Um estudo publicado na revista BMJ Sexual & Reproductive Health, uma das mais influentes e conceituadas revistas sobre medicina no mundo, apontou que muitos modelos de absorventes absorvem um volume muito menor do que indicam, e isso se deve a um motivo: as empresas não utilizam sangue nas testagens de seus produtos.
A maioria dos testes são feitos com água ou solução salina, que é composta de água, sal e bicarbonato. E isso, segundo Bethany Samuelson Bannow, pesquisadora da Oregon Health and Science University (EUA) e líder do estudo, gerou uma diferença entre a rotulagem dos absorventes e o resultado de suas absorções: “Descobrimos que a rotulagem da capacidade do produto estava em desacordo com os nossos resultados – a maioria relatou capacidade maior do que a encontrada nos nossos testes”, disse.
A importância de se testar absorventes com sangue
Este tipo de estudo se mostra necessário por questões de mercado, mas também por motivos de saúde. Os consumidores precisam saber exatamente o nível de absorção do produto que estão adquirindo, e o método utilizado para fazer esta medição, portanto, não está sendo eficaz.
Tipos de absorventes. Imagem: reprodução/Arte G1
Além disso, o sangramento excessivo é o motivo que mais leva pessoas ao ginecologista. Até pouco tempo, a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) utilizava o nível de eficácia de um absorvente como parâmetro para saber se uma mulher estava ou não com sangramento mais intenso que o normal. Sendo assim, isso pode ter levado muitas mulheres a tratamentos desnecessários, como o que ocorreu na Holanda, em 2003, em um estudo que avaliou que, de 226 mulheres que alegaram hemorragia, apenas 34% delas realmente tinham o problema.
Saiba por que absorventes não são testados com sangue
A testagem com sangue não ocorre simplesmente porque não há essa exigência dos órgãos reguladores no Brasil. Os absorventes não estão na lista de produtos com regras de eficácia a serem fiscalizados pela Anvisa ou pelo Inmetro.
Foto destaque: Absorvente menstrual. Imagem: burin kul por Pixabay.