A atriz Thaila Ayala, de 38 anos, em entrevista ao “WOW Podcast”, contou como os abusos sexuais que vizinhos e familiares cometeram contra ela quando tinha três anos de idade deixaram marcas traumáticas e como essas experiências impactaram a sua vida.
Thaila lembra que a gestação de seu primeiro filho serviu de gatilho para desbloquear lembranças dos abusos sofridos que estavam bem escondidos em sua memória.
Ayala entrou em profunda depressão durante a primeira gravidez e só compreendeu a conexão da experiência de ser mãe com seu passado mais tarde. “A gestação é um mergulho na infância. Para mim, foi quando lembrei de alguns abusos que não lembrava. Lembrava de alguns, mas de outros, não. Lembrei de um abuso quando eu tinha 3, 4 anos. Eu lembrava da cena, mas não lembrava do abuso”, narra a modelo.
Infância de privação e sofrimento
Sua família morava em um conjunto habitacional e vivia uma situação de muita escassez. Após o abandono do pai, que foi viver com outra família, a mãe de Thaila precisou lutar arduamente para criar as três filhas. Por isso, a atriz começou a trabalhar como babá aos 13 anos. Diante da realidade pobre e difícil, Thaila resolveu fugir de casa, em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, quando tinha 15 anos, com apenas 300 reais no bolso.
O ambiente familiar sem afeto e violento, a ausência do pai posteriormente, o trabalho duro da mãe para sustentar a família e a falta de uma perspectiva no futuro foram a motivação necessária para que a jovem fosse para a capital paulistana buscar uma vida melhor como modelo. Tudo que Thaila não queria era um dia ter que voltar para casa. E nunca voltou.
Falei para a minha mãe que ia para São Paulo, mas para ela era uma realidade distante, algo impossível.
Thaila Ayala
A atriz reconhece que sair de casa trouxe ganhos para a sua vida. Toda a ausência de pai e mãe, de afeto e de coisas básicas na infância foram a mola propulsora para algo novo em sua existência.
Desta forma, ela pôde construir tudo o que tem hoje. Ela segue a reflexão e afirma que, se tivesse tido um ambiente familiar acolhedor e afetuoso quando criança, talvez não tivesse ido à luta e não sabe se teria conquistado tudo o que conseguiu até agora. A questão será sempre um mistério.
Fazer terapia é essencial
Relembrar dos abusos é uma tarefa dolorosa, mas totalmente necessária, em um constante processo de cura. A terapia foi uma ferramenta fundamental para que Thaila acessasse seus traumas e dores, como o medo do abandono.
A artista é adepta da microfisioterapia, um tipo específico de prática terapêutica que identifica pontos de somatização dos traumas no corpo do indivíduo. Por meio dessa técnica, foi possível identificar traumas desde a época da concepção no ventre da sua mãe. A atriz declara que continua em um processo de perdão e construção contínua no relacionamento com a mãe.
A microfisioterapia é uma terapia manual desenvolvida na França, na década de 1980, pelos fisioterapeutas e osteopatas Daniel Grosjean e Patrice Benini. A técnica estimula a autocura do organismo da pessoa ao tratar a causa de uma doença ou sintoma. Micropalpações na pele buscam identificar essas causas e fortalecer o sistema imunológico, tratando tanto dores crônicas como traumas emocionais.
Sucesso na carreira e na vida pessoal
Os obstáculos iniciais não foram impedimento para que a artista, casada atualmente com o ator Renato Góes, construísse uma carreira de sucesso, no Brasil e no exterior. Ela estreou na TV Globo em 2007 na 14ª temporada de Malhação e participou de outras novelas, como “Caminho das Índias” (2009), “Ti Ti Ti” (2010), “Sangue Bom” (2013) e “Família é Tudo” (2024). O casal tem dois filhos, Francisco, de três anos, e Tereza, de um ano.


A entrevista ao WOW Podcast foi publicada na íntegra no dia 27 de março, no Youtube, e nela Ayala fala sobre autoconhecimento, terapia, a carreira de modelo, as mudanças para o Rio e, depois, para Hollywood, sua carreira internacional, a formação da sua família com Renato Góes, o despertar para a maternidade e sobre sua fé e a Igreja.
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Se tiver conhecimento sobre algum caso de abuso sexual, estupro e/ou agressão, você pode fazer uma denúncia no Disque 100, todos os dias, das 8h às 22h. O serviço é um número do Governo Federal que orienta as vítimas e registra os casos de violação de Direitos Humanos.
Mulheres que estejam sofrendo violência física, psicológica ou sexual, podem procurar a Central de Atendimento à Mulher, no Disque 180, 24 horas por dia. As vítimas ou denunciantes também podem fazer o registro via formulário disponível por aqui.