Crítica: Margot Robbie se aventura no mundo real em Barbie

Pedro Léo Por Pedro Léo
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Os olhos do mundo cinematográfico se voltaram para Greta Gerwig quando foi anunciado que seu próximo longa seria uma live-action da boneca mais famosa do mundo. Colecionando indicações ao Oscar pelos dois filmes que dirigiu, a cineasta e roteirista é um nome poderoso do cinema independente americano desde suas épocas de atriz. Portanto, quando ela foi anunciada como a diretora de Barbie, a expectativa para o filme foi lá no alto – algo que só aumentou conforme o elenco estrelado era anunciado, até tornar-se um dos filmes mais esperados do ano. E o título não poderia estar melhor aplicado: Barbie é não apenas um filme que faz juz ao nome tanto de Greta Gerwig quanto da própria boneca, como também é uma importante meditação sobre a existência e o empoderamento feminino na sociedade.

Barbie e o mundo real

O que poderia apenas ser mais um filme publicitário sobre um produto, passa a ser uma fábula formidável sobre a auto-descoberta de uma mulher que acabou de nascer em um mundo patriarcal. O filme começa com Barbie (Margot Robbie) em seu mundo perfeito, uma ode a “Show de Truman” (1998), onde todo dia é o mesmo e há pouco de se queixar. Porém, algo está errado nas sombras, e a própria personagem reconhece isso, indo buscar a origem de seu descontentamento. Descobrindo que as respostas estão no mundo real, ela parte para o mesmo, indo buscar a sua “criança dona”. Junto com ela, acaba indo Ken (Ryan Gosling), o seu teórico par que é obcecado pela boneca e insiste em acompanhá-la em sua jornada.


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Trailer de Barbie, de Greta Gerwig. (Vídeo: Reprodução/YouTube: Warner Bros. Pictures Brasil)


O trabalho é diferente de tudo que Gerwig já fez. Com um tom mais humorístico e satírico, a diretora utiliza de subversões de clichês patriarcais do mundo real para exercer sua crítica, e o discurso feminista é forte dentro do roteiro.  O longa faz piadas que vão desde a proporção entre trabalhadores masculinos e femininos dentro de uma empresa até os chamados “film bros” que tentam explicar a genialidade de O Poderoso Chefão (1972), passando por um comentário sobre um certo homoeroticismo presente nas próprias relações de amizade entre os homens. O filme não faz a menor questão de esconder suas ideias, com tudo sendo bem na cara – para alguns, a falta de sutileza pode até ser um defeito. Porém, o seu coração reside no drama e no tratamento dado à protagonista. Por mais diferente que o filme seja dos outros da Gerwig, ela traz a sensibilidade presente neles ao desenvolver a personagem principal, e é visível o quão pessoais são as características que ela coloca na própria Barbie; Características tais que são reflexos de experiências e frustrações que não são únicas dela, agindo como uma porta voz do gênero feminino contra suas opressões diárias.

Destaques de cena

Margot Robbie brilha e mostra por que é uma das maiores atrizes da atualidade, incorporando a ingenuidade e o conflito agridoce interno da Barbie de tal forma que o filme aparenta ter sido feito para ela. Ryan Gosling rouba a cena frequentemente e abraça a sátira presente no próprio personagem, mostrando que foi feito para fazer comédias com uma atuação divertida e icônica que irá marcar a cultura pop. E uma grata surpresa foi America Ferrera, que, na parte final do filme, dá um monólogo de arrepiar qualquer um, e foi um destaque absoluto. Apesar do menor tempo de tela, os inúmeros coadjuvantes que interpretam outras Barbies e Kens como Simu Liu, Emma Mackey, e Alexandra Shipp, ou outros personagens como Michael Cera e Will Ferrell, também trazem atuações interessantes sob a direção de Gerwig.

Barbie é um filme que não tem a menor discrição em alfinetar e rir de tudo e todos, desde a sua própria produtora Warner Bros até a Mattel, criadora da boneca. Porém, acima da natureza humorística do filme, reside um drama que fala sobre como poderíamos ser melhores, que irá emocionar muitos em sua reta final, e que impõe respeito sob o título de maior blockbuster do ano. O filme estreia no dia 20 nos cinemas brasileiros.

Foto destaque: Ryan Gosling e Margot Robbie em Barbie. Reprodução/Warner Bros. Discovery

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