Exclusivo: Luísa Sonza explora seus sentimentos, sonhos e pesadelos em “Escândalo Íntimo”

Ramon Baratella Por Ramon Baratella
13 min de leitura

Luísa Sonza está de volta na cena musical e com ela seu terceiro álbum, “Escândalo Íntimo”, lançado nesta terça-feira (29), com 18 faixas inéditas disponíveis nas plataformas de áudio. O In Magazine foi convidado para comparecer no encontro de jornalistas, comandado pela Foquinha e conferir de pertinho todo o universo criado pela cantora nesta nova “Era”.

Como o projeto nasceu

Luísa afirma que, após terminar o bem sucedido “Doce 22”, já pensava no que iria trazer em seu próximo disco e sempre teve vontade de fazer algo de longa duração. Mesmo com o processo de criação de um álbum sendo longo, ela diz que durante os ensaios do Rock in Rio, do ano passado, já estava pensando como seria seu terceiro projeto, mas enquanto a vida profissional crescia, a pessoal estava “estrupiada”.

A ideia inicial era trazer uma história aos ouvintes que giraria em torno de um relacionamento amoroso, desde o início com flertes, primeiros contatos, até o final dele, com a separação dos personagens e a hora de seguir em frente.

Eu gosto dessa coisa de historinha”, foi aí que a representação do amor surgiu, baseado nas fases que um casal passa. Montando o roteiro, ela percebeu que a melhor forma de traduzir era separando o disco em blocos, ou seja, quatro atos, o primeiro com a personagem principal curtindo a vida de solteira, o segundo quando ela se apaixona, o terceiro envolvendo uma briga e o quarto – o encerramento – sendo a superação.


Foquinha e Luisa Sonza durante a coletiva de imprensa de “Escândalo Íntimo”. (foto: divulgação/Ramon Baratella) 


Afunilando o projeto, a cantora foi trazendo as expectativas que você coloca no outro quando está se apaixonando, colocando em um pedestal, um endeusamento que não lhe pertence, pois a pessoa tem seus defeitos e os  próprios conflitos internos. Foi nesse processo que ela notou que, do começo ao fim, você está sozinho e que as músicas falavam sobre um relacionamento tóxico com alguém, mas também, com ela mesma.

Fui entendendo que [o relacionamento] era comigo mesma, que era com o meu subconsciente, independente de colocar expectativa nos outros, era como eu reagia a todos os sonhos, quanto me afetava e como eu me deixava filtrar pelas inseguranças e transformar isso em sonhos e me sentir culpada”, declarou.

Para trazer o “Escândalo Íntimo” à vida, sua equipe usou de base alguns filmes de terror, alguns deles sendo da produtora A24 e também um lugar que remetesse à vida pessoal da cantora, a fazenda, fazendo alusão a sua vivência no interior do Rio Grande do Sul. É nela que são ambientados os visuais que seguem os sonhos, pesadelos e traumas.

A produção também teria que acompanhar essa ideia do imaginário, mas o que não faltavam eram referências sonoras, porém o desafio era “como mixar e transformar elas em algo que não virasse um Frankenstein ou em uma coisa esquisita”. Ela se juntou a Douglas Moda, um dos produtores do disco, para estudar cada ritmo, como o sertanejo, o jazz, o blues e também o rock, principalmente o brasileiro, com influências que vão desde os Beatles até Rita Lee.

As músicas

Com o bate-papo rolando, a cantora afirma que serão apresentadas apenas 18 faixas e assim como em “Doce 22”, o restante das músicas estarão bloqueadas para serem lançadas no futuro e completando a tracklist do disco, sendo uma delas um interlúdio de um áudio real enviado por Luísa após um término.

O álbum abre com uma introdução que serve para a ambientação do ouvinte, como se estivéssemos em um filme da década de 30 com toques de jazz e uma mistura de sintetizadores adentrando seu subconsciente. “Carnificina” chega com dois pés na porta envolvidas em um solo de guitarra e aqui, a artista está em sua pele de diva do pop, aquela que conhecemos como a “braba”, pela sua imponência, coragem, forte presença e uma característica importantíssima, a “armadura”.

Para fazer carinho, eu mordo. Pode amar, eu viro o olho”, ela reserva este bloco para fazer uma crítica a indústria fonográfica, principalmente sobre ser uma artista pop, que precisa trazer essa imagem do ser perfeito e intocável que precisa se provar a todo momento, ao mesmo tempo que essa “capa” é necessária. Outro destaque vai para “Luísa Manequim”, ainda com a ambientação retrô em seus primeiros minutos e com um ar mais brasileiro, aqui ela traz a questão do ego e auto-estima de forma satirizada, com uma imagem de vida perfeita na fama com o mundo inteiro girando em sua volta, “Nada novo sob o Sol, todo dia, tudo igual”.

Seguindo para a segunda parte, Luísa retoma a metáfora da armadura, onde vemos sua personagem se despindo e mostrando seus sentimentos. “Ela ta muito endurecida, mas está apaixonada, ainda se recusando, muito fechada, muito bloqueada emocionalmente”, detalha.

A primeira participação especial vem na faixa “Romance em Cena”, com Marina Sena, que representa aquele momento onde contamos para nossa amiga: “ apaixonada!”. “Campo de Morango” marca sua presença trazendo um lado mais carnal e logo depois “Surreal” – com Baco Exu do Blues – e “Iguaria”, que são os destaques do disco. Até que chegamos em “Chico” – que leva o nome de seu namorado, Chico Veiga. A música foi revelada na setlist de sua apresentação no The Town e representa uma paixão intensa por alguém. Em cada música ela vai tirando peça por peça para que possamos nos conectar com seus sentimentos mais profundos.


Clipe oficial de “Campo de Morango”. (vídeo: reprodução/Youtube @LuisaSonza)


A linha narrativa se mostra bem tranquila até então, para encerrar esse ato vem “Sagrado Profano”, faixa que traz a parceria de KayBlack e o trecho “Sagrado amor profano impuro amor profundo”. Tudo certo entre o casal, até que acontece a primeira briga entre eles e dá o tom para o terceiro ato, mesmo com nossos personagens tentando se reatar, percebem que estão em um ambiente tóxico e marcado pelo ciúme.

Muitos relacionamentos acabam sendo marcados pelo caos e foi nisso que Sonza se direcionou, e “La Muerte” abre o bloco. Nela temos a personagem tomando consciência de que aquela pessoa não fazia bem a ela, “essa é a penúltima vez que eu te mando embora”, diz um dos trechos.

Mesmo com raiva, “O amor tem dessas” traz o stress e a fúria que são a única forma de se desgrudar do amor tóxico e após os momentos eufóricos vem “Onde É Que Deu Errado”, desta vez mais racional e entrando a melancolia de perceber que algo chegou ao fim e se questionando se tudo o que eles viveram tem que ser jogado fora. Por último temos “Outra Vez”, é a que nos leva para aquela memória de “um relacionamento que já está muito longe, mas e a última lembrança de carinho, de troca […] Para mim essa música me destroça em tantos cantos, é muito especial”, afirma Luísa.

Para os curiosos de plantão, a tão aguardada “Penhasco 2” faz parte deste bloco e foi descrita pela própria como o triunfo do álbum, além de contar com os vocais de Demi Lovato. Com todos sentados no quarto de Hotel, ela comenta um pouco dos bastidores da composição da faixa, o mais inusitado é que ela foi escrita durante a energia caótica do carnaval e em meio a folia, a cantora pediu para suas amigas e compositoras que a ajudassem por seus sentimentos para fora.

Jenni Mosello, uma das pessoas por trás das letras do projeto, esteve do lado de Luísa em seus momentos de crise e afirma que esta é a primeira vez que a viu por completo e que a artista se abriu, mostrando a parte sincera e vulnerável que não conhecia até então, mas só foi possível por ela se sentir segura com quem estava ao seu redor, onde conseguiria se expor sem julgamento.

O quarto bloco, podemos dizer que este é o clímax da história, aqui acontece a primeira crise de ansiedade da personagem na música “Principalmente Me Sinto Arrasada” e somos apresentados as suas inseguranças e medos, mas chegou a hora de se levantar, seguir em frente e encarar tudo o que não foi resolvido até então.

A sequência final fica por conta de “Ana Maria” – com participação de Duda Beat, “Lança Menina” e “Não Sou Demais”, esta traz essa dualidade entre o endeusamento dos artistas que uma hora está no topo e num piscar de olhos pode cair aos olhos do público. “Eu cheguei à conclusão que o sucesso e o fracasso são iguais, os dois são impostores. Tem momentos que as pessoas vão me amar e outros que vão me odiar”, declara.

A última faixa ainda é uma surpresa e também teremos uma bônus track para concluir esse conto que não tem um vilão ou um herói, e sim, uma jornada de autoconhecimento e a luta de você consigo mesmo.

The Town

As novidades não param por aí, para acompanhar o lançamento de seu terceiro álbum, Luísa Sonza se prepara para seu show na primeira edição no The Town, que acontecerá no dia 3 de setembro.

Diferente da turnê “Doce 22”, essa trará uma nova estética e uma nova set list que amarraram a ideia de trazer a dualidade entre o sagrado e o profano, o bem e o mal, e também uma coreografia remetendo ao purgatório.

A cantora fez uma publicação em seu Instagram e em sua apresentação contará com as músicas do novo disco, mesmo recém-lançadas, e também com as músicas clássicas que o público já conhece como “Anaconda”, “Mulher do Ano” e “Café da Manhã”.

Com novas tecnologias, outra roupagem, com canções melancólicas e outras energéticas, a era “Escândalo Íntimo” tem tudo para ser um enorme acerto para a música pop no mercado brasileiro.

Foto destaque: Luisa Sonza na capa de “Escândalo Íntimo” (foto: divulgação/Instagram @Luisasonza)

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