Império Serrano realiza velório de Arlindo Cruz com homenagem pública
Sambista Arlindo Cruz, um dos grandes nomes da música brasileira, será velado neste sábado (9), a partir das 18h, na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. A cerimônia será aberta ao público, permitindo que fãs, amigos e admiradores se despeçam de perto do artista que marcou […]
Sambista Arlindo Cruz, um dos grandes nomes da música brasileira, será velado neste sábado (9), a partir das 18h, na quadra da escola de samba Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. A cerimônia será aberta ao público, permitindo que fãs, amigos e admiradores se despeçam de perto do artista que marcou gerações com sua voz e suas composições.
A celebração seguirá a tradição do gurufim, desejo do próprio Arlindo, um costume que transforma o velório em um momento de música, bebida e confraternização, buscando aliviar a dor e garantir a boa viagem da alma.
Embora fortemente preservado no universo do samba, o gurufim tem origem mais ampla, ligada a práticas culturais que celebram a vida mesmo diante da morte, uma forma simbólica de manter viva a alegria, mesmo na despedida.
O local escolhido para a homenagem não é por acaso. Arlindo tinha uma relação profunda com o Império Serrano, escola de coração que fez parte de sua história no samba e onde recebeu homenagens marcantes ao longo da carreira.
Após o velório, que seguirá até a manhã de domingo, o corpo de Arlindo Cruz será levado para o sepultamento no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Será o último adeus a um ícone cuja obra e legado seguem vivos no coração do samba e na memória cultural do país.
Homenagem no palco que fez parte da sua história
A quadra do Império Serrano, onde Arlindo Cruz viveu momentos marcantes de sua trajetória, será o cenário de despedida para o sambista. O espaço, que tantas vezes recebeu sua voz e sua inspiração, abrirá as portas para uma cerimônia carregada de emoção, unindo familiares, amigos, admiradores e integrantes da escola.
Arlindo Cruz cantando em desfile da escola de samba (Vídeo: reprodução/Instagram/@imperioserrado)
A ligação de Arlindo com o Império Serrano começou em 1989, quando compôs o samba “Jorge Amado, axé Brasil”, homenagem ao escritor baiano que marcou a avenida. O ponto alto dessa parceria veio em 1996, com “Verás que um filho teu não foge à luta”, tributo ao sociólogo Betinho, considerado um dos melhores desfiles da história da escola, mesmo com a sexta colocação.
Ao longo de mais de duas décadas, o compositor assinou pelo menos dez sambas-enredo para o Império Serrano, celebrando personalidades como Dona Ivone Lara e exaltando a cultura brasileira. Sua contribuição vai muito além do Carnaval, deixando um legado eterno no samba e na música popular brasileira.
Despedida a Arlindo Cruz realizada pela Império Serrano (Foto: reprodução/Instagram/@imperioserrano)
Despedida após longa luta pela saúde
Arlindo Cruz estava internado no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio, e faleceu após enfrentar uma falência múltipla dos órgãos.
A trajetória de dificuldades na saúde começou em março de 2017, quando o sambista sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico em casa.
Ele passou quase um ano e meio internado, em um longo processo de recuperação, e desde então conviveu com as sequelas, enfrentando diversas internações ao longo dos anos.
‘O sambista perfeito’
Carioca do subúrbio, Arlindo construiu uma carreira sólida como cantor, compositor e instrumentista, tornando-se um dos nomes mais respeitados do samba.
Admiradores e amigos o apelidaram de “o sambista perfeito”, referência a uma de suas composições em parceria com Nei Lopes, título que, neste ano, também batizou uma biografia dedicada à sua trajetória.
Arlindo Cruz cantando no Prêmio da Música Brasileira de 2010 (Foto: reprodução/Buda Mendes/Getty Images Embed)
Compositor de grandes sucessos e parceiro de ícones do gênero, ajudou a escrever capítulos importantes da música brasileira, sempre com letras que falavam de amor, fé e da vida nas comunidades.
Sua partida deixa um vazio imenso, mas também um legado que seguirá vivo nas rodas de samba, nos carnavais e nas memórias de quem cantou suas canções. Arlindo Cruz não foi apenas um artista, foi um contador de histórias, um amigo do povo e um símbolo de resistência cultural.
