Bahia, Bragantino, Ceará, Corinthians, Cuiabá, Internacional e Palmeiras, equipes da elite do futebol brasileiro, incluíram em seus contratos com funcionários e jogadores, cláusulas específicas para combater atos de racismo. As punições vão desde multa até demissão. Além de visar conter atitudes racistas, a medida é uma maneira das equipes se protegerem juridicamente em situações de discriminação. O levantamento foi feito pelo GE (Globo Esporte) com as 20 equipes da Série A.
Além disso, as equipes afirmaram ter dispositivos contra xenofobia e homofobia. Flamengo, Fluminense, Grêmio, Juventude e Santos confirmaram, sem especificar, possuir cláusulas que preveem punição à atitudes que desrespeitem seus códigos de conduta. Já o Atlético-GO afirmou não ter esse tipo de cláusula. O Atlético-MG não quis participar do levantamento, enquanto América-MG, Athletico-PR, Chapecoense, Fortaleza, Sport e São Paulo sequer responderam aos questionamentos.
Para o fundador e diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial, Marcelo Carvalho, a implantação da cláusula é efetiva contra o racismo se for cumprida pelos clubes.
“Sei de vários clubes que têm previsão para se o cara fizer algo que prejudique a imagem, mas são poucos casos que a gente vê algo acontecer. É importante demais que isso tenha nos contratos e que o clube faça cumprir”, afirmou Carvalho, que disse ainda ser necessária uma ampliação.
Celsinho e companheiros comemoram gol com gesto antirracista. O Brusque teve sua pena amenizada pelo STJD nesta quinta-feira (18). (Foto: Divulgação/Londrina)
“Por exemplo, se um jogador ofende o outro de “cachopa de abelha” (em referência ao cabelo black) como vimos no caso do Celsinho será que ele entende que é racismo? Será que a justiça vai entender como racismo? Porque senão fica “não, não cometi ato racista, foi uma piada”. Efetivo é o clube levar para dentro de suas dependências cursos sobre racismo, e envolver jogadores, torcedores, conselheiros, sócios, organizadas. Aí a gente começa o debate mais amplo”, concluiu ele.
O Bahia foi um dos primeiros clubes a divulgar a inclusão da cláusula antirracista em seus contratos. A medida foi tomada após um atleta de seu elenco, Índio Ramirez, ser acusado de injúria racial por Gerson, ex-Flamengo, em uma partida do Brasileirão de 2020. O atleta chegou a ser afastado por um período, mas foi reintegrado, segundo o clube, por não haver elementos que comprovassem as ofensas. Segundo o vice-presidente do clube, Vitor Ferraz, os contratos feitos pelo Bahia já tinham regras mais amplas, mas o caso entre Gerson e Ramirez criou um alerta.
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Todos os 20 clubes ouvidos pela GE afirmaram realizar algum tipo de ação contra a discriminação, como palestras, conscientização através de uniformes e campanhas educativas. Além de parceria com entidades de combates ao preconceito.
Foto destaque: Taison comemora gol contra o Grêmio com punho cerrado. Divulgação Inter/Ricardo Duarte