necessidade de maior realismo.
O cineasta também enfrentou forte rejeição nas redes sociais após declarar, em entrevista ao site Konbini, que “o espanhol é um idioma de países modestos, de pobres e migrantes”. A afirmação ignorou que o espanhol é a terceira língua mais falada no mundo, com cerca de 600 milhões de falantes.
Do que se trata “Emilia Pérez”
“Emilia Pérez” é o longa-metragem internacional com mais indicações ao Oscar 2025. Na trama, Rita (Zoe Saldaña) trabalha em um escritório de advocacia mais interessado em lavar dinheiro do que em seguir a lei. Para sobreviver, ela ajuda um chefe do cartel mexicano a sair do crime, permitindo que ele finalmente se torne a mulher que sempre sonhou ser. O filme chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6).