Alessandro Michele assume diretoria criativa e presidente da Valentino diz ser o fim do Quiet Luxury

Vitoria Raminelli Por Vitoria Raminelli
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Foto destaque: Desfile ''Love Parade'' da Gucci, produzido por Alessaandro Michele (Reprodução; foto: Emily Malan)

No último mês, a Valentino surpreendeu ao anunciar a nomeação de Alessandro Michele como seu novo diretor criativo, que segundo o presidente internacional das casas Valentino, Rachid Mohamed Rachid, o início de um “novo capítulo” estaria sendo marcado para a icônica grife italiana. Alessandro que ficou ao longo de oito anos na direção criativa da Gucci, levou a marca a outros patamares com uma estética maximalista e genderless, abrindo uma possível mudança de direção para Valentino, longe dos minimalistas e monocromáticos designs feitos por seu antecessor, Pierpaolo Piccioli. Sendo conhecido fortemente por trazer a tendência do “quiet luxury”, para os grandes desfiles da marca.


Desfile ”Love Parade” por Alessandro Michele para Gucci (Reprodução: Instagram/@voguerunway)

Presidente da Valentino diz ser o fim do luxo minimalista

Em entrevista à Bloomberg TV Rachid disse: “Sabemos que nos últimos anos o ‘quiet luxury’ prevaleceu. Acredito que, assim como muitas outras tendências no mundo da moda, esta esteja quase no fim’”, ele ainda complementou sua opinião falando sobre as cores e o estilo extravagante: ”vão voltar em grande estilo e estamos nos preparando para isso”.

Uma observação crucial é que, dada a vasta experiência financeira de Rachid, proveniente de seu mandato como ministro do Comércio e Indústria do Egito, a contratação de Michele pela Valentino não só representa uma nova era na moda, mas também sugere uma estratégia voltada para o aumento de lucros da marca. Visto que, ao comando de Michele, Gucci teve um alcance para as novas gerações e até colaborações com outras marcas, as vendas praticamente triplicaram entre 2015 e 2019.

Quiet Luxury

É uma tendência na moda que muitos levam como um estilo de vida. Representando uma abordagem refinada e discreta ao luxo, onde a elegância se expressa através de detalhes sutis, materiais de alta qualidade e exclusividade em relação ao maximalismo. Em vez de ostentação, o foco está na sofisticação discreta, passando uma estética de senso de refinamento e bom gosto.

A reputação de Pierpaolo Piccioli na moda, por exemplo, é marcada pela sua habilidade em criar coleções que exalam elegância e apresentam uma paleta de cores sutis sem muitas divergências. Um exemplo notável foi o lançamento de uma coleção outono-inverno há dois anos, em que todas as peças eram vibrantes em tons de rosa choque. Já em seu mais recente desfile na Semana da Moda de Paris, Piccioli surpreendeu ao apresentar mais de 60 looks, todos em preto, destacando uma variedade de estilos, desde vestidos bordados até vestidos de renda transparente. Neste ponto, fica evidente que não se trata apenas da cor específica, mas sim da consistência e da coerência mantidas ao longo das coleções.


Primeiro desfile de Alta Costura por Pierpaolo Piccioli para Valentino (Reprodução: Instagram/@voguerunway)

Para Rachid Mohamed o cenário continua desafiador para os produtos de luxo. Ele compartilha que, no início do ano, as expectativas apontavam para um crescimento modesto de 2% a 4% nos mercados de luxo, porém, agora, ele prevê uma estagnação, considerando a estabilidade na Europa e nos Estados Unidos, enquanto a demanda na China permanece fraca. Apesar disso, Rachid da sinais positivos de uma possível recuperação na segunda metade do ano, especialmente com indicativos de melhora econômica na China.

Redatora de moda e cultura
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