Ancelotti pode ser o quarto estrangeiro a comandar a Seleção Brasileira

Alexandre de Lima Olmos Por Alexandre de Lima Olmos
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A chegada de Carlo Ancelotti para comandar a seleção brasileira, caso seja confirmada, inicia uma nova era na Canarinha. Após a saída do técnico Tite, ao final da Copa do Mundo 2022, o italiano foi o favorito para assumir o comando da seleção, e sempre demonstrou seu interesse. Para a CBF, a chegada de Ancelotti é questão de tempo, mesmo com alguns detalhes a serem resolvidos.

O treinador italiano não será o primeiro estrangeiro no comando do elenco brasileiro, mas ele vai quebrar uma sequência de quase 60 anos apenas com treinadores brasileiros. A CBF foi fundada em 8 de junho de 1914, e durante sua história, a seleção brasileira contou com 34 treinadores, além de 19 interinos. Entre esses treinadores, 3 deles eram estrangeiros, com o último tendo sido um interino.


Ramón Platero na sua passagem pelo Vasco (Foto: Reprodução/Twitter)


O primeiro estrangeiro a comandar a seleção brasileira foi o uruguaio Ramón Platero, em 1925. Depois de ter sido campeão sul-americano como treinador do Uruguai em 1917, ele passou a comandar o Brasil depois de passagens por Fluminense, Flamengo e Vasco. Enquanto treinava o Vasco, o treinador recebeu a chance de dirigir a seleção brasileiro no Campeonato Sul-Americano de 1925, que aconteceu na Argentina. Esse campeonato eventualmente virou a Copa América.

A ideia inicial era contar com Joaquim Guimarães como técnico da equipe, mas ele ficou como diretor técnico e passou o cargo para Platero. Sua passagem pela seleção durou apenas 19 dias, período em que o campeonato foi disputado, no formato de pontos corridos com turno e returno. O Brasil venceu o Paraguai por 5 a 2 na estreia e voltou a vencer por 3 a 1 no returno, mas perdeu para a Argentina por 4 a 1 e empatou por 2 a 2 no jogo decisivo. Segundo relatos da imprensa na época, o confronto contou com uma briga generalizada e ofensas racistas de torcedores rivais.

Esse episódio levou a protestos na Confederação Brasileira de Desportos (antigo nome da CBF), e por decisão do Palácio do Itamaraty, a seleção ficou de fora das próximas edições, só voltando a disputar em 1937.


Joreca na sua passagem pelo São Paulo (Foto: Reprodução/Twitter)


O segundo estrangeiro foi Jorge Gomes de Lima, também conhecido como Joreca. Nascido em Lisboa, o português foi até o momento o único técnico europeu no comando da seleção brasileira. Antes de estrear como treinador, o mesmo atuou como comentarista de rádio, cursou educação física e foi até árbitro. Seu primeiro trabalho foi a frente do São Paulo, onde ganhou 3 títulos estaduais, o que lhe deu a oportunidade de treinar o Brasil.

Ao lado de Flávio Costa, multicampeão por Flamengo e Vasco, o treinador português comandou a seleção em dois amistosos contra a seleção uruguaia. O primeiro jogo foi em 14 de maio de 1944, com uma vitória por 6 a 1, e o segundo jogo aconteceu em 17 de maio, 3 dias depois, com mais uma vitória, dessa vez por 4 a 0.

Joreca também atuou como lutador de boxe, conquistando duas vitórias, antes de comandar o Corinthians em 1949. Com 52 partidas a frente do alvinegro, esse foi o último trabalho do treinador, que faleceu dois meses após ser demitido do clube, vítima de um ataque cardíaco.


Filpo na sua passagem pelo Palmeiras (Foto: Reprodução/Twitter)


O último estrangeiro foi um interino argentino chamado Filpo Núñez, em 1965. Na época, o treinador da bicampeã mundial era Vicente Feola, mas Filpo foi escolhido pela CBD para um amistoso de inauguração do Mineirão. O adversário era o Uruguai, e para representar o Brasil, foi escolhido o time do Palmeiras, que era comandado pelo argentino. O resultado foi uma vitória por 3 a 0.

O treinador teve uma longa carreira, que começou em 1948 e durou até 1997, quando comandou o Palmeiras no futebol feminino. Ele veio a falecer em 1999, 2 anos após a sua aposentadoria, aos 78 anos. Além de sua carreira, Filpo tem mais uma ligação com o esporte, já que é tio do treinador Eduardo Coudet, que teve passagens recentes pelo Internacional em 2020 e Atlético-MG em 2023.

Em seus anos de carreira, seus títulos mais expressivos foram uma Taça de Portugal pelo Leixões em 1961 e um Torneio Rio-São Paulo pelo Palmeiras, em 1965.

 

Foto destaque: Carlo Ancelotti. Reprodução/Real Madrid

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