O anúncio de Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira coincidiu com um novo episódio turbulento dentro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Nesta mesma semana, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo por determinação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ele é acusado de adulterar documentos relacionados à eleição que garantiu sua permanência na presidência em 2022.
Repercussão internacional
Essa não é a primeira vez que Ednaldo é destituído da função. Em dezembro de 2023, ele já havia sido afastado, mas conseguiu reassumir o comando da CBF após obter uma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF), no início de 2024.
Com seu novo afastamento, quem assume temporariamente a presidência é Fernando Sarney, atual vice-presidente, cuja missão será organizar novas eleições para a entidade.
A troca na liderança da CBF ocorre pouco antes da convocação para os amistosos contra o Japão, marcados para o próximo mês, e teve grande repercussão na mídia internacional.
O jornal esportivo The Athletic, vinculado ao The New York Times, fez críticas à situação. Em tom irônico, classificou o cenário com a frase: “O Brasil é uma bagunça disfuncional. Boa sorte, Ancelotti”.
Segundo a publicação, a seleção se tornou refém de um “psicodrama contínuo”, resultado do “caos estrutural” da CBF, e o novo técnico chega ao cargo em meio a escândalos e instabilidade política.
Em sua análise, o The Athletic citou problemas como estádios vazios, campos malcuidados, arbitragem fraca e a ausência de um projeto tático consistente, além de uma atmosfera de desânimo generalizado.
Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF (Foto: reprodução/Buda Mendes/Getty Images Embed)
Críticas à gestão
O jornal também ironizou uma declaração antiga de Ednaldo, que havia chamado a negociação com Ancelotti de “estratégica”. A matéria afirma que “mil palavras poderiam descrever essa busca, mas ‘estratégica’ não é uma delas”, destacando a demora para concretizar a chegada do técnico.
A matéria ainda critica a indefinição na equipe brasileira, mencionando que, a apenas um ano da próxima Copa do Mundo, não há um time consolidado e apenas dois ou três nomes são unanimidades no elenco.
O futuro de Neymar na equipe também é alvo de questionamento. Em processo de recuperação de lesão, o jogador é descrito como uma figura de influência ainda central, apesar de sua participação reduzida nos clubes.
O jornal pondera que, mesmo que ainda possa contribuir, sua presença gera dúvidas sobre o rumo da renovação da Seleção. “Ancelotti terá que decidir se mantém Neymar como pilar ou se rompe com essa dependência”, afirma o texto.
A notícia sobre o afastamento de também repercutiu em outros países. Na Argentina, o jornal Olé apontou a situação como mais um capítulo da crise na CBF, ressaltando as tensões internas entre os dirigentes.
A publicação lembrou que Fernando Sarney, agora no comando interino, era opositor de Ednaldo e não participou da chapa vencedora na eleição por aclamação realizada em março de 2023.
O jornal espanhol AS também destacou o clima de instabilidade, descrevendo a situação como inesperada em uma semana que prometia ser tranquila após a confirmação de Carlo Ancelotti como técnico da seleção.