Crítica: Flow traz frescor, emoção e esperança para os fãs de animação

Ganhador do Globo de Ouro, “Flow” concorre em duas categorias no Oscar de 2025; confira nossa crítica

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Foto destaque: Imagem promocional de “Flow” (reprodução/Mares Filmes | Alpha Filmes)

Flow (2024) é a animação que o mundo do cinema precisa. O longa-metragem animado que está concorrendo em duas categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme Internacional ao lado fervoroso “Ainda Estou Aqui”, já contabiliza 50 prêmios e chegou aos cinemas nesta quinta-feira (20). 

Em uma breve sinopse, a trama de “Flow” acompanha um gatinho de pelos escuros vivendo na floresta com outros animais até que um dia, uma forte correnteza faz com que todos os bichos deixem suas casas em busca de sobreviver. Sozinho, o felino encontra abrigo, ao lado de um grupo de mais peculiares e diferentes, num barco e se juntam nessa jornada até a catástrofe passar.


Trailer oficial de “Flow” (Foto: reprodução/Youtube/@MARESFILMES)


Amizade sem falas

Desde o início desta década para cá, os grandes estúdios de animação provaram o que sabem fazer: gráficos realistas, cenários de cair o queixo e também trazer personagens tão adorados pelo público em continuações. A ideia de Gints Zilbalodis, responsável pela direção e roteiro – ao lado de Matiss Kaza, seguiu na contramão de seus concorrentes.

Em suas completas 1h25, “Flow” utiliza com maestria a falta de diálogos para mostrar a proximidade entre os animais – em seu habitat natural – e o público, os personagens de distintas espécies e os diferentes cenários que os “visitantes” são levados.

Gints aproveita o silêncio como uma carta na manga para cativar o público. Animações sem diálogos não são novidade, como o clássico “Tom e Jerry”, só que nesta atmosfera criada pelo cineasta, o teletransporte é automático para os cenários do conto com o barulho das árvores, miados, latidos 

A trama segue os momentos felizes até os mais tristes, deixando os adultos reflexivos e as crianças deslumbradas com o show de cores e expressividade dos personagens. Sem precisar de grandes artefatos, Gints segue a correnteza sem se estender nas motivações das personagens e explicações momentâneas. 

Técnica deslumbrante

O chamariz para os admiradores desta arte é o grande destaque da animação vencedora do Globo de Ouro em 2025. Diferente de seus concorrentes, “Flow” utilizou o Blender, programa gratuito para modelagem, renderização e pós-produção de conteúdos em 3D, chamando a atenção dos consumidores de animação ao redor do mundo.


Crítica: Flow traz frescor, emoção e esperança para os fãs de animação
O gato, protagonista de “Flow” (reprodução/Mares Filmes)

O lado mais técnico e surpreendente de “Flow” mostra que nem sempre um software super atualizado e visuais ultra realistas garantem que o telespectador compre sua história, salvo casos como “Klaus” e “Homem-Aranha no Aranhaverso”, e mostra o que falta nas animações norte-americanas. Ver novos talentos ousando em seus rabiscos e projetos para serem exibidos nas telonas é um frescor.

Talvez, seguir na contramão seja o escape necessário para o fim da fórmula repetida de continuações e criatividade escassa em Hollywood. Um filme feito com o coração por animadores para os fãs de animação. Uma trajetória encantadora que merece levar a estatueta dourada para casa.

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