Nelsinho Piquet fala dos bastidores da polêmica que custou o título de Felipe Massa

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
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A revelação feita pelo ex-chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, de que a FIA tinha ciência sobre a batida proposital de Nelsinho Piquet no GP de Singapura em 2008, é o assunto mais quente do automobilismo no momento.

O principal prejudicado pela manipulação do resultado, o brasileiro Felipe Massa, deu declarações à imprensa informando avaliar a possibilidade de pedir a anulação da corrida, o que lhe garantiria o título mundial de pilotos de 2008.

Agora, contudo, quem resolveu falar sobre o assunto foi o piloto Nelsinho Piquet, que na ocasião disputou o campeonato pela Renault. As declarações foram feitas no podcast Pelas Pistas, que apresenta ao lado do também piloto Christian Fittipaldi e do comentarista Thiago Alves. Na conversa esteve presente também o comentarista Reginaldo Leme, que revelou o caso em transmissão ao vivo, ainda em 2009.

Segundo Nelsinho, o então presidente da Renault Flavio Briatore e o diretor de engenharia da equipe Pat Symonds usaram de coerção psicológica e ameaçaram o futuro do piloto na Formula 1 para convencê-lo a participar do complô. Para ele, a chegada de Alonso à equipe após desentendimentos com Hamilton no ano anterior na McLaren, tornaram sua posição na Renault ainda mais difícil, pois todos os esforços da equipe foram revertidos em prol do espanhol.

“Em 2007, os dois pilotos da equipe (Renault) eram Kovalainen e Fisichella, um piloto novato e um piloto que estava no final da carreira dele, mas que queria continuar tendo resultados, então ele queria treinar. Foi o ano em que os treinos diminuíram 80%, então não sobram muitos treinos para mim. Para tornar minha situação mais difícil um pouquinho, o Alonso teve o atrito dele na McLaren em 2007 com o Hamilton e aí, em 2008, quando eu fui pro carro, eles trocaram. Ia ser eu e o Kovalainen, mas botaram ele no lugar do Alonso na McLaren e o Alonso veio andar comigo. O Alonso, se ele anda hoje em dia, imagina 15 anos atrás? Ele estava com a faca nos dentes, tinha acabado de ser duas vezes campeão do mundo e voltou querendo abraçar o mundo e chacoalhar, né? E eu era um piloto novato, não tinha treinado, e não sabia exatamente o que eu iria enfrentar”, afirmou o piloto ao explicar o contexto no qual entrou para a categoria mais importante do automobilismo mundial.

Segundo o piloto, Briatore aproveitou de sua fragilidade emocional e falta de apoio dentro da equipe para ameaçar seu futuro na equipe. “A única pessoa mais próxima de mim era o meu treinador, o Gabrielli, que até hoje é meu amigo, família praticamente, que era a única pessoa que eu podia conversar e tentar amenizar as grosserias do Flavio. A pressão do Flavio era muito grande para cima de mim. Até que chegou naquele final de semana e resumindo a história, me colocaram psicologicamente contra a parede e eu não tive como, sabe?”.

“Por mais que tenha sido traumatizante e ainda é – muita gente não entende, julga – eu não fiz isso para afetar uma pessoa diretamente, foi uma ordem da equipe para ajudar alguém dentro da nossa equipe, não foi para atrapalhar o Felipe. A gente não sabe o que iria acontecer, entendeu? O Felipe poderia muito bem ter vencido aquela corrida se não tivesse dado errado no pit stop”, afirma.

No podcast, que foi ao ar ontem (11/04) no canal oficial do YouTube, Nelsinho fala ainda mais sobre o assunto, revelando também como o episódio quase acabou com sua paixão pelo automobilismo.

Foto Destaque: Reprodução

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