O SBT se pronunciou nesta quarta-feira (16) sobre o caso de denúncia de estupro envolvendo o apresentador Otávio Mesquita e Juliana Oliveira, ex-assistente de palco do programa “The Noite”, comandado por Danilo Gentili. Em 2024, Juliana acusou Mesquita de estupro durante uma gravação na emissora em 25 de abril de 2016.
Na noite desta terça-feira (15), Juliana se pronunciou publicamente sobre o caso e esclareceu que o SBT não tomou nenhuma atitude após sua denúncia ao compliance da empresa. Contou que perdeu espaço de trabalho após ter levado o caso para investigação interna na emissora.
A empresa da família Abravanel, hoje sob o comando de Daniela Beyruti na presidência, uma das herdeiras de Silvio Santos, declara que tomou todas as medidas cabíveis sobre o assunto após a denúncia. A nota enviada à imprensa informa que “a propósito do episódio envolvendo a Srª Juliana Oliveira e o apresentador Octávio Mesquita, o SBT vem esclarecer que tomou, a tempo, todas as providências que lhe competia por meio do seu Departamento de Governança Corporativa”.
Constrangimento ao vivo
A ex-assistente do “The Noite” decidiu denunciar o apresentador sob alegações de que ele teria tocado seu corpo sem consentimento durante uma gravação do programa. Ela conta que Otávio Mesquita a segurou, tocou seus seios sem o seu consentimento e simulou movimentos de sexo enquanto ela o ajudava a retirar equipamentos de segurança. Juliana afirma que nada daquilo foi previamente combinado e que tentou reagir. Posteriormente, ela buscou a direção e o apresentador do “The Noite” para reportar o caso.
“Eu reclamei, sim com o Danilo Gentili e com o meu diretor, com a minha produção. Eu falei que esse cara tinha passado do ponto, que ele passou a mão em todo o meu corpo, eu expliquei isso. Uma forma que eles acharam para me blindar foi que, a partir daquele dia, o Otávio não seria mais convidado para dar entrevistas no ‘The Noite’”, relata Juliana no vídeo desta semana em uma rede social.
A ex-SBT ainda contou que Otávio Mesquita invadia os bastidores durante as gravações quando estava no SBT e a produção a escondia no banheiro, onde ela ficava até que ele fosse embora. Juliana reclamou no vídeo que isso se repetiu por mais de 10 vezes e que, quando ele chegava, quem ficava presa como uma criminosa era ela.
Reação da emissora
A denúncia só foi feita em 2024 porque Juliana tinha medo de enfrentar o poder e o prestigio de Mesquita no SBT. Mesmo assim, ela relatou o abuso ao compliance e foi orientada a manter sigilo enquanto o caso fosse apurado. A empresa garantiu a ela que o caso seria tratado com a seriedade necessária.
No entanto, a profissional foi desligada da emissora em fevereiro deste ano. Ela esperava que houvesse uma reunião com a presidente do SBT, o que não aconteceu, e, ao questionar sobre o andamento do caso, ouviu de Daniela que uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Juliana criticou a maneira como uma empresa comandada por mulheres não deu ouvidos à sua questão e tratou com muito descaso sua situação e sua saúde mental.
Após tomar conhecimento da acusação, Otávio Mesquita minimizou a seriedade do caso e garantiu que tudo havia sido uma brincadeira combinada anteriormente com Juliana. Ressaltou que tudo aconteceu dentro de um contexto de humor e não havia nenhuma intenção de cometer ato ilícito. Mesquita considera a fala de Juliana um absurdo e acredita que ela estaria magoada e buscando atenção por ter sido demitida do SBT.
Repercussão do caso
Após o desabafo público da ex-assistente, Danilo Gentili declarou em um pronunciamento em rede social nesta quarta-feira (16) que ele e o diretor João Mesquita deram todo o suporte à Juliana após tomarem conhecimento do ocorrido. Gentili sugeriu à então parceira de palco que a denúncia fosse feita ao SBT e à Justiça, mas a comediante, a princípio, não quis, preferindo apenas que Otávio Mesquita não participasse mais do programa dali pra frente. Por isso, o apresentador nunca mais foi convidado para o show.
Na ocasião, Gentili colocou um advogado à disposição da colega de trabalho, que afirmou que não queria nada de Otávio Mesquita, apenas que ele não estivesse no mesmo ambiente de trabalho que ela.
Danilo acrescenta que o pronunciamento desta semana não foi em defesa ou ataque nem de Otávio Mesquita nem de Juliana Oliveira, mas em defesa de si mesmo, do diretor e da produção do programa, envolvidos publicamente na situação.
O Ministério Público de São Paulo protocolou uma denúncia formal em março deste ano e um inquérito irá investigar o caso.