Wagner Moura afirma em entrevista: “Eu não quero ser o Che Guevara do cinema”
Wagner Moura reflete sobre sua trajetória, diz não querer ser tratado como símbolo político e destaca que escolhe projetos pelo impacto artístico
Em nova entrevista ao Los Angeles Times, Wagner Moura revisitou os caminhos que moldaram sua carreira no cinema e na televisão. Conhecido por interpretar personagens intensos e frequentemente ligados a debates sociais, o ator reforçou que, apesar de ser atraído por narrativas políticas, não deseja ser visto como um porta-voz ideológico ou como o “Che Guevara do cinema”.
Ao longo de mais de duas décadas de atuação, Moura acumulou papéis que se tornaram marcos da cultura pop e do audiovisual brasileiro. Entre eles, o inesquecível Capitão Nascimento em Tropa de Elite (2007), o narcotraficante Pablo Escobar em Narcos (2015) e o militante Carlos Marighella, no longa homônimo lançado em 2021. A força política desses personagens contribuiu para associar sua imagem a temas sociais complexos — algo que, segundo ele, nunca foi calculado.
Equilíbrio entre narrativa política e liberdade artística
Durante a conversa, o ator destacou que a política, embora seja um componente presente em suas escolhas profissionais, não define sua relação com o cinema.
“Eu me sinto atraído por coisas que são políticas, mas gosto de ser ator mais do que qualquer outra coisa.”.
Sua fala busca separar o interesse pelas narrativas engajadas do desejo de ser percebido como uma figura militante.
Wagner Moura apresentando o The Gothams Film Awards (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Mike Coppola)
Wagner explicou que o que realmente o guia ao aceitar um trabalho é a identificação profunda com o projeto. Para ele, a questão central nunca foi impacto midiático, alcance de público ou visibilidade. Seu principal critério é acreditar artisticamente na obra e no que ela pode provocar. “Só fiz coisas na minha vida com o único propósito de pensar: ‘Isto vai ser ótimo’”, revelou.
Escolhas guiadas pela integridade e não pela ambição
Moura também reforçou que nunca escolheu papéis motivado por dinheiro ou por ambições de status. Ele rejeita a lógica de usar determinado projeto como degrau para outro ou como estratégia para ampliar popularidade.
“Nunca fiz nada por dinheiro ou como um degrau para algo maior, ou porque ‘Ah, este filme vai ser visto por muita gente’.”
Essa postura, que acompanha todo seu percurso, explica por que tantos de seus personagens são densos, desafiadores e carregados de significado. Mais do que buscar holofotes, Wagner Moura parece concentrar sua energia em obras que o provocam como artista e que, muitas vezes, provocam também o público.
Assim, mesmo reconhecendo que sua filmografia se cruza constantemente com a política, o ator afirma com clareza que não quer ser reduzido a um símbolo. Para ele, a arte é o centro de tudo, e é nela que encontra sua verdadeira vocação.
