Um grupo de atletas iranianos enviaram uma carta à Fifa pedindo a exclusão de sua seleção do torneio, o motivo do pedido seria por entender que a Federação fortalece a opressão e a segregação das mulheres no esporte. O advogado responsável pelo caso é Juan Dios Crespo, que já representou Neymar e Messi em outras ocasiões.
A defesa do movimento alega que a federação local está seguindo e impondo diretrizes governamentais que vai de encontro com uma organização independente e livre de qualquer influência. Ali Daei, maior ídolo do futebol iraniano, é um dos apoiadores do pedido e vem sofrendo represálias por conta de seu posicionamento. Recentemente, o jogador teve seu passaporte confiscado após chegar de uma viagem da Turquia.
Grandes nomes do futebol iraniano estão apoiando a carta, como Hossein Mahini, Aref Gholami, Ali Karimi e Ali Daei, sendo o último o segundo maior artilheiro do futebol de seleções de todos os tempos. A posição deles perante a situação lhes renderam prisões, assédio e ameaças do governo.
O documento ainda diz que se a Fifa entender que o governo não possui influência na decisão de mulheres não poderem frequentar estádios, a Federação do Irã é a responsável por não respeitar os direitos humanos. “As mulheres têm sido constantemente negadas a ter acesso a estádios em todo o país sistematicamente excluídas do ecossistema do futebol no Irã, o que contrasta fortemente com os valores e estatutos da Fifa’’, diz um trecho do comunicado.
Em agosto, as mulheres iranianas puderam assistir a um jogo da primeira divisão do campeonato local após mais de 40 anos. Em janeiro deste ano, após quase três anos, puderam assistir pela primeira vez uma partida da seleção do Irã, o jogo era válido pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, contra o Iraque.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”fa” dir=”rtl”>۱) بعد از دو سال راه اندازی کمپین <a href=”https://twitter.com/hashtag/%D8%AA%D8%AD%D8%B1%DB%8C%D9%85_%D9%88%D8%B1%D8%B2%D8%B4?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw”>#تحریم_ورزش</a> حکومتی طالبانی، اکنون میتوانم اعلام کنم امروز مهمترین قدم برای اخراج جمهوری اسلامی از جام جهانی قطر برداشته شد. ابتدا با همکاری ورزشکاران ایرانی و اکنون یاری گروهی از برجسته ترین وکلای بین المللی بصورت رسمی و از مسیر قانونی دادخواست <a href=”https://t.co/ciyTbRFK6c”>pic.twitter.com/ciyTbRFK6c</a></p>— Masih Alinejad (@AlinejadMasih) <a href=”https://twitter.com/AlinejadMasih/status/1582763231323774977?ref_src=twsrc%5Etfw”>October 19, 2022</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
O pedido oficial para a exclusão do Irã da Copa do Mundo (Foto: Reprodução/Twitter)
Confira o pedido de exclusão completo
Um grupo de personalidades do futebol e esportes iranianos anuncia que, com a orientação e colaboração do escritório de advocacia Ruiz-Huerta & Crespo (Valência, Espanha), um pedido formal foi enviado ao Conselho da FIFA e seu presidente, Gianni Infantino, para suspender a Associação Iraniana de Futebol, Federação Islâmica de Futebol da República do Irã, com efeito imediato e, portanto, proibi-los efetivamente de participar da próxima Copa do Mundo, a partir de 20 de novembro de 2022.
A brutalidade e a beligerância do Irã em relação a seu próprio povo chegou a um ponto de inflexão, exigindo uma desassociação inequívoca e firme do mundo do futebol e do esporte. A abstinência histórica da FIFA em relação aos conflitos políticos tem sido muitas vezes tolerada apenas quando essas situações não se encontram na esfera do futebol. A situação das mulheres no Irã é profundamente desagradável no quadro político e socioeconômico mais amplo. Tragicamente, os mesmos males e injustiças são perpetuados dentro da esfera do futebol, significando efetivamente que o futebol, que deveria ser um lugar seguro para todos, não é um espaço seguro para as mulheres ou mesmo para os homens. As mulheres têm sido constantemente negadas a ter acesso a estádios em todo o país e sistematicamente excluídas do ecossistema do futebol no Irã, o que contrasta fortemente com os valores e estatutos da FIFA.
Se as mulheres não podem entrar nos estádios em todo o país, a Federação Iraniana de Futebol está simplesmente seguindo e impondo diretrizes governamentais; elas não podem ser vistas como uma organização INDEPENDENTE e livre de qualquer forma ou tipo de influência. Isto é uma violação do (Artigo 19) dos estatutos da FIFA. Esta disposição foi, no passado, a premissa para a suspensão de associações de futebol como a FA do Kuwait, a FA da Índia e até mesmo a Federação Iraniana no passado. A situação no Irã não é diferente do governo de um país que exige que a Associação de Futebol imponha uma proibição de estádios a pessoas de uma determinada raça ou etnia. Não é diferente de um governo que exige que uma associação membro mude a regra de impedimento em todas as ligas do país. Nesses outros casos, a FIFA provavelmente se moveria rapidamente para suspender tais associações membros, especialmente na segunda situação hipotética relativa às “Leis do jogo”. A Federação Iraniana de Futebol claramente carece de autonomia para aplicar os Estatutos da FIFA pela carta, seus Regulamentos e, o mais importante, seus valores caros.
Se, entretanto, a FIFA pensa que a Associação Iraniana de Futebol não está sob a influência de seu governo, e está agindo unicamente como uma organização independente, então proibir todas as mulheres de entrar nos estádios e participar da Copa do Mundo viola os Artigos 3 e 4 dos Estatutos da FIFA (a FIFA respeitará e protegerá os direitos humanos reconhecidos internacionalmente). Pelo artigo 16 dos mesmos Estatutos, o Conselho da FIFA está estatutariamente habilitado a tomar medidas drásticas e imediatas contra eles. O Conselho da FIFA pode e deve suspender imediatamente o Irã.
A FIFA deve escolher um lado. A neutralidade da FIFA não é uma opção, dado que a FA iraniana não tem sido neutra, mas tem sido mobilizada para fortalecer a opressão e a exclusão sistemática das mulheres no ecossistema esportivo. Além das mulheres, o governo iraniano também abafou as vozes de vários atletas no país e impediu seus direitos de falar diante do mal em exibição. Jogadores da equipe nacional como Hossein Mahini, Aref Gholami e ex-jogadores proeminentes como Ali Karimi e Ali Daei, foram alvo de prisão, assédio ou ameaças do governo. Chegou a hora de a FIFA agir; basta.
Foto Destaque: Protestos contra o governo iraniano. Reprodução/Twitter