Raphinha colocou lenha na fogueira do clássico entre Brasil e Argentina ao prometer “porrada” nos rivais em entrevista a Romário. A declaração do astro do Barcelona antes do duelo das Eliminatórias em Buenos Aires não passou despercebida: o jornal espanhol Marca trouxe o caso em editorial, traçando um polêmico paralelo com as situações vividas por Vinicius Junior no futebol europeu.

O jornalista Javier Amaro foi incisivo em sua análise: “Quando Lamine Yamal ri de Van der Vaart por criticá-lo, é ‘maturidade precoce’. Quando Raphinha diz que vai dar porrada na Argentina, é ‘ressentimento saudável’. Mas se Vini Jr diz algo parecido, vira ‘provocador’, ‘valentão’ ou ‘mau exemplo'”. A crítica explícita ao tratamento diferenciado dado aos atletas acendeu o debate nas redes sociais às vésperas do confronto no Monumental de Núñez.
Clássico chega com clima de guerra e histórico desfavorável ao Brasil
O duelo desta terça-feira (21h, horário de Brasília) representa mais do que três pontos nas Eliminatórias – é uma chance de o Brasil (3º) se reerguer após campanha irregular. Com sete pontos a menos que a líder Argentina, a Seleção precisa quebrar um jejum preocupante: desde 2019 não vence os rivais, sequência que inclui a derrota na final da Copa América-2021.

A postura combativa de Raphinha reflete a mudança de perfil da equipe brasileira pós-Copa do Qatar. Enquanto na Argentina o jornal Olé mobilizou a torcida com a manchete “Vocês já sabem o que deve ser feito”, no Brasil cresce a expectativa para ver se o discurso inflamado do atacante se converterá em desempenho em campo.
Duplo padrão? O debate que transcende o futebol
A análise do Marca vai além das quatro linhas, questionando padrões narrativos no tratamento de jogadores. “Espero que não aconteça nada no Monumental, mas rir das piadas de quem inflama um clima já acalorado não é boa ideia”, alertou Amaro, igualando a situação de Raphinha à de Vinicius.
O caso expõe uma contradição do futebol moderno: enquanto alguns jogadores são celebrados por sua “paixão”, outros são crucificados por gestos similares. Raphinha, que assumiu o protagonismo na Seleção na ausência de Neymar, agora vive seu primeiro grande teste como figura central – dentro e fora de campo em um dos clássicos mais acirrados do planeta. Seu desempenho pode silenciar críticos ou alimentar ainda mais a polêmica.