Crítica: “O Crime é Meu” cativa por humor inteligente e predominância de personagens femininas

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Estreia nesta quinta-feira (5) o filme “O Crime é Meu”. A comédia francesa de François Ozon chega às telonas cerca de um ano depois do último longa-metragem do cineasta, o drama “Peter von Kant”. No entanto, nesta obra em cartaz, o diretor retoma um de seus títulos mais antigos, a também comédia “8 Mulheres”, de 2002, justamente por três elementos principais: o humor, a predominância de personagens femininas e o plot envolvendo um crime. 

Afinal, essa é a premissa da história protagonizada por Madeleine (Nadia Tereszkiewicz), uma atriz pobre e sem prestígio que mora com uma amiga, a igualmente mal-sucedida advogada Pauline (Rebecca Marder). A vida das duas vira de cabeça para baixo quando Madeleine é acusada de assassinar o renomado produtor de cinema Montferrand (Jean-Christophe Bouvet), com quem havia se encontrado pouco antes do crime acontecer. Absolutamente todas as circunstâncias apontam contra a jovem naquele momento, sejam as possíveis motivações ou a sociedade misógina dos anos 1930, na qual homens fariam qualquer coisa para desmoralizar uma mulher. 


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Trailer do filme “O Crime é Meu” (Reprodução: YouTube)


Com cenas repletas de apelo teatral e um humor inteligente e antenado a discussões contemporâneas, “O Crime é Meu” é um filme divertido e cativante, sobretudo por tipos tão carismáticos quanto a Madeleine, Pauline e a atriz veterana Odette Chaumette, brilhantemente interpretada por Isabelle Huppert. A presença de personagens femininas tão altivas, irreverentes e destemidas num contexto onde havia uma enorme intransigência com a voz das mulheres é, sem dúvidas, o ponto alto da obra. Vale destacar também a metalinguagem presente no longa, presenteando os cinéfilos de plantão com um prato cheio de referências cinematográficas, a maior parte delas a partir do momento que Huppert entra em cena. 

Sem pretensões de parecer mais denso do que fato é, ‘O Crime é Meu” é astuto sem soar pedante; é certeiro nas discussões que se propõe a abordar, mas de maneira acessível e palatável. Com ótimas atuações e um roteiro bem conduzido, não seria exagero dizer que o filme pode ser considerado um dos destaques do ano.

 

Foto Destaque: Cena do filme “O Crime é Meu”. Foto/Carole Bethuel

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