Nesta terça-feira (05), no primeiro pronunciamento desde o embate acalorado no MorumBIS, Leila Pereira, presidente do Palmeiras, quebrou o silêncio para abordar as controvérsias e insultos provenientes da diretoria do São Paulo após o empate de 1 a 1 no último domingo, pelo Paulistão.
Durante uma entrevista ao Globo Esporte, a presidente expressou sua indignação diante dos eventos recentes e revelou estar explorando com seus advogados a viabilidade de restringir a presença do diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, nos jogos do Palmeiras como mandante.
“Vi o vídeo horrível do senhor Carlos Belmonte xingando o nosso treinador e acho que tudo na vida a gente tem que refletir primeiro antes de falar. Por isso que estou aqui hoje, com a cabeça fria, dizendo que espero que as autoridades tenham uma atitude exemplar, punindo Belmonte para que isso não aconteça novamente. Vou conversar com meus advogados que eu gostaria até que ele não fosse mais no Allianz. É uma persona non grata nos nossos ambientes. Temos que coibir essa violência insana, e nós como dirigentes temos que ser os primeiros a levantar essa bandeira”
Leila Pereira
Leila Pereira também expressou sua revolta com todo o ocorrido recente de forma violenta e enfatizou a importância da punição como meio de coibir esse comportamento, começando pelos dirigentes. Ela criticou a atitude de incitar violência para agradar torcida, ressaltando que isso afeta não apenas o São Paulo, mas outros clubes. A presidente reiterou sua determinação em não tolerar agressões físicas ou verbais contra os profissionais do Palmeiras.
Tentativa de paz
O mais recente incidente entre os clubes marca o fim de uma tentativa de reconciliação liderada por Leila Pereira e Júlio Casares, presidente do São Paulo, no ano passado. Ambos os dirigentes se envolveram publicamente na promoção da paz, chegando até mesmo a trocar estádios em demonstração de boa vontade.
Ao longo do ano de 2023, houve duas ocasiões em que o Palmeiras atuou no MorumBIS, enquanto o São Paulo jogou no Allianz Parque durante as quartas de final do Paulistão. A rivalidade em confrontos eliminatórios se evidenciou e, de acordo com Leila, revelou uma rivalidade institucional por parte do Tricolor.
“A rivalidade é só dentro de campo, ou deveria ser. Com todos os outros clubes a rivalidade é dentro de campo e não pode deixar que isso transborde para fora porque é perigoso. Fora de campo tem que exigir respeito. Da minha parte, a rivalidade continua dentro de campo. Eu tenho profundo respeito por todo torcedor, todos os jogos que vou no Morumbi, torcedores do São Paulo me param para tirar foto”
Leila Pereira
A presidente destacou que o futebol é uma forma de entretenimento e deve ser uma atividade familiar. Ela argumenta que a rivalidade deve ser controlada, e isso começa com o respeito mútuo entre os clubes. Leila criticou a postura agressiva do São Paulo e a inconsistência entre palavras e ações dos dirigentes. Ainda acrescentou que o sucesso no futebol moderno não está mais ligado a comportamentos ultrapassados de dirigentes autoritários, mas sim a uma gestão responsável e respeitosa.
O Palmeiras divulgou uma nota na última segunda-feira (04), onde afirmou que os ataques direcionados a Abel Ferreira foram considerados xenofóbicos e desrespeitosos. Leila Pereira, por sua vez, opina que tais ataques foram motivados por inveja por parte do São Paulo.
“No fundo eu acho que tudo é despeito, inveja do trabalho ímpar do Abel aqui no Brasil. Tenho orgulho imenso, poder contar com o Abel por tanto tempo, vou ser candidata à reeleição e se for reeleita meu trabalho vai ser manter o Abel até o último dia do meu mandato. Está totalmente adaptado, tem uma ligação muito forte conosco. Atacar gratuitamente um treinador…Se acham que o Abel está procedendo de uma forma que acham que não seja correta com arbitragem, a arbitragem que tem que dizer”
Leila Pereira
De acordo com Leila Pereira, Júlio Casares não entrou em contato com ela desde que os problemas ocorreram. Ela afirmou que não é sua responsabilidade procurar o presidente do São Paulo, pois foi desrespeitada na casa dele. A presidente espera que ele a contate e faça um pedido público de desculpas, além de se comprometer a evitar que incidentes semelhantes ocorram no futuro.
Resposta do São Paulo
Após ser procurado pela Globo, o São Paulo emitiu um comunicado assinado pelo presidente Júlio Casares.
“Carlos Belmonte não é xenofóbico. Conversei com ele sobre o assunto, e ele me explicou que, de cabeça quente após os erros de arbitragem na partida, usou a nacionalidade do treinador como forma de identificação, e não qualificação. E, ele destacou que naquele momento, o próprio treinador não estava no local.
Lamento que em 2022 a presidente Leila Pereira não pensou de forma inclusiva e em promover a paz nos estádios. Na ocasião, após o término da final do Paulistão, não houve qualquer comoção ou pedido de desculpas da instituição sobre o ato homofóbico em relação ao São Paulo Futebol Clube.
Dirigentes, técnicos, jogadores e demais pessoas envolvidas no futebol não devem agir com violência. Repudio quem maltrata jornalista retirando seu instrumento de trabalho das mãos, quem chuta microfone, quem peita jogador do time adversário mesmo não sendo atleta. Enfim, temos todos juntos de trabalhar para combater esse tipo de situação, tanto dentro como fora de campo.
Respeito ao adversário também deve ser dado com boas instalações em seu estádio próprio, condições para jornalistas trabalharem e segurança. Sempre recebemos bem a Leila, como ela mesma diz, no MorumBIS. Mas não podemos dizer o mesmo do São Paulo no Allianz. Já tivemos diversos incidentes com nossos profissionais por lá. Não podemos viver como dirigentes do passado, mas não podemos deixar de ter o amor por nosso time do coração.”