Em decisão polêmica, a World Athletics, organização responsável por gerir o atletismo mundialmente, anunciou nesta quinta-feira (23), que está vetada a participação de atletas transgênero na categoria feminina em eventos internacionais. A medida entra em vigor a partir do dia 31 de março, e vale para atletas que fizeram a transição de gênero depois de passar pela puberdade.
Sebastian Coe, presidente da associação, afirmou que a decisão poderá ser revista futuramente, e que a medida teria sido tomada com o intuito de “proteger a categoria feminina”.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”en” dir=”ltr”>The World Athletics Council has made a number of important decisions regarding the future participation of the Russian and Belarusian Member Federations in athletics, and the eligibility regulations for athletes who are transgender or who have Differences of Sexual Development.</p>— World Athletics (@WorldAthletics) <a href=”https://twitter.com/WorldAthletics/status/1638954688677552142?ref_src=twsrc%5Etfw”>March 23, 2023</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Decisão da entidade exclui atletas trans de participarem de campeonatos internacionais. (Reprodução/Twitter/@worldathletics)
“Decisões que envolvam necessidades e direitos conflitantes entre grupos distintos são sempre difíceis. Continuaremos com a visão de que devemos manter a justiça para as atletas femininas acima de todas as outras considerações. Vamos nos guiar pela ciência no tocante à performance física e à vantagem masculina que, inevitavelmente, se desenvolverá nos próximos anos. Conforme mais evidências forem aparecendo, vamos revisar nossa posição, mas acreditamos que a integridade da categoria feminina no atletismo é fundamental.” Falou Coe.
Também foi anunciado que a entidade responsável criará um ‘Grupo de Trabalho’ que por 12 meses que analisará a questão da temática com maior profundidade. Além de um presidente independente, esse grupo contaria com mais três ‘Membros do Conselho’, dois atletas da ‘Comissão de Atletas’, um atleta transgênero, três representantes das ‘Federações Membros’ e representantes do ‘Departamento Mundial de Saúde e Ciência do Atletismo’.
O objetivo do grupo será consultar especificamente atletas transgêneros para obter suas opiniões sobre como competir no atletismo, encomendar novas pesquisas e apresentar recomendações ao Conselho.
Bicampeã Olímpica, Caster Semenya é uma atleta intersexo que foi proibida de competir (Reprodução: WEB/rio2016)
O caso de atletas DSD (com diferenças no desenvolvimento sexual) também foi considerado pela World Athletics. O Conselho votou pela redução na quantidade de testosterona no sangue permitida nestes casos, para que as taxas hormonais se equiparem as das outras mulheres. Atletas – como a sul-africana Caster Semenya -, precisarão diminuir o nível de testosterona, ficando assim por dois anos para voltarem a competir internacionalmente no feminino.
O tema em questão vem ganhando muito espaço no cenário público, e atualmente está sempre envolto em muitas polêmicas, o assunto divide opiniões e beira os limites da transfobia e do preconceito. Vale ressaltar ainda que, por mais recente que seja a questão dos atletas trans num todo, isso jamais seria justificativa para pautas discriminatórias e de preconceito de gênero.
O que se espera, é que a entidade analise os dados obtidos através do novo conselho, e como um todo, consiga criar formas práticas de incluir essas atletas de volta a modalidade a qual pertencem.
Foto destaque: Medidas valerão a partir de 31 de março. Reprodução/GETTY.