No último domingo (15), o clima esquentou entre o atacante Mario Balotelli e Zlatan Ibrahimovic. O sueco criticou publicamente a carreira do atacante italiano, que atualmente está no Adana Demirspor, da Turquia, e foi respondido pelo ex-companheiro dos tempos de Internazionale com publicação em seu Instagram erguendo a taça da Champions, competição que o sueco jamais venceu em seus 24 anos de carreira.
Declaração de Ibra
Ibra, que é conhecido pela sua personalidade autêntica – e por vezes polêmica -, havia participado do evento “Festival Dello Sport”, na Itália, onde um apresentador comparou o italiano ao prodígio português Rafael Leão, com quem jogou no Milan, e pediu para o ex-jogador comentar. “Não vamos brincar com isso. O (Rafael) Leão é um gênio, o único que vê certas coisas. É por isso que Leão está no campo e o Balotelli nas arquibancadas. Ele (Balotelli) teve todas as oportunidades para explorar e mudar o seu futuro, mas perdeu todas“, respondeu na ocasião.
Em resposta, o “Super Mario” publicou em seu story no Instagram uma fotografia segurando a taça da Liga dos Campeões da Europa, maior torneio de clubes do continente e marcou o sueco na publicação.
Em resposta a Ibra, Balotelli rebate declaração do ex-companheiro com provocação em sua rede social. Em seu story do Instagram, publicou foto erguendo a taça da Champions League, que o sueco nunca conquistou em sua carreira (Foto: reprodução/ Intagram/ @mb459)
Ibrahimovic e Balotelli já foram ex-companheiros na época de Internazionale de Milão. O italiano foi revelado pelo Lumezzane, time de Brescia, sua cidade natal, porém jogou apenas duas partidas antes de se transferir para a Inter em 2007, aos 17 anos. Já “Ibrakadabra” veio da Juventus para o clube de Milão em 2006, aos 25 anos, e jogou na equipe até se transferir para o Barcelona de Pep Guardiola em no início da temporada 2009/10, que o deixou sem o título europeu conquistado pela equipe italiana conquistada no fim da mesma temporada. Assim como Ibra, Balotelli também jogou pelo Milan posteriormente, em passagem que marcou o início de seu declínio na carreira.
“Por que sempre eu?”
Mario Balotelli foi considerado uma grande promessa do futebol mundial, o que motivou a comparação com Rafael Leão, eleito aos 23 anos o melhor jogador no último Scudetto (Campeonato Italiano) do Milan, conquistado na temporada 2021/22. Porém, teve uma carreira repleta de altos e baixos por conta de seu comportamento instável.
O jogador subiu ao estrelato do futebol quando se transferiu da Inter para o Manchester City em 2010. Em sua passagem em um City em construção, o italiano marcou 30 gols e distribuiu sete assistências em 80 jogos, sendo peça importante no título inédito da Premier League na temporada 2011/12, primeira liga conquistada pelo City desde a reformulação da liga nacional e a primeira em mais de 40 anos.
Além da assistência para o icônico gol de Agüero na virada contra o Queens Park Rangers com dois gols nos acréscimos do segundo tempo, no jogo do “tudo ou nada” pelo título de 2012, Balotelli, ainda naquela temporada, entrou para história com sua personalidade única.
Em jogo válido pela Premier League dessa temporada, o Manchester City goleou o rival Manchester United por 6 a 1 e Balotelli marcou dois gols na partida. Mas o que repercutiu na imprensa foi sua comemoração, na qual levanta a camisa e mostra mensagem estampada em sua camisa térmica “Why always me?” (“Por que sempre eu?“, em tradução) em resposta aos tablóides e paparazzis que costumavam perseguí-lo e demonstravam bastante interesse na vida agitada do atleta. Às vésperas do derby de Manchester, o jogador havia incendiado sua casa por acidente após uma explosão de fogos de artifício. A resposta às críticas veio dentro de campo.
Comemoração de Balotelli em resposta à imprensa (Foto: reprodução/ AFP/ Andrew Yates)
Na mesma temporada, na Eurocopa de 2012, a imprensa mais uma vez ficou eurfórica com Balotelli, que com dois gols na semifinal contra a Alemanha, derrotou a equipe de Joaquim Löw por 2 a 1, e protagonizou mais uma comemoração icônica, ao tirar a camisa e posar mostrando os músculos. Na final, parou em uma avassaladora Espanha na final em um placar de 4 a 0, mas a performance do jovem de 22 anos foi sensação em toda Europa, sendo o mais jovem dos seis artilheiros, com três gols, ao lado de nomes como Cristiano Ronaldo e do campeão Fernando Torres.
Comemoração de Balotelli contra a Alemanha na Eurocopa de 2012 (Foto: reprodução/ Reuters/ Tony Gentile)
No entanto, a mente de Balotelli sempre foi um desafio maior do que os do futebol em si. Após boa passagem pelo Milan, em 2013 e 2014, o atacante tomou uma decisão que comprometeu sua carreira permanentemente. A transferência para um Liverpool em baixa aliado aos seus problemas internos terminaram em apenas quatro gols em 28 partidas, que o fizeram se transferir para para o Milan novamente, por empréstimo com opção de compra, e posteriormente para o Nice, Olympique de Marselha, Brescia, Monza, Adana Demirspor, Siop e Adana Demirspor novamente.
Balotelli deu indícios de que poderia retomar sua carreira após boa passagem pelo Nice, com 43 gols e três assistências em 76 jogos, que o fizeram retornar à Seleção Italiana em 2018.
Bem quisto como pessoa na maioria dos clubes que passou, o jogador por vezes teve a mão estendida para retomar sua carreira, mas a sua mentalidade, disciplina e comportamento traem a confiança de quem acreditou nele. A estrutura emocional do italiano já fragilizada não conseguiu lidar com os holofotes, polêmicas e também com o racismo sofrido, principalmente, por adversários na Itália e na França.
O fã de futebol lamenta apenas imaginar o que Balotelli poderia ter sido, principalmente por se tratar de um jogador que sempre teve talento para o futebol, porém, precisava de ajuda e, na maioria das vezes, um pouco de paz. No entanto, o jogador já demonstrou que não deixa barato quando tocam em seu nome e Ibrahimovic pôde experimentar um pouco da personalidade excêntrica do italiano.
Foto destaque: Zlatan Ibrahimovic e Mario Balotelli em campo pela Inter de Milão na temporada 2007/08. Reprodução/ Reuters/ Giampiero Sposito.