Sophie Charlotte, de 36 anos, abriu seu coração ao programa “Sem Censura”, da TV Brasil, nesta terça-feira (20), sobre a sua infância e a vinda de sua família para o Brasil. A atriz nasceu na Alemanha, onde viveu até os 8 anos de idade, e revelou os desafios de viver dividida por duas culturas tão diferentes, que a formaram pessoal e profissionalmente.
Apesar de ter sido um grande desafio para uma criança se equilibrar entre normas sociais, idiomas e tradições diferentes, criando a sensação de estar em dois mundos paralelos, a experiência rendeu à atriz uma sólida bagagem cultural.
Sophie via o Brasil como um lugar de alegria e conexão com suas origens. “[…] era onde a gente passava as férias. Era um lugar onde eu encontrava meus primos, o calor, o sol, a praia, uma liberdade diferente, as comidas paraenses na casa da minha mãe. Tacacá, açaí, os sabores… Era tudo maravilhoso. Eu vivia essas férias de maneira muito intensa, mas voltava para a Alemanha, e lá a gente só falava alemão”, acrescentou.
Adaptação brasileira
O choque cultural acompanhou a mudança definitiva. Charlotte precisou deixar tudo que conhecia da Alemanha para trás e recomeçar em outro país, um grande desafio para uma criança.
“Quando nos mudamos foi realmente: ‘Caramba’. Deixamos aquela vida para trás. Era em Hamburgo, né? E nos mudamos com os pais da minha mãe também, sendo ela filha única. Para mim foi um pouco chocante. Eu já tinha minha rotina, minha vida, meus amigos, eu meio que recomecei tudo nessa chegada. Tive que reaprender a ler e escrever”, relembra a atriz.
A herança cultural sempre esteve presente na vida de Sophie, mas ela associava a cultura a algo da família, e não diretamente a uma vivência no Brasil. “Sou filha de um paraense, que foi trabalhar na Alemanha e conheceu minha mãe lá. Se apaixonaram e ficaram. Eu fui criada com essa mistura cultural mesmo. Eu só fui conhecer Belém muitos anos depois. Eu achava que a cultura paraense era uma coisa meio da casa da minha avó”, acrescentou a entrevistada.
Surge uma nova cantora
Nos últimos anos, Sophie Charlotte tem mostrado seu lado cantora. Em diferentes apresentações e participações musicais em programas de TV e shows, ela se apresenta em uma versão mais intimista e pessoal.
A música é outra paixão e mais um sonho da atriz. Sophie é uma atriz consolidada, também é bailarina, mas a música sempre fez parte da sua vida. A agora também cantora fez aulas de canto e participou de corais, mas sempre com um foco complementar de sua formação como atriz.
Em 2017, ela participou da gravação da música “Aos Nossos Filhos”, que fez parte da trilha sonora da série “Os Dias Eram Assim”, da TV Globo.
Em 2023, como intérprete de Gal Costa no filme biográfico da ícone da MPB, Sophie entregou uma performance impecável de “Divino Maravilhoso” no programa “Altas Horas”, encantando a todos. Sophie recebeu a bênção de Gal, que faleceu algum tempo depois e não chegou a assistir o filme sobre a história.
Neste ano, Sophie Charlotte deixa a timidez de lado e começa a se aventurar nos palcos musicais com o cantor e compositor baiano Tom Veloso. Os dois têm percorrido os palcos e se apresentam apenas com voz e violão.
Seja ao lado de artistas como Tom Veloso, ou em participações especiais ao lado de Roberto Carlos, a artista tem um tom “simples e sincero” e se desenvolve bem nos clássicos da MPB, bossa nova e samba, com sua voz doce e aveludada.
Início da carreira nas telinhas
Sophie começou na TV com pequenas participações em “Malhação”, em 2004, e retornou com uma nova personagem mais tarde na 12ª temporada da série vespertina da TV Globo. Em 2006, atuou no “Sítio do Picapau Amarelo” e na novela “Páginas da Vida”. Em 2007, voltou para a 15ª temporada de “Malhação”, com uma nova personagem.
Em 2008, Walcyr Carrasco a convidou para ser a Vanessa de “Caras & Bocas” e, em 2010, fez a personagem Stéfany Oliveira no remake da novela “Ti Ti Ti”.
Durante o bate-papo com a apresentadora Cissa Guimarães e os outros convidados, Charlotte relembrou momentos especiais da sua carreira e destacou sua participação como Stéfany na novela “Ti Ti Ti’.
Na época, uma das cenas que gravou para a novela virou meme nas redes sociais. O diretor Jorge Fernando pediu que Sophie desse uma mordida exagerada em um pão durante a cena e o resultado espontâneo se tornou viral.
Em 2011, ela fez parte do elenco da novela “Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva. Em 2012, protagonizou um episódio de “As Brasileiras” e, em 2013, foi uma das protagonistas em “Sangue Bom”. No mesmo ano, fez seu primeiro filme, “Serra Pelada”.
Sophie interpretou a protagonista no remake de “O Rebu” em 2014 e, no mesmo ano, interpretou a filha da personagem de Adriana Esteves na novela “Babilônia”.

Trabalhos pós-maternidade
Em 2017, quando encerrou a licença-maternidade após o nascimento de seu filho Otto, com o ator Daniel de Oliveira, retornou às telinhas como a protagonista da série “Os Dias Eram Assim”. A atriz interpretou a namorada do protagonista na primeira temporada da série “Ilha de Ferro” em 2018, interpretado por Cauã Reymond.
Charlotte fez parte do elenco de “Passaporte para Liberdade” no ano de 2021, como a personagem da esposa do escritor Guimarães Rosa, Aracy de Carvalho.
Em 2022, ela foi a protagonista da novela original da Globoplay, “Todas as Flores”, como uma perfumista que era deficiente visual. Por esse papel, Sophie recebeu o Prêmio APCA 2023 de Melhor Atriz de Televisão.
Ela estreou também o longa “O Rio do Desejo” e em setembro de 2023, viveu a cantora Gal Costa na cinebiografia “Meu Nome é Gal”. Também em 2023, fez uma participação internacional no longa “The Killer”, dirigido por David Fincher.
Sophie marcou seu retorno às novelas em 2024, no remake da novela “Renascer”. Sua atuação no papel de Eliana rendeu elogios do público e da crítica.
No ano de 2025, Charlotte foi confirmada como a protagonista da próxima novela das 21 horas da TV Globo, “Três Graças”, quando retoma sua parceria com o autor Aguinaldo Silva, 14 anos depois de “Fina Estampa”.