Desafio tático: o enigma de Mbappé e as implicações no Real Madrid

Alanis Zamengo Por Alanis Zamengo
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Foto destaque: Kylian Mbappé durante jogo do PSG (reprodução/Instagram/@k.mbappe)

O Barcelona entra em campo nesta quarta-feira (10), em uma batalha nas quartas de final da Champions League, marcada para às 16h (horário de Brasília). Seu desafio é conter Kyllian Mbappé, uma missão que promete se repetir nas próximas temporadas, quando o prodígio francês possivelmente se juntar ao rival Real Madrid. Enquanto o Barcelona lida com a tarefa de conter o jogador na partida contra o Paris Saint-Germain, os rumores sobre seu destino futuro continuam a pairar sobre o Santiago Bernabéu. No entanto, há uma grande incógnita sobre qual função o jogador desempenhará no ataque do Real Madrid, caso a transferência se concretize.

Nos últimos dois anos, a imprensa francesa destacou que a preferência de Kylian Mbappé é evitar jogar como centroavante. Entretanto, a temporada atual tem apresentado uma reviravolta nessa concepção. Dos 40 jogos disputados, quase metade ele atuou de forma centralizada no ataque, não como um centroavante clássico ou uma referência fixa. Durante a temporada 2023/24, Mbappé tem experimentado diferentes arranjos táticos, incluindo formações de dupla de ataque, como a que compartilhou com Gonçalo Ramo e Kolo Muani.

Versatilidade em campo

Kylian Mbappé tem mostrado eficácia em diferentes posições no ataque. Em 23 jogos atuando como atacante centralizado, o craque francês registrou 24 gols marcados e seis assistências. Por sua vez, na ponta-esquerda, teoricamente sua posição preferida, acumulou 15 gols e duas assistências em 15 partidas. Surpreendentemente, as médias de participação em gols são muito próximas, sendo 1,30 por jogo como centroavante e 1,13 como ponta-esquerda.

Nos dois jogos que disputou pela seleção francesa em 2023 e 2024, Mbappé foi escalado para atuar pela ponta, enquanto nomes como Thuram, Giroud e Muani ocupavam posições mais centralizadas. Em 11 partidas, o atacante contribuiu com 10 gols e oito assistências, alcançando a média de 1,63 participações em gols por jogo.


Kylian Mbappé em jogo do Paris Saint-Germain (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Flexibilidade de Ancelotti

Na última terça-feira (09), durante o empate em 3 a 3 entre Real Madrid e Manchester City, Carlo Ancelotti fez mudanças táticas significativas. Na partida pela Champions League, o técnico decidiu inverter as posições de Rodrygo e Vinicius Júnior. Rodrygo, que geralmente atua centralizado e despende parte do tempo desempenhando funções de meio-campista, foi deslocado para a ponta-esquerda. Enquanto Vini Jr., tradicionalmente fixado na ponta, foi reposicionado para jogar mais centralizado.

“Durante a semana, ele falou que eu ia jogar pela esquerda, e a gente é mais acostumado com o Vini ali. Hoje foi ao contrário, ele por dentro e entre zagueiro e lateral, e eu mais aberto na ponta. Foi uma surpresa, mas ele foi muito bem, acho que o plano encaixou perfeitamente, a gente criou muito perigo ali e poderíamos ter matado o jogo. Tivemos boas oportunidades”, afirmou Rodrygo à TNT Sports.


Vini Jr. e Rodrygo comemorando gol em Real Madrid x Manchester City, nas quartas de final da Champions League (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Disponibilidade a mudanças

No ano passado, por diversas vezes, Rodrygo foi improvisado como centroavante, uma posição que o levou a enfrentar um período de escassez de gols. O jogador chegou a admitir que não se sentia confortável nessa função, expressando sua preferência pelo papel que desempenha atualmente. No entanto, apesar das dificuldades, o camisa 11 demonstrou confiança nas ideias do treinador. Essa relação de respeito e confiança entre jogador e técnico foi fundamental para superar os desafios e buscar soluções eficazes.

É este tipo de relação que se espera ser construída entre Carlo Ancelotti e Kylian Mbappé. Assim como Rodrygo, Mbappé poderá enfrentar momentos de adaptação e mudanças de posição, exigindo uma comunicação aberta e um entendimento mútuo entre as partes.

Caso o francês manter sua preferência por atuar na ponta-esquerda, ele enfrentará uma competição acirrada com Vini Jr., um jogador de destaque do Real Madrid.

Se Kylian Mbappé optar por ocupar o centro do ataque, a dinâmica do Real sofrerá algumas mudanças. Com Mbappé atuando como referência, tanto Rodrygo quanto Bellingham se beneficiarão de uma maior liberdade de movimento e versatilidade tática. Rodrygo, que não é um centroavante clássico, poderá explorar espaços pelo meio campo, contribuindo com sua habilidade de criar jogadas e sua visão de jogo. Enquanto isso, Bellingham, conhecido por sua mobilidade e capacidade de atuar em diferentes posições, terá liberdade de recuar para ajudar na construção do jogo ou avançar para a área em momentos de oportunidade.

A chegada de Endrick em julho promete acrescentar mais uma peça valiosa ao quebra-cabeça tático do Real Madrid. No Palmeiras, o jovem de 17 anos demonstrou sua versatilidade ao se revezar em todas as funções do ataque, desde ponta até a posição de referência. Embora o jogador precise subir na hierarquia do clube espanhol, sua habilidade teórica para substituir qualquer um de seus futuros companheiros de equipe pode ser um triunfo decisivo para ganhar minutos no Santiago Bernabéu.

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