Adidas Samba concretiza o fim do reinado predominante da Nike  

Queda brusca nas ações, demissões e críticas permeiam o 2024 da gigante esportiva

Bianca P. Athaide Por Bianca P. Athaide
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Foto destaque: Nike enfrenta série de problemas em 2024 (Reprodução/depositphotos.com/Thamkc)

O dia 19 de setembro deste ano sacramentou os desastres da péssima maré de sorte que leva por avalanche a tradicional do esporte Nike, quando o novo CEO Elliott Hill assumiu o cargo. Com uma derradeira de problemas internos e uma crescente nas críticas por parte dos consumidores de falta de inovação e aumento dos preços, a grande multinacional batalha para contornar a queda das vendas e correr atrás dos concorrente principal deles, a alemã Adidas.


Nike luta contra concorrentes em 2024 (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Em contrapartida ao afogamento da Nike, marcas, antes menores e com menos visibilidade, como On, New Balance e Asics conquistaram o olhar público, principalmente através das redes sociais, e muitas de suas peças se encontram esgotadas após a coroação com os títulos de tendências do momento. E por falar em super tendência, a mais arrebatadora em termos de desejo de consumo e hiperfixação do mainstream cai no colo, justamente, da sua maior rival no mercado, Adidas. Com um case de sucesso, a alemã reinventou seus modelos clássicos como potência de estilo e transformou o Samba no maior pesadelo do Air Force 1.

O domínio do Samba

Com a linha Originals, a Adidas vem a alguns anos reformulando e relançando seus maiores clássicos, e ao analisar seu principal triunfo, o Adidas Samba, fica evidente que a empreitada teve sucesso. Através de pequenas colaborações e relançamentos sazonais da silhueta, em combinação com trends nas redes sociais, o sneaker conquistou seu lugar ao sol e se consagrou, em 2024, como o queridinho de fashionistas do mundo inteiro.


Adidas Samba e linha Originals desbanca concorrentes (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


A cartada de mestre da gigante alemã foi o redirecionamento de massas, através do investimento pesado em campanhas publicitárias, para outros modelos tradicionais, além do Samba. Em pouco tempo, mais silhuetas nostálgicas (Gazelle, Spezial e Campus 00s) dominavam o imaginário dos consumidores, virando praticamente itens de necessidade para a maioria dos jovens, assim, triplicando vendas e esgotando em minutos. Um estudo realizado pelo Business of Fashion comprovou que no último ano o sucesso do Samba ultrapassou o número de buscas dominado pela Nike no universo dos sneakers desde do lançamento do Jordan 1, em 1985.

As falhas da Nike

Além de uma queda notável na qualidade dos produtos, muitos clientes se afastaram da marca pela simples falta de identificação. Desde a pandemia, o agora ex-presidente, John Donahoe, tentou emplacar dentro da Nike um movimento de campanhas esteticamente e estrategicamente menos elaboradas e apostou em relançamentos constantes, gerando assim uma quantidade massiva de variações dos clássicos, por fim  saturando os clientes. Para além disso, um aumento nos valores acabou por assustar consumidores mais jovens, com menos renda, afastando ainda mais o grande público, que não faz parte do mercado de colecionadores de sneakers.


Nike luta contra concorrentes em 2024 (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


O conjunto desastroso da obra refletiu gravemente nos números da empresa: em julho, as ações da Nike despencaram 19% e o prejuízo contabilizado foi de US$ 28 bilhões, resultando no pior momento da marca desde que entrou no mercado financeiro, em 1980.

Especialistas afirmam que a empresa precisa urgentemente apostar em trazer novidades ao catálogo e, talvez, incorporar o valor estético (e de qualidade) dos calçados clássicos da marca.