Se inicia uma nova era sob o comando de Dorival Júnior na seleção brasileira. Nesta quinta-feira (11), em uma entrevista coletiva, a CBF oficializou o ex-técnico do São Paulo como novo treinador da equipe nacional. Se comprometendo até dezembro de 2026. Dorival conduzirá o time rumo à próxima Copa do Mundo, marcando sua estreia em amistosos contra a Inglaterra e Espanha na segunda metade de março.
“Hoje estou aqui representando a seleção mais vencedora do planeta, a que inspira muitos no mundo inteiro. E tem obrigação de voltar a vencer. O futebol brasileiro é muito forte, se reinventa. Não pode passar pelo momento que está passando. Que sirva de lição para que possamos encontrar um novo caminho”, declarou.
Em setembro, o Brasil retorna às Eliminatórias, enfrentando o Equador em casa, seguido de uma visita ao Paraguai. Atualmente ocupando a sexta posição com sete pontos, oito a menos que a Argentina, líder no ranking. Antes desse desafio, os jogadores têm a Copa América pela frente, marcada para junho e julho nos Estados Unidos.
Dorival Júnior destacou a necessidade de formar uma equipe confiável e que inspire credibilidade. E em um segundo momento, convocou todos os profissionais envolvidos com futebol, ressaltando a importância de cada um contribuir com o sucesso da seleção brasileira.
“A partir de agora não é a Seleção do Dorival, é a Seleção do povo brasileiro”, afirmou o treinador.
Dorival Júnior durante coletiva (Foto: reprodução/Pilar Olivares/Reuters/GE)
Trajetória de Dorival Júnior
Nascido em Araraquara, São Paulo, no dia 25 de abril de 1962, ele já atuou como técnico no Figueirense, Fortaleza, Criciúma, Juventude, Sport, Avaí, São Caetano, Cruzeiro, Coritiba, Santos, Vasco, Atlético-MG, Internacional, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, São Paulo, Athletico-PR e Ceará.
Dorival Júnior, aos 61 anos, compartilhou sua jornada, emocionado com a oportunidade à frente da Seleção. Após superar um câncer, ele deixou sua marca como treinador em clubes como Ceará, Flamengo e São Paulo. Nos últimos dois anos, celebrou três conquistas: duas Copas do Brasil e uma Libertadores.
Confira os principais títulos conquistados pelo treinador
- 1 Libertadores (2022)
- 3 Copas do Brasil (2010, 2022 e 2023)
- 1 Recopa Sul-Americana (2011)
- 2 Paulistas (2010 e 2016)
- 2 Paranaenses (2008 e 2020)
- 1 Gaúcho (2012)
- 1 Pernambucano (2006)
- 1 Catarinense (2004)
- 1 Brasileirão Série B (2009)
Momento da seleção brasileira
Durante a entrevista, Dorival Júnior reconheceu o desafiador momento da seleção brasileira, e enfatizou a crença na reversão rápida da situação. Aberto a observações e colaborações, ele destacou a ausência de culpados ou interferências, enfocando a necessidade coletiva de buscar soluções para recolocar futebol brasileiro em um patamar de grandeza.
O treinador expressou sua satisfação e prazer ao falar sobre seu contato com o presidente Ednaldo no final de semana. Ao ser questionado sobre a instabilidade política na CBF, ele respondeu que evita falar sobre esses assuntos, afirmando ter a confiança do presidente para conduzir seu trabalho. Comprometido em preparar a equipe, vencer jogos e alcançar sucesso na próxima Copa do Mundo, Dorival destacou sua convicção na conquista dos objetivos da seleção brasileira.
Saída do São Paulo
“Eu tinha meu contrato no São Paulo, todos os jogadores contratados foram com a concordância da diretoria. Nós montamos o São Paulo para que o treinador que chegar faça o que bem entender. São jogadores versáteis para termos elenco enxuto em condição de poder abastecer toda e qualquer situação”, disse.
Estilo de Jogo
Dorival Júnior destacou sua abordagem flexível em relação aos sistemas táticos, enfatizando sua preferência por adaptações às características da equipe disponível. Afirmou que rejeita a rigidez dos números e sistemas pré-estabelecidos, priorizando a defesa com o maior número possível de jogadores. E reconheceu a importância do encaixe tático fundamental, especialmente ao lidar com as particularidades de uma seleção em comparação com clubes.
O treinador demonstrou tranquilidade ao abordar sua trajetória, ressaltando sua capacidade de adaptação a diferentes clubes. Ele refletiu sobre suas experiências em equipes como o Figueirense, Juventude, Santos, Flamengo e São Paulo, destacando a diversidade tática de cada uma.
“[…] minha primeira equipe, o Figueirense, depois a quarta equipe, o Juventude, a décima equipe, que foi o Santos de 2010, a penúltima o Flamengo, a última o São Paulo. Todas jogavam de uma forma diferente. Então esse ‘feijão com arroz’ tinha sempre um tempero diferente de cada estado […]”.
Mudanças
Em determinado momento da coletiva, Dorival foi perguntado em relação a convocação e, ele destacou que a transformação na Seleção não se resume apenas a mudanças de nomes, mas sim a uma evolução emocional e postural. O técnico enfatizou a importância de os jogadores compreenderem a responsabilidade de vestir a camisa do Brasil, que é uma referência global.
Além disso, Dorival assegurou que manterá uma abordagem imparcial nas convocações, enfatizando que a condição de um jogador, como Thiago Silva, determinará sua oportunidade. Destacou a importância do equilíbrio e consciência na escolha dos atletas, reconhecendo a possibilidade de cometer erros ao não convocar alguns, mas prometendo priorizar aqueles em melhores condições no momento.
“Às vezes temos uma referência lá fora, que passa a ser muito melhor que o Campeonato Brasileiro, mas temos que repensar isso. Às vezes o nosso campeonato é muito mais difícil do que muitos lá fora. Se preparem, vou contar com muitos jogadores que estejam aqui dentro. Não tenho dúvidas, desde que tenham merecimento para uma convocação. Vou tentar fazer o máximo para que não erre, quer esteja na Inglaterra, Itália, Portugal e aqui dentro. Eles têm que saber que disputam um dos campeonatos mais difíceis e disputados do mundo”, respondeu o ex-treinador do São Paulo ao ser questionado sobre os nomes que estarão presentes em suas convocações.
Expectativa com a Seleção
Dorival Júnior compartilhou sua reação ao convite para treinar a seleção brasileira, mencionando que seu nome foi ventilado algumas vezes sem se concretizar. Ao receber a chamada desta vez, ele destacou a mudança de perspectiva, considerando o convite como um sonho e objetivo. Ele também esclareceu que não deixou o São Paulo por troca, mas sim por responder a um chamado, enfatizando que nenhum profissional consciente recusaria essa oportunidade.
Dorival Júnior e Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF (Foto: reprodução/Pilar Olivares/Reuters/GE)
O comandante da Seleção elogiou o trabalho de Tite, destacando sua contribuição à equipe. Reconhecendo a falta de sucesso nas últimas Copas, ele enfatizou a importância de enaltecer o esforço do antecessor. Dorival acredita que Tite buscou uma maior aproximação com os torcedores e apela à participação ativa da imprensa e sugestões da comunidade para transformar a Seleção em verdadeiramente “a Seleção do povo brasileiro”. Ele expressou a necessidade de superar divisões, convocando todos a somar esforços para restaurar o carinho e amor pela seleção nacional.
“A recuperação da confiança vai acontecer com treinamentos, com jogos, vitórias. Temos que trazer o torcedor para mais perto da seleção. É um trabalho de formiguinha, que queremos de todos vocês”, declarou.
O técnico destacou a necessidade de o Brasil aprender a jogar sem o Neymar, que está lesionado. Ressaltou a qualidade do elenco, incluindo um dos três maiores jogadores do mundo, e expressa confiança na recuperação do camisa 10. Dorival afirmou não ter problemas com o jogador e considera desproporcional a repercussão de uma situação anterior. Ele finalizou destacando a dinâmica do futebol, onde situações podem mudar rapidamente, comparando o céu e o inferno estando a um palmo de distância.
Convocação para a Copa América durante o Brasileirão
Dorival Júnior compartilhou sua experiência de lidar com a perda de jogadores importantes durante sua passagem pelo Santos, em 2016, enfrentando desafios como a convocação de atletas para Olímpiadas e Copa América. Apesar de sofrer com a situação, ele destacou a importância de equilibrar as necessidades da seleção com os interesses dos clubes. Expressou empatia ao reconhecer que essas decisões são fáceis, agora que ele mesmo está na posição oposta, considerando o ponto de vista dos treinadores dos clubes.
Foto Destaque: Dorival Júnior e Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF (Reprodução/Pilar Olivares/Reuters/GE)