A levantadora Fabíola é mãe de Andressa, de 15 anos, e da pequena Annah Vitória, que nasceu dois meses antes das Olimpíadas Rio 2016. Ela diz que a gravidez “antes do previsto”, o estresse causado pelo parto normal, a corrida para entrar em forma e a amamentação suspensa, são lembranças fortes. Fabíola relata que na gravidez da caçula teve apoio do time Volero, da Suíça, que tinha acabado de assinar contrato. “Administrei da melhor forma possível”, declara Fabíola sobre a maternidade durante as Olimpíadas.
“Hoje a mulher atleta consegue se planejar melhor, principalmente quando está há mais tempo no mesmo time. Fica mais fácil combinar com a equipe. Mas, quando tive a Andressa não tive nenhum suporte”, afirma a atleta.
Fabíola e Annah Vitória/ Fonte: Fotojump
Para a jogadora, a parte mais tensa foi o parto, que precisava ser normal para dar tempo da recuperação física, e a amamentação, que foi interrompida enquanto esteve na Vila Olímpica.
“É difícil ficar uma temporada sem jogar, sem receber salário. E por isso algumas atletas acabam jogando mais para frente esse sonho. Meu desejo é que todos os times dessem ao menos uma chance para nós de ter uma temporada para engravidar. E que fosse respeitado o desejo da mulher, se quer ter filho no início, no meio ou no final de carreira.”
A central Fabiana é mãe de Asaf, de 10 meses, e diz que sempre quis ser mãe. Ela lamenta ter abdicado dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, adiados para 2021 devido a pandemia da Covid-19, para engravidar. Afirma que as atletas deveriam ter uma política de apoio tanto dos clubes quanto das entidades esportivas para a fase da gravidez e no retorno às quadras, se essa for a vontade da mulher. “Mesmo as mulheres que conseguem planejar, querem voltar a jogar. É o meu caso. Eu amo estar em quadra. Consegui voltar e fico muito feliz com isso”.
Fabiana não teve auxílio de nenhum clube quando estava grávida. “Consegui me planejar financeiramente porque sabia que não ia ter apoio do clube. Ninguém quer fechar contrato. Não existe isso quando engravidamos ou quando queremos engravidar. E quando voltamos, o salário é drasticamente inferior. Temos de correr atrás para que na temporada seguinte sejamos valorizadas.”
Fabiana Marcelino Claudino Bicampeã Olímpica (Foto: Reprodução/Lance)
A central diz que Luizomar de Moura é um treinador compreensível com as mães do time e que sabe que “nem todo emprego, mesmo fora do esporte, é assim”. Fabiana conta empolgada que pretende ter mais um filho e conclui: “Ainda estou correndo atrás da minha melhor forma física. Mas não sei se conseguiria conciliar minha vida com a seleção… só sentindo na prática. Sou muito grudada no meu filho, não tenho babá por opção e quero ficar assim.”
Foto destaque: Fotojump