Paralimpíadas 2024: abertura traz conceito reflexivo e desfile de 168 delegações

A abertura das paraolimpíadas 2024 foi marcada por apresentações emocionantes e reflexivas com conceitos da sociedade e a importância da inclusão de PCD's

Thalita Gombio Por Thalita Gombio
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Foto destaque: Abertura oficial dos Jogos Paralímpicos Paris 2024 (reprodução/Instagram/@timebrasil/Alessandra Cabral e Douglas Magno/CPB)

A cerimônia de abertura das Paralimpíadas aconteceu hoje (28), às 15 horas (horário de Brasília), na Place de la Concorde, a maior praça da Capital Francesa.

Começou com uma apresentação de dançarinos e pianistas e o conceito “Paradox”, que buscou retratar como a sociedade trata a integração com pessoas com deficiência.

O espetáculo muito bem sincronizado trouxe pessoas distribuídas no palco com roupas pretas retratando 140 pessoas rígidas e 16 dançarinos PCD com roupas coloridas que representam liberdade e modernidade. Ao fim da apresentação, todos se integraram e dançaram juntos.

Segundo o coreógrafo sueco Alexsander Ekman, responsável pela coreografia da abertura, Paris buscou promover um momento reflexivo e a discussão sobre inclusão de pessoas com deficiência:

“Ao longo deste projeto, fiquei intrigado e aprendi muito sobre os problemas sociais que persistem em nossa sociedade sobre a questão da deficiência. Espero que esta cerimônia faça a diferença para todos nós. Espero que tenha como objetivo normalizar todos os corpos e se torne um acelerador para a inclusão e acessibilidade em todo o mundo”, comentou.


Apresentação inicial da abertura dos Jogos Paralímpicos (vídeo: reprodução/x/@Paris2024)


O nadador paralímpico e apresentador de TV francês, Théo Curin, também abriu o evento chegando em um carro todo decorado com os mascotes Friges paralímpicos, guiando outros atletas até a praça.

Desfile das delegações

Apesar de ser a primeira a se apresentar nos Jogos Olímpicos, por ser o berço da competição, a Grécia não fez a abertura do desfile por não ter criado os Jogos Paralímpicos.

A apresentação das delegações na praça seguiu por ordem alfabética começando pelo Afeganistão e seguindo por países como Brasil, Chile, Dinamarca, Egito e mais 163.

A entrada do Brasil foi uma das mais agitadas e empolgantes, contando com grande quantidade de pessoas e atletas no desfile. Na cerimônia deste ano, apenas a Coreia do Sul se apresentou, não estando presentes atletas da Coreia do Norte.


Entrada da delegação brasileira (foto: reprodução/X/@BraParalimpico)


Os países: Guiné-Bissau, Macedônia do Norte, Suriname e Zâmbia não tiveram atletas no desfile e foram representados por voluntários, além disso, o Time Paralímpico de Refugiados esteve presente na parada das nações.

 A Austrália, os EUA e o Reino Unido (país responsável pela criação dos Jogos Paralímpicos) foram os últimos países a desfilarem e a França encerrou a entrada de todas as delegações.

No total, 4400 atletas estão presentes nas Paralimpíadas de Paris 2024. Esse número é 11 vezes maior do que a quantidade de atletas da primeira Paralimpíada, realizada no ano de 1960 em Roma, Itália.

Celebração à inclusão

A cerimônia seguiu ao som de “Que Je T’Aime” de Johnny Hallyday, seguida por “Emmenez Moi” de Charles Aznavour e “Champs-Élysées” de Joe Dassin, com a condução DJ Myd e emoção do público presente que soltou a voz.

Yannick Noah que foi um dos ídolos do tênis e campeão em Roland Garros, desfilou na parada das nações representando a seleção francesa masculina de tênis.

O evento transmitiu um filme que deu voz a diversas pessoas com deficiência, destacando suas trajetórias e narrando a maneira como lidam com suas dificuldades e em como encontraram novas formas para confiar em seu corpo e ter orgulho, além de destacar a importância da criatividade e apoio do próximo.

O cantor francês Lucky Love, que possui deficiência nos membros superiores, apresentou “My Ability” com uma performance de dançarinos. A orquestra sinfônica tocou o instrumental do hino francês “La Marseillaise”, abrindo o momento para os discursos.

O presidente do Comitê Organizador das Paralimpíadas, Tony Estanguet inicia o discurso com a frase “Bem-vindo à terra do amor e da revolução” e segue:

“Esta noite começa a mais bela revolução: a revolução paralímpica. Esta noite, os revolucionários são vocês, queridos atletas. Dos nossos ancestrais ao frígio, você tem coragem e audácia. […] Revolucionários de todo o mundo, vocês têm coragem e determinação”. “Como eles, você está lutando por uma causa que é maior que você. Mas suas armas são o desempenho, completa.

Andrew Parsons, que é brasileiro e presidente do Comitê Paralímpico Internacional fez um pedido de “revolução de inclusão” e comparou o evento à Revolução Francesa quando se fala em impacto social. Ele destacou a importância da liberdade, igualdade e fraternidade, defendendo que o esporte deve unir o mundo em um cenário de conflito e exclusão.

O Presidente da França, Emmanuel Macron, fez o discurso de abertura oficial dos Jogos Paralímpicos 2024 para dar início a competição.

Performance dos esportes

A coreografia “Sportographie” destacou 22 esportes em uma apresentação emocionante e perfeitamente sincronizada com jogo de luzes e um som melancolico e teve ainda a participação do dançarino sul-africano Musa Motha que foi finalista do “America’s Got Talent” e é amputado da perna esquerda. 

O ensaio da equipe durou cerca de 80 dias e foi feito por um coreógrafo deficiente. 

A apresentação teve diversos recursos cenográficos que enriqueceram a performance tornando-a um dos momentos mais marcantes da cerimônia.

Bandeira e juramento

A bandeira foi levada ao palco pelo medalhista britânico e primeiro astronauta deficiente, John McFall que foi acompanhado pelo velejador francês, Damien Seguin e ao som do hino paralímpico (Hino do Futuro) logo foi hasteada por oficiais franceses.

O juramento foi realizado logo após e vídeos retratam o percurso realizado no revezamento da tocha paralímpica que começou em Stoke, no Reino Unido, em 24 de agosto até chegar à Place de la Concorde.


Juramento oficial com a bandeira das paralimpíadas hasteada (foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


A chama foi dividida em 12 partes que representam os 12 dias de competição.

Sébastien Tellier se apresentou com “La Ritournelle”, enquanto um show de luzes de Thomas Dechandon encantou o público.

Revezamento da tocha na cerimônia e encerramento

A chama paralímpica teve a participação de 12 atletas, sendo 6 homens e 6 mulheres, que levaram as tochas até o caldeirão com mais 150 dançarinos, acompanhando com coreografias ao som do bolero de ravel.

Foi passada pelo nadador olímpico Florent Manaudou ao tenista de cadeira de rodas, Michaël Jeremiasz e foca na conexão entre o olimpismo e o paralimpismo com integração entre os atletas. Jeremiasz entregou a chama para Bebê Vio, para-esgrimista e recordista de medalhas que repassou para Oksana Masters, atleta para-remista.

Perto da chama, Markus Rehm repassou para a francesa Assia El Hannouni que percorreu um bom caminho até entregar para o para-esgrimista Christian Lachaud, recordista em medalhas e que passou para outra recordista paralímpica, a para-nadadora Beatrice Hess.

Hess entrega a chama nas mãos dos porta-bandeiras, representando a nova geração de para-atletas. Por fim, Alexis Hanquinquant, Nantenin Keita, Charles-Antoine Kouakou, Elodie Lorandi e Fabien Lamirault, acendem a pira paralímpica, completando o ritual de início dos jogos. A chama foi acendida as 18h35min, oficializando a abertura dos jogos paralímpicos 2024.


Atletas franceses acendem chama paralímpica oficialmente (foto: reprodução/Franck Fife/AFP/Getty Images Embed)


Ao som de “Born to be Alive” de Patrick Hernandez, Christine and the Queens encerrou a cerimônia com muita festa e simbolismo de união e inclusão.

Amanhã (29), o Brasil já disputará os primeiros jogos nas modalidades: Tiro com arco, Natação, Bocha e Goalball. Os jogos paralímpicos encerram no dia 8 de setembro.

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