Hollywood pode entrar em colapso se a greve não for resolvida em breve, diz especialista

Raphael Klopper Por Raphael Klopper
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Desde o início da greve dos roteiristas, em maio deste ano, que logo se juntou com a do sindicato dos atores em julho – marcando um a reunião histórica em 63 anos, como a primeira vez que ambas as categorias se juntam em uma paralisação organizada -, os medos do que isso pode significar para o futuro da indústria vem assolando os últimos meses.

O temor foi o suficiente para atingir produtores e executivos de diversos estúdios e plataformas de streaming que, em uma clara forma de pânico, anunciaram diversos adiamentos de alguns dos lançamentos do ano e produções que vinham sendo gravadas no momento, sem nenhum acordo entre as partes chegar a denominador algum.

Quem ilustrou bem isso foi Barry Diller, ex-CEO da Paramount e atual diretor do conglomerado IAC Search & Media que, durante uma entrevista para a CBS, afirmou que a atual greve pode acabar levando ao colapso de Hollywood se acordos não forem estabelecidos em breve.

Com Diller sugerindo uma redução de 25% no pagamento dos atores e dos roteiristas mais bem pagos, poderia vir ser uma solução a médio prazo para o problema, já que tornaria possível remunerar melhor os profissionais na base da pirâmide salarial, reduzindo assim a diferença de classe que os separa das celebridades.

Como uma iniciativa de boa-fé, os atores mais bem pagos deveriam ter uma redução de 25% daquilo que recebem para diminuir a diferença entre os que são extremamente bem pagos e aqueles que não são.” – disse Diller.

As queixas dos roteiristas envolvem os vencimentos corroídos pela inflação e também realizam um pedido de proteção contra a concorrência crescente da inteligência artificial. Algo compartilhado pelos atores que buscam regulamentação do uso da IA, e também pedem um aumento nos chamados ganhos residuais, que é compartilhar do retorno financeiro decorrentes de suas participações em filmes e séries.

Possível extensão da greve

Porém, caso as paralisações se prolonguem para além de 2023, Diller acredita avisa:

Não haverá muitos programas para as pessoas assistirem. AS pessoas vão cancelas suas assinaturas nas plataformas de streaming porque não haverá novas demandas, os cinemas não poder exibir reprises sem pagar os devidos royalties aos atores. Haverá uma queda na receita de todas os estúdios de cinema, das redes de TV. E, quando a greve chegar ao fim, não haverá dinheiro disponível para retomar as produções. Haverá efeitos devastadores se isso não for superado em breve.”


Letreiro de Hollywood

Logo de Hollywood (Foto: reprodução/CINE POP)


Motivo da greve, segundo Diller

Para Diller, a principal causa da greve é a falta de confiança entre as classes, afirmando:

O sindicato dos atores diz: ‘Como podem essas 10 pessoas que comandam as companhias ganharem todo esse dinheiro e não nos pagar mais?’ Aí você olha do outro lado e vê que os 10 atores mais bem pagos recebem ainda mais que os executivos do top 10. Provavelmente, quem está no topo está ganhando mais do que deveria, por isso há quem ganha tão pouco.”

Segundo o Los Angeles Times, o ganho anual médio dos roteiristas é em torno de US$ 260 mil, enquanto os produtores executivos no comando dos estúdios e das produtoras recebem uma média de US$ 28 milhões ao ano.

As previsões de Diller ganham certo peso, visto que o empresário sempre foi visto como um visionário dentro da indústria do entretenimento tendo comandado a Paramount Pictures entre os anos 70 e 80. Com o empresário ainda lembrando que a produção em larga escala de filmes e séries é um negócio gigantesco que move a economia ao redor do mundo.

Se outros países seguirem o exemplo dos sindicatos norte-americanos, isso pode vir a significar uma das maiores revoluções artísticas da história, onde se nenhum lado ceder, as perdas podem vir ser devastadoras para todas as partes, não só os produtores e chefes de estúdio mas para atores e roteiristas também.

Até o momento, ainda não houve previsão de um acordo entre os sindicatos de atores e roteiristas com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, sindicato que representa os estúdios.

 

Foto Destaque: manifestação de greve dos atores e roteiristas. Reprodução/TechTudo

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